Anúncio Superior

sábado, 31 de outubro de 2009

Generosidade no dia de Finados

Lí no blog do Azenha e reproduzo iluminismo do jornalista Jeferson Melo.

“E aí vocês vão compreender porque a figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas nesse país, já não decide mais”. A aguda simplicidade da frase do presidente Lula, dirigida aos jornalistas que cobriam um evento em São Paulo, guarda uma verdade complexa e diz respeito à série de mudanças que atingem e redefinem, numa velocidade espantosa, o modo como se opera a comunicação social nesse início de século.

A constatação que os ditos formadores de opinião perderam importância mexeu com os brios da “mídia” brasileira, principalmente por expor um fato amplamente comprovado. Os “formadores de opinião” alcançaram alguma importância no início da década de 90, mas hoje, quase 20 anos depois, se tornaram irrelevantes. O próprio presidente Lula e sua popularidade estratosférica são o melhor exemplo da verdade contida no enunciado.

Assim como estabilizou sua aprovação popular na casa dos 80%, o presidente alcançou a unanimidade entre os articulistas, editorialistas, colunistas, comentaristas, pauteiros e até entre editores e repórteres da chamada grande imprensa. Quase todos, diariamente, se dedicam a atacar, distorcer e criticar negativamente todos os atos e ações do governo. E quando isso não é possível, a solução recorrente é a omissão dos fatos. E, mesmo assim, não se altera a percepção dos brasileiros.

A estratégia das empresas de comunicação brasileiras é adotada no momento em que o acesso à internet se expande e se consolida no país. Nesse meio, um turbilhão de informações está disponível ao cidadão, que pode ter acesso à fonte primária da notícia, além de opiniões distintas e variadas sobre qualquer tema de interesse. Gratuitamente. Os jornais, ao contrário, editorializaram a notícia e eliminaram a diversidade de opinião. Nos veículos brasileiros, independente de quem assina, o conteúdo pertence à mesma matriz ideológica. Uma ladainha monótona, com conclusão previamente conhecida. Não comporta análises, nem reflexões. É dispensável.

A última pesquisa Ibope Nilesen On Line mostra que 64,8 milhões de brasileiros já acessam a internet. Concomitantemente, o país registra a maior mobilidade social de sua história, com mais de 30 milhões ingressando na classe média. Gente que passou a consumir bens e produtos, entre os quais, a informação. E não é informação de jornal, porque estes registram retrações históricas de vendas, chegam aos números de tiragens de jornal de bairro. Também não é a informação veiculada nos velhos telejornais, que perdem o monopólio da audiência.

A lenda em torno do poder dos formadores de opinião ganhou corpo na década de 90, quando ainda vigorava a chamada “teoria da pedra no lago”, que recorria à imagem para comprovar que uma opinião emitida por determinada pessoa ou veículo se difundia através de ondas concêntricas para atingir parcela significativa da população. Com os blogs, sites, portais, páginas de relacionamentos, grupos sociais pendurados na internet, a água do lago perdeu a serenidade.

Receptores se transformaram em emissores. O lago é apedrejado diuturnamente. É uma babel onde o editorial, artigo ou reportagem da última edição faz tanta onda quanto a postagem de alguns blogueiros. Com a força que a crítica da mídia ganhou na internet, opiniões ou notícias publicadas pelos veículos tradicionais alcançam alguma relevância quando são alvos da desconstrução por parte dos blogs dedicados ao tema. Esse processo, estimulado pela falta de compromisso com a verdade por parte de quem noticia, mina o maior patrimônio de um veículo de comunicação: a credibilidade.

A internet produziu outro fenômeno, que é a difusão da informação de maneira colaborativa. Determinado assunto é debatido por diversas pessoas, que oferecem detalhes, novidades, opiniões e abordagens distintas sobre a questão em pauta. Tece-se uma rede ou uma corrente de opinião, cujos elos são mais fortes e perenes que ondinhas no lago. São recorrentes os exemplos em que os navegantes interferiram no rumo dos veículos ou no curso da história.

Casos como a farsa em torno dos atentados de Madri, em 2004, cuja versão que atribuía a autoria ao ETA para favorecer a eleição de Jose Maria Asnar foi desmentida. E também a coleção de pseudo-fatos gerados pela Folha de São Paulo, que incluem a tentativa de amenizar a ditadura militar no Brasil, classificando-a como “ditabranda”, neologismo do ditador Pinochet; o spam com a ficha fajuta da ministra Dilma Rousseff; ou o mexerico sobre “agilizar” processos na Receita Federal. Todos provocaram correntes de protestos e também de chacotas tendo como alvo o próprio jornal.

Uma rápida observação na escalação do time dos formadores de opinião brasileiros endossa a observação do presidente. O grupo se reduz a figurinhas carentes de credibilidade e adestradas para repetir um discursinho ultrapassado. Alguém, além dos senadores do DEM ou do PSDB, leva a Veja e seus colunistas a sério? Qual a importância das “análises” de Miriam Leitão ou de Lúcia Hipolyto, inimigas da lógica e divorciadas da realidade. Arnaldo Jabor, macaqueando asneiras na tela da TV influencia algo além do discurso do Agripino Maia para um plenário vazio? Ou o formador de opinião é o Willian Bonner, interpretando uma expressão indignada após exibir mais uma reportagem com discurso do presidente Lula. Dora Kramer e Eliane Catanhede, quando muito, incomodam suas manicures com seus discursos.

Engana-se quem pensa que o presidente Lula jogou uma pá de cal no formador de opinião. Ao expor a irrelevância alcançada por essa turma, ele generosamente depositou flores em túmulos abandonados.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Em Plena Universidade Uma Lição de Imbecilidade

Aconteceu em São Bernardo do Campo, cidade da Grande São Paulo no campus da UNIBAN - Universidade Bandeirantes. Uma jovem foi brutalmente hostilizada pelos estudantes por(pasmem), usar um vestido muito curto. Não sei nada a respeito do padrão moral dos que protestaram, muito menos sobre suas preferências sexuais ou até mesmo sua formação em moda/estilo.
O que me deixa perplexo é a selvageria, a brutalidade, a intolerância, o preconceito, a falta de percepção partindo justamente de um seleto grupo de pessoas que imaginávamos ter uma mente, digamos assim um pouco mais aberta. Lembrando que apenas 3% da população brasileira tem o ensino superior completo.
Qual a lição que fica?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Rede Globo (Drogas) e os Anunciantes


1 - Líder de audiência televisiva em horário Nobre
2 - Empresa anunciante líder do seu segmento
3 - Agência de Publicidade
3 - A matéria
4 - Telespectador ávido pelas últimas notícias e informações

1 - Sou líder de audiência no horário em rede nacional. Alcanço os mais longíncuos lugares deste enorme país informando diariamente milhares de pessoas das menores as maiores cidades, desde o mais iletrado até os doutores e pessoas das camadas mais altas da sociedade.

2 - Sou anunciante em horário nobre. Escolhi a líder de audiência para anunciar porque apesar do investimento elevado, tenho a certeza de que alcançarei milhares de pessoas que irão se interessar pelo meu produto e consequentemente terei retorno financeiro garantido.

3 - Sou a responsável pela conta do meu cliente e com a verba destinada pelo mesmo, devo buscar ferramentas e veículos que possibilitem o maior volume possível de inserção (comerciais) de seu produto para que ele possa se manter líder de seu segmento.

4 - Sou a matéria jornalística, a informação, aquilo que irá prender a atenção do telespectador que todos os dias se mantém ligado na empresa líder de audiência. Devo ser a mais terrível possível, guardada as devidas proporções, para que eu consiga atingir os corações e mentes dos telespectadores que acompanham o noticiário. Cada dia, ou mesmo por um certo período eu me transformo. Posso ser uma crise política, posso ser um acidente, posso ser um crime de pedofilia,enfim posso ser o que eu quizer. Ou melhor, posso ser aquilo que pessoas formadas em comunicação social escolhem para poder prender a sua atenção. Essas pessoas estudaram, são profundas conhecedoras do comportamento humano e sabem que vocês seres humanos tem uma forte ligação e queda com as tragédias, com os infortúnios, com as desgraças e isso faz com que eu vá de encontro ao que vocês desejam lá no seu íntimo, lá no seu inconsciente. Eu sou a matéria jornalística que prendo a sua atenção. Não preciso ser exatamente fiel, verdadeira, isenta. Na verdade raramente eu sou. Sou usada para prender sua atenção e na maioria das vezes formar a sua opinião com relação á assuntos que estão ligados aos interesses que não são os seus. Ok! confesso que sim, sou usurpadora. Voce não faz idéia dos interesses, dos joguetes, dos conluios, dos acordos de bastidores, das falcatruas que são impetradas na calada da noite com o simples intuíto de manipulação das massas. Eu sinceramente falando, sou detentora de um poder excumunal. Construo e destruo reputações. Levanto e derrubo sistemas de governos e até mesmo os próprios governos. E eu posso passar muito tempo martelando a mesma idéia na sua cabeça de maneiras diferentes para levá-lo a concordar em gênero, número e grau com a minha convicção. E não se engane: faço isso por interesse próprio.

4 - Sou o telespectador. Chego em casa e encontro minha esposa de mal humor, as crianças brigando, um caminhão de reclamações ao meu redor. Na empresa tenho que lidar com um chefe rabujento, intragável que passa o dia a comentar sobre crise e dificuldades financeiras. Rumores de que haverá cortes a qualquer momento e corro o risco de perder meu emprego. Sentado no sofá ligo a TV e sintonizo a líder de audiência para buscar um pouco de alento, ouvir as notícias e quem sabe ter uma informação de que as coisas estão melhorando e assim vislumbrar uma luz no fim do túnel.

Ao fim do noticiário, dirijo-me aos meus aposentos e da sala ouve-se um único tiro.

Opinião: Alguns segundos de filmes publicitários com pessoas lindas sorrindo de felicidade o tempo todo ao passear no último lançamento da industria automobilística, aquele gerente de banco sorridente e amável preocupado com o bem estar de seu cliente, a imensidão de árvores plantadas por determinada empresa mineradora para compensar o dano ambiental causado por décadas á fio, a família feliz e sorridente sentada á mesa de jantar degustando uma massa saborosa... Não representam nada diante da realidade, nem muito menos diante do estrago causado pelo noticiário sombriamente predatório e infeliz da LIDER DE AUDIÊNCIA!

Lula na Rede Record

Parte do discurso do Presidente Lula na inauguração do RECNOV, complexo televisivo para a produção de novelas, seriados e filmes da Rede Record no Rio de Janeiro.
Ontem 28 de Outubro.
Vale a pena conferir.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Media On: "jornalistas terão de perder arrogância", diz Benton

Um recado para o PIG. Só eles não perceberam ainda a ladeira abaixo que estão trilhando.



Vagner Magalhães
Direto de São Paulo
Site Terra

Com o avanço da internet, a sobrevivência dos jornais impressos está em risco e os jornalistas terão de mudar a sua postura profissional. A opinião é de Joshua Benton, jornalista investigativo e diretor do Nieman Journalism Lab, da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Ele participa nesta noite do 3° MediaOn, maior fórum de jornalismo da América Latina, em São Paulo. O debate "Como o jornalismo de qualidade pode sobreviver e prosperar na era da internet" é moderado pelo jornalista Ricardo Lessa, da Globonews.

"Os jornalistas terão de perder a sua arrogância e agir com seres humanos. A transição vai ser muito difícil para a maioria. Ainda temos muito a escrever, principalmente em investigar casos de corrupção. A internet treinou as pessoas para que elas recebessem as informações de uma forma social. Os repórteres tem de parar de encarar o seu público como um estorvo. Os jornalistas encaram os e-mails de um leitor como algo chato, principalmente quando endereçados ao editor. É hora de a voz institucional desaparecer. Os jornalistas online tem de encarar o leitor em primeira pessoa e dizer: 'isto nós sabemos e isto nós não sabemos'".

Ele afirma que, por exemplo, não assina jornais há bastante tempo. "A forma com que as pessoas recebem as notícias está mudando muito. Eu não assino jornal há muitos anos. Não tem nada a ver com grande jornalismo ou não. Nós nunca tivemos um jornal nacional nos Estados Unidos. Temos um país muito grande. Por isso a concorrência era mais restrita, o que levou a monopólios. Ter o monopólio no mercado nessas cidades, faz com que haja monopólio de preços. E quem quiser anunciar ali, tem de pagar o que eles exigem", diz. "As pessoas tem hoje outras possibilidades e as exploram. Não estão interessadas em pagar o que é a elas imposto".

De acordo com ele, certo tipo de jornalismo não será mais possível nos negócios. "O fato de o mercado não comportar isso, não quer dizer que o jornalismo investigativo vai deixar de existir. Muito mais pessoas queriam ver os anúncios, o cinema, do que as matérias investigativas".

Benton diz que hoje, o número de jornalistas em impressos dos Estados Unidos está nos mesmos níveis de 1971, 38 anos atrás. "O que temos hoje são cerca de 40 mil jornalistas nos EUA nessa área. Em 1992, eram 60 mil. A questão econômica ajudou nisso, mas o ponto central é o avanço da internet. Os jornais brasileiros estão hoje em melhores condições do que os do meu país".

Segundo Benton, "a busca da qualidade no jornalismo online é crescente e com o passar do tempo deve chegar no mesmo padrão dos jornais que temos hoje. Porém, a internet, em sua opinião, possui inúmeras opções que o jornal não tem. "Se o jornal publicar uma bela foto de uma flor, será apenas uma bela foto. A internet poderá mostrar a mesma foto em terceira dimensão, por exemplo".

De acordo com ele, as redes sociais, como o Twitter e o Facebook, devem crescer cada vez mais. "Com elas uma pessoa apenas pode propagar as suas ideias para outras. A pessoa não precisa sequer buscar. Ela as recebe, cadastrando previamente o contato. Isso muda muito a forma de as pessoas receberem essas informações".

Nassif: Oposição abandonou o barco da midia

"Um dos fenômenos mais ridículos dessa longa noite de insanidade política dos últimos anos, foi a terceirização da política pelo PSDB. Aqui analisei esse fenômeno, que é facilmente explicável.

Por Luis Nassif, em seu blog:

José Serra assumiu a herança de FHC. Juntos, vieram colunistas políticos e econômicos adeptos da internacionalização, do suposto papel civilizatória dos mercados, do racionalismo vesgo contra qualquer forma de gastos sociais, tendo como tacape um iPod que repetia mantras, slogans e refrões. Jamais conseguiram entender o país como um todo, composto de mercados eficientes, sim, mas também de políticas públicas, políticas sociais, indústria, agricultura, movimentos sociais.

As ideias de Serra não batiam com o reducionismo deles. Em vez de cumprir o papel de líder, convencendo-os de que os tempos mudaram, de que esse neoliberalismo exacerbado era coisa velha até para os mercadistas empedernidos, que política e política econômica são feitas com pragmatismo e não com ideologização de porta de banco de investimento, o neo-Serra decidiu não entrar em nenhuma dividida. E se eximiu da função básica de qualquer candidato a líder: fornecer o fio condutor das ideias capaz de organizar o discurso de seus liderados.

Com o campo das ideias em aberto, sem ninguém para os coordenar, a comitiva midiática desembestou. Imersos em um ataque continuado de megalomania, colunistas se viram como os novos heróis da civilização cristã ocidental, que fez com que as meninas daqui, colunistas culturais e de variedades dali, colunistas políticos e econômicos, até cronistas de costumes, poetas e produtores musicais do eixo Paulista-Ipanema se transmudassem em condutores de povos. Disseminando o quê? Slogans, preconceitos e fel.

Imagino meus amigos colunistas políticos e econômicos em um palanque lavando as mãos com álcool depois de cumprimentar qualquer um do “povo” – aliás, único ponto em comum com Serra. Só o fato de se lembrarem que um dia foram povo já os deixa com crises existenciais profundas. E foram eles que passaram a “ensinar” ao PSDB como falar para o povo e como falar para a elite.

No continente, todas as políticas neoliberais geraram derrotas políticas estrondosas e o advento de governos populares (como Lula), ou populistas (como Chávez). No campo popular, essa insensibilidade sepultou partidos e governantes. No campo dos conceitos, o neoliberalismo virou pó com a eclosão da crise.

E nossos condutores de povos, conhecendo apenas o ambiente restrito e auto-referenciado de suas fontes, pretendendo orientar a oposição sobre como se comunicar com o Brasil. Mal conhecendo a Avenida Paulista e o Itaim, queriam expelir regras para o país. O Brasil se tornou o museu da cera desse neoliberalismo de orelha de livro.

Agora, caiu a ficha da oposição. E as meninas, impossíveis, passam a puxar a orelha de todo mundo, do governador A, que teve um gesto de gentileza aqui; do B, que compareceu a uma cerimônia com Lula ali; do C, que não xingou o Judas do presidente acolá.

A oposição abandonou os condutores de slogans. Porém, tarde demais para reconstruir seu discurso político.

O grande desafio, daqui para frente, será a construção de uma nova oposição, provavelmente de centro-direita – elemento fundamental para o aprimoramento das instituições nacionais. A atual, morreu. Ou melhor, suicidou-se."

FONTE: escrito pelo jornalista Luis Nassif, em seu blog, e reproduzido hoje (27/10) no portal "Vermelho".

Rui Daher - Noves Fora

Publicado no Blog Terra Magazine hoje 27 de Outubro.


Entre 5 e 7 mil pés de laranja. A precisão da mídia ficou por conta apenas da imagem que, tantas vezes repetida, parecia buscar a permanência eterna. O trator visto assim do alto - salve Paulinho da Viola - mais parecia um brinquedo passando por cima de enfeites perfeitamente enfileirados e espaçados.

A ação de militantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra que ocupavam fazenda arrendada pela Cutrale visava chamar atenção para um impasse judicial que discute a titularidade daquelas terras com o INCRA. O feitiço virou contra o feiticeiro e o foco acabou se concentrando no ato de vandalismo do MST.

Tomemos a pior hipótese, mesmo sabendo que a mídia não é de facilitar as coisas para o MST. Foram sacrificadas sete mil laranjeiras em plena produção e prontas para a colheita. Conta pra cá, pra lá, produtividade, espaçamento, número e peso de caixas por pé médios, conclusão: cerca de dois milhões de frutos podem ter sido destruídos.

Sem dúvida um crime que recebeu a condenação quase geral da sociedade e levou o movimento a ganhar uma CPI que os aparelhos ruralistas tentavam, sem êxito, obter.

Espanta-me pensar em tantas alternativas de protesto sem que fosse necessário agredir a natureza e que, certamente, trariam repercussão maior e positiva. Por exemplo: convidarem-se para a inauguração do Club A do transfigurado apresentador Amaury Jr.

Mas, então, noves fora, a história se esgota com a perda das laranjas, as imagens tristes e a CPI? Nada disso. O fato merece discussão mais ampla.

Comecemos pela Cutrale, empresa emblemática do cartel que existe no setor e há muito tempo responsável por milhões de laranjas perdidas em razão dos preços que paga pelo produto e que não cobrem os custos dos produtores, dos contratos com cláusulas leoninas, e das constantes mudanças de regras nas épocas de colheita.

A partir dos anos 1990, a citricultura nacional passou a ser prejudicada por um cartel que faz da destruição do pomar pelo MST doce veneno. O complexo citricultor é um dos mais cartelizados do País, mas nem por isso dá CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), cadeia, ou CPI.

A indústria se concentra em quatro empresas (Citrovita, Cutrale, Fischer e Louis Dreyfus) que, em parceria com grandes engarrafadoras (Coca, Pepsi, etc.), controlam o processo desde a produção da fruta até o suco nos supermercados.

Em menos de quinze anos, mais de 20 mil citricultores abandonaram a cultura em São Paulo. Alguns se mudaram para o complexo sucroalcooleiro, um pouco mais brando. Hoje, a indústria da laranja já produz 50% do produto que processa.

Claro que ouviremos da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação, incensada no último artigo do ex-ministro Roberto Rodrigues, na Folha, como excepcional defensora da agropecuária nacional, que a balança comercial, patatipatatá.

Não acreditem. Não é de hoje que o Brasil é líder na produção e exportação de laranja. Com uma vantagem. Antes do cartel isso se espalhava com força por um universo de pequenos e médios produtores altamente capacitados que residiam em municípios citricultores gerando emprego e renda. A industrialização podia ser feita através de cooperativas, como a FRUTESP, e os preços eram negociados entre o campo e a indústria com mediação do governo, balizados pelo mercado internacional. Nada disso existe mais.

Exercer o poder econômico dessa forma também é ato de vandalismo. Com repercussões muito maiores.

Não esperem que isso dê em CPI. E se desse, todos sabemos como terminaria.

Rui Daher é administrador de empresas, consultor da Biocampo Desenvolvimento Agrícola.

domingo, 25 de outubro de 2009

Aprendizado da Rede Globo

Não acompanho novelas, quase não assisto aos programas ditos humorísticos da grande rede, nem realitys ou domingões, porém nas raras vezes que ligo a TV e sintonizo a rede globo o que me chama atenção são as lições de vida que ela transmite, incute, verbaliza e banaliza:

Eu aprendo que posso ser um sacana, um garanhão que pode pegar todas as mulheres ao seu redor, posso ser um golpista sem escrúpulos e que o dinheiro tudo pode, justifica os meios e me dá status.

Minha mulher aprende que pode ser uma vadia vez ou outra, pode me trair, não cuidar da sua honra e dar mais valor as futilidades e prazeres momentâneos no seu dia a dia.

Meu filho fica confuso e aprende que pode ter a opção sexual que lhe vier á cabeça independente de ser menino ou menina e que é até charmoso nos dias atuais assumir publicamente a sua vontade, independente da sociedade ao redor.

Minha filha sabe que a vulgaridade faz parte da vida das mulheres de uma maneira charmosa e que ser chamada de cachorra é algo natural e de certa maneira a destaca das demais do seu convívio. Ela sente-se uma pop star.

A TV nos deixa burros e brutos todos os dias, mas não nos damos conta!

SP: engenheiro diz que Nova Marginal se esgotará rapidamente

Tudo muito bonito quando se passa na marginal tietê aqui em São Paulo e se vê máquinas trabalhando a todo vapor nas obras de ampliação de pistas. Alguém acredita que há solução para o caótico trânsito da metrópole, apenas com essa ampliação de pistas? Abaixo entrevista ao Terra de especialista em engenharia de tráfego.
Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

O sufoco que o paulistano vai viver até fevereiro do próximo ano, quando cinco pontes da Marginal Tietê serão fechadas parcialmente para obras, trará uma recompensa pequena quando as obras estiverem prontas. Essa é a opinião do consultor em engenharia de tráfego e transportes Horácio Augusto Figueira, para quem a obra de ampliação da Marginal Tietê, que ganhará três novas faixas de rolamento em cada sentido, estará saturada rapidamente.

Na opinião dele, o grande erro na execução do processo foi não se utilizar nenhum metro do novo espaço que priorizasse o transporte coletivo. "É uma política equivocada. Se você tem uma moto, vou te dar uma faixa exclusiva. Se você comprar um carro, vou te dar novas faixas. E para o transporte coletivo, nem um metro está sendo feito", afirma. Segundo ele, com o aumento do espaço para os carros, veículos que hoje não trafegam pela Marginal vão passar a fazê-lo. "A demanda reprimida é muito grande. Quando começar a andar um pouco, muita gente vai passar a usar o veículo e fica de novo tudo parado", afirma.

Desde as 23h da última segunda-feira as pontes da Freguesia do Ó, da Casa Verde e da Vila Maria passaram por alterações na circulação e bloqueios parciais de faixas para a realização de obras de ampliação da Marginal Tietê, via expressa que passa pelas zonas norte, oeste e leste de São Paulo. A ponte do Limão terá interdição parcial a partir do dia 1º de novembro. A das Bandeiras, a partir do dia 7 de novembro. A reforma das pontes é necessária para que as novas pistas possam passar sob elas. A previsão é de que todas estejam liberadas ao tráfego em 8 de fevereiro, para o reinício do ano letivo.

Nesta sexta-feira, a Dersa, que administra as marginais, liberou para o trânsito os dois primeiros trechos da obra de ampliação das pistas. São 3,4 quilômetros de extensão de um total de 15 quilômetros que integram a nova pista central, resultado das obras de ampliação que tiveram início em junho. Estes dois trechos estão localizados no sentido Ayrton Senna-Castelo Branco. O primeiro, de 2,2 km, situa-se entre a Ponte da Freguesia do Ó e a Ponte da CPTM. O segundo, de 1,2 km, tem início 200 metros antes da Ponte do Tatuapé e vai até a saída da Rodovia Presidente Dutra.

Leia os principais trechos da entrevista:

Terra - Essas interdições todas de uma vez são a melhor solução para a cidade? Havia como se fazer isso de outra maneira?
Horácio Augusto Figueira
- É uma questão de consenso. Vai se gastar ali uma fortuna sem se fazer um quilômetro de faixa exclusiva de ônibus. Com a demanda reprimida, as três faixas ali vão ser ocupadas rapidinho. Essa gestão tem agido assim: se você tem uma moto, vou te dar uma faixa exclusiva. Se você comprar um carro, vou te dar novas faixas. E para o transporte coletivo nem um metro está sendo feito. Na marginal está faltando a questão do transporte coletivo. Aí você vai perguntar, onde é que você iria colocar o corredor aí? Poderia ser do lado do rio. Pegar uma faixa ali, com ultrapassagem, com passarelas ligando um lado ao outro da marginal. As pontes poderiam ser usadas como acesso a passageiros. Como é o trem da CPTM ao longo da Marginal Pinheiros, que não cruza para o outro lado do rio, mas leva até a esquerda.

Terra - O custo de R$ 1,3 bilhão se justifica, sob a lógica de que o transporte coletivo não foi priorizado? -
Figueira - Vamos ver o custo disso. Quando a obra foi anunciada, o orçamento para ela seria de R$ 1,3 bilhão. Parece que esse valor até já aumentou. Mas vamos falar desse primeiro número, para não levar muita pedrada. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a ocupação média dos veículos em São Paulo é de 1,4 passageiro por veículo. A capacidade de cada uma dessas faixas, por hora, é de mais menos 1,5 mil veículos. Ou seja, se passarem nove mil veículos nas seis faixas por hora, eles vão transportar cerca de 12,6 mil pessoas nesse intervalo. Uma hora de pico corresponde a cerca de 10, 12% dos que passam ali o dia todo. Vamos usar 10 para a conta ficar mais simples. Serão pelo menos 126 mil usuários transportados diariamente pelas novas faixas.

Terra - A qual custo?
Figueira
- É onde eu quero chegar. Se dividirmos o valor da obra pelo número de beneficiados, serão cerca de R$ 10 mil por cliente atendido diariamente nesse sistema. Qualquer corredor em um sistema nos padrões da marginal, sem semáforos, com ônibus biarticulado, utilizando paradas com ultrapassagem, seria capaz de transportar 21 mil pessoas por sentido a cada hora, no pico. Isso utilizando apenas uma faixa. Um corredor desse tipo poderia ser implantado a um custo de até R$ 400 milhões. Vamos imaginar o seguinte, em setembro, tudo operando. Os caminhões não rodam na marginal. Estou sendo utópico. As dez faixas - incluindo as que já estão em operação - vão transportar no máximo 21 mil pessoas por hora. Ou seja, custa 10 vezes mais por passageiro atendido e ocupa 10 vezes mais espaço para transportar a mesma quantidade de seres humanos. A pergunta que eu faço é? Que cidade a gente quer?

Terra - Na sua opinião, houve discussão suficiente para a realização da obra?
Figueira
- Parece que foi meio atropelado e que o projeto está sendo tocado junto com a obra para se encaixar no calendário político. Independente da obra estar planejada há um ano, ela foi acelerada. Por essa lógica, o automóvel fica com nove décimos do viário para transportar metade da demanda. Isso é criminoso, é cruel. Espero estar errado na Marginal. A ponte estaiada não durou uma semana. Foi o prazo para começar a ficar congestionada.

FONTE: Redação Terra em 25.10.09

sábado, 24 de outubro de 2009

Eduardo Guimarães(Brilhante)

Esse texto lí no Blog do Eduardo Guimarães, um indivíduo que considero um verdadeiro fora de série.
Aqui ele aborda mais um tema contundente, que existe e faz parte da nossa vida e história, mas que porém não gostamos de olhar para ele.
Nem mesmo quando ele passa a ser a nossa pauta jornalística e televisiva, incrustado no nosso cotidiano medíocre.... Deus Salve o Brasil!

VEJAM O QUE FIZERAM

Eduardo Guimarães

Este texto, dirijo àqueles que, à diferença de pessoas como eu, semearam o que agora toda esta sociedade colhe, mas que, hipócritas, tentam fazer crer que o que acontece hoje da Rocinha a Heliópolis, da Barra da Tijuca aos Jardins, começou agora.

Eu vos acuso de não terem sensibilidade social, de quererem se locupletar à custa da miséria de legiões de brasileiros que mal e porcamente sobrevivem nos guetos onde vós os segregastes, à custa dos que não têm escolas para que seus filhos tenham uma chance na vida, porque, quando governantes fazem boas escolas para o povo, dizeis que são “caras”.

Eu vos acuso de exigirem dos governantes que, em vez de prisões que recuperem essa meninada perdida, mandem os infratores, ainda imberbes, para masmorras onde se tornarão profissionais do crime, feras enlouquecidas, e vos acuso de só prenderem os pobres, sobretudo os pobres e os pretos, e, mais ainda, os pobres, pretos e nordestinos.

Eu vos acuso de sustentarem o tráfico de drogas deixando, por omissão, que vossos filhos e filhas, mimados e sem valores, passem pelas bordas das favelas e comprem o veneno que os levará até a agredir trabalhadoras pobres, a queimarem mendigos vivos, a desembestarem pelas ruas com as máquinas infernais que lhes foram doadas por seus papais e mamães tão amorosos.

Eu vos acuso de combaterem com unhas e dentes cada mínima tentativa de direcionar uma fração irrisória de vossas fortunas para o sustento (físico e espiritual) dos miseráveis, e de fazerem isso em um dos dez países de maior concentração de renda do mundo.

Eu vos acuso de pregarem o ódio racial chamando os nordestinos de “baianos” em São Paulo e de “paraíbas” no Rio, mesmo esse indivíduo não sendo da Bahia ou da Paraíba, contanto que tenha traços de negro mais acentuados. Eu vos acuso, pois, de racismo.

E eu vos acuso de negarem o racismo ao escreverem livros dizendo que vós não sois racistas, pois, como sabem, são raros os negros e mestiços que admitem em vossos palácios e festas.

E vos acuso, por fim, de quererem calar os que vos acusam ao monopolizarem a comunicação de massas, e de terem conseguido fazê-lo completamente por toda a história até que surgisse a internet e não pudessem mais impor censura total.

Por todas essas acusações é que vos digo: vejam só o que fizeram com o Rio, com São Paulo, com Porto Alegre, com Recife, com o país todo ao negarem aos mais pobres a mais tênue esperança de vencer na vida apesar de condição social, cor da pele e região do país.

Agora, colheis o que plantastes. Não reclamai, portanto.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Fracassomaníacos

Como sempre o iluminado Emir Sader em suas reflexões dotadas de sabedoria.
Lí no blog Democracia&Política.

FRACASSOMANÍACOS

"A invenção se deve às ironias com que FHC tentava desqualificar o debate. Conhecedor que era, se dedicou a essa prática, alimentada pelo despeito, o rancor e a inveja de ver seu sucessor se dar muito melhor do que ele. E os tucanos se tornaram os arautos da fracassomania, porque o governo Lula não poderia dar certo. Senão, seria a prova da incompetência, dos que se julgavam o mais competentes.

Lula fracassaria porque não contaria com a expertise (expressão bem tucana) de gente como Pedro Malan, Celso Lafer, Paulo Renato, José Serra, os irmãos Mendonça de Barros, entre tantos outros tucanos. O governo Lula não poderia dar certo, senão a pessoa mais qualificada para dirigir o Brasil – na ótica tucana -, FHC se mostraria muito menos capaz que um operário nordestino.

Por isso o governo Lula teria que fracassar economicamente, com a inflação descontrolada, a fuga de capitais estrangeiros, o “risco Brasil” despencando, a estagnação herdada de FHC prolongada e aprofundada, o descontentamento social se alastrando, as divergências internas ao PT dividindo profundamente ao partido, o governo se isolando social e politicamente no plano interno, além do plano internacional.

A imprensa se encarregou de propagar o fracasso do governo Lula. Ricardo Noblat, apresentando o livro de uma jornalista global, afirmava expressamente, de forma coerente com o livreco de ocasião, que “o governo Lula acabou” (sic). A crise de 2005 do governo era seu funeral, os urubus da mídia privada salivavam na expectativa de voltarem a eleger um dos seus para se reapropriarem do Estado brasileiro.

FHC gritava, no ultimo comício do candidato do seu partido, que havia relegado seu governo, com a camisa para fora da calça, suado, desesperado, “Lula, você morreu”, refletindo seus desejos, em contraposição com a realidade, que viu Lula se reeleger, sob o cadáver político e moral de FHC.

Um jornalista da empresa da Avenida Barão de Limeira relatava o desespero do seu patrão, golpeando a mesa, enquanto dava voltas em torno dela, dizendo: “Onde foi que nós erramos, onde foi que nós erramos?”, depois de acreditar que a gigantesca operação de mídia montada a partir de uma entrevista a um escroque que o jornal tinha feito, tinha derrubado ao governo Lula.

Ter que conviver com o sucesso popular, econômico, social e internacional do governo Lula é insuportável para os fracassomaníacos. Usam todo o tempo de rádio, televisão e internet, todo o espaço de jornal para atacar o governo, e só conseguem 5% de rejeição ao governo, com 80% de apoio. Um resultado penoso, qualquer gerente eficiente mandaria a todos os empregados das empresas midiáticas embora, por baixíssima produtividade.

Como disse, desesperadamente, FHC a Aécio, tentando culpá-lo por uma nova derrota no ano que vem: “Se perdermos, são 16 anos fora do governo...” Terminaria definitivamente uma geração de políticos direitistas, entre eles Tasso, FHC, Serra - os queridinhos do grande empresariado e da mídia mercantil.

Se Evo Morales dá certo, quando o FHC de lá – o branco, que fala castelhano com sotaque inglês -, Sanchez de Losada, fracassou, é derrota das elites brancas, da mesma forma que se Lula dá certo, é derrota das elites brancas paulistanas dos Jardins e da empresa elitista e mercantil da Avenida Barão de Limeira."

FOMTE: texto do filósofo e cientista político Emir Sader publicado no site "Carta Maior".

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR EM SÃO PAULO

Essa parte não aparece nos jornais que defendem o presidenciável Zé Pedágio.

Professores e profissionais da área de educação de São Paulo fizeram hoje (15), Dia do Professor, manifestação em frente à Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República, pedindo melhores salários para a categoria.

O Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado (Udemo) havia proposto que os professores participassem do protesto nus, mas o que se viu na Praça da República, no centro de São Paulo, foram cerca de 200 pessoas usando aventais que simulavam, com desenho, o formato do corpo humano. Alguns dos manifestantes também usaram narizes de palhaço no protesto.

"É o nu pedagógico. É uma metáfora em relação à situação educacional no estado de São Paulo, que é uma calamidade. É o desnudamento dessa educação deletéria que temos em São Paulo", afirmou o presidente do sindicato.

Segundo a presidente do Sindicato de Supervisores do Magistério Oficial do Estado de São Paulo, Maria Cecília Mello Sarno, o objetivo da categoria com o ato de hoje foi mostrar que não há nada para comemorar no Dia do Professor.

"Não tivemos nenhum reajuste no governo de José Serra, a não ser a incorporação de duas gratificações, o que dá um reajuste pífio de menos de 5% nos vencimentos", reclamou Maria Cecília. Ela informou que os professores e profissionais da educação do estado reivindicam reajuste para recompor perdas salariais desde 1998, o que corresponde a 27,5%.

A Agência Brasil procurou a Secretaria Estadual de Educação, que, no entanto, não se pronunciou sobre a manifestação.

Obs. deste blog: E por acaso em alguma área de gestão destes ignóbeis demotucanos existe o mínimo de satisfação condizente com a realidade e o caos da cidade e do estado?
Onde estará o Bóris para dizer na cara do Serra: Isto é um vergonha!!! (Sei que isso jamais seria dito por ele, pois é mais um vendido aos interesses elitistas).

Emir Sader e a Folha!

Lí no blog "Democracia&Política e reproduzo neste espaço:

"FOLHA" É CONTRA O FORNECIMENTO GRATUITO DE UNIFORMES ESCOLARES
Os Frias defendem democracia contra as crianças brasileiras

"Na semana passada a empresa "democrática" prestou mais um serviço à democracia brasileira, ao desmascarar o governo federal, que pretende – de forma demagógica, populista, com recursos públicos – cometer mais um crime contra a democracia: doar gratuitamente uniformes escolares para 50 milhões de crianças.

A família Frias é uma família "democrática". O pai, democraticamente, legou ao filho a direção da empresa que dirigia há décadas, para garantir que continue sendo uma empresa defensora da democracia.

O filho, desde então, é democraticamente reeleito pelo Comitê Editorial para dirigir a empresa do seu pai. Escreve democraticamente os editoriais do jornal para expressar a opinião da empresa, sem consulta aos jornalistas – que ele mesmo escolhe e demite para democraticamente trabalhar na empresa.

Em nome da democracia, a empresa emprestou graciosamente seus carros para serem usados pela Oban – Operação Bandeirantes -, que zelava, durante a ditadura militar, pela democracia, em nome da qual – com o apoio entusiasta dos jornais da empresa – deu o golpe militar de 1964 -, seqüestrando, torturando, fuzilando, desaparecendo pessoas que se opunham à democracia. Assim a democracia brasileira foi salva de um governo eleito – antidemocraticamente – pela maioria do iletrado (tanto assim que não consome os produtos da empresa Frias) povo brasileiro.

Na semana passada a empresa democrática prestou mais um serviço à democracia brasileira, ao desmascarar o governo federal, que pretende – de forma demagógica, populista, com recursos públicos – cometer mais um crime contra a democracia: doar gratuitamente uniformes escolares para 50 milhões de crianças. Não importa o fato, mas que, alem de gastar recursos dos impostos que a empresa não paga ao governo, fazê-lo em ano eleitoral (dois dos quatro anos do mandato são eleitorais, o que deveria fazer com que um governo democrático se abstivesse desses atos populistas pelo menos durante a metade do seu mandato, cumprindo com os mandatos democráticos do Estado minimo).

Danem-se os 50 milhões de crianças. Afinal, não são consumidores das mercadorias produzidas pelas empresas Frias, não consomem automóveis do ano, não viajam três vezes por ano ao exterior, não bebem uísque importado – em suma, não são leitores que interessem às agencias de publicidade que mantêm, com a propaganda dos seus produtos, a família e suas empresas. Danem-se então. As grandes empresas têm o direito democrático de seguir recebendo isenções, subsídios, créditos, etc., durante os quatro anos dos mandatos, porque seus proprietários e acionistas são pessoas isentas, que só pensam nos interesses do Brasil, não se deixariam levar, de forma mesquinha, nas suas preferências eleitorais, por medidas justas que um governo democrático deve tomar, para resguardar as empresas privadas, democraticamente.

Mas as criancinhas, os seus pais, sedentos de vantagens governamentais para venderem seus votos, sem consciência cívica, serão vitimas dessas medidas que só prejudicam a classe média dos jardins paulistanos, quando acabam tendo que pagar algum imposto, para vê-lo ser desviado para uma obra assistencialista.

Bem fez o candidato democrático dos Frias à presidência, que quando passou fugazmente pela prefeitura de São Paulo, teve tempo de corrigir o abuso dos recursos públicos da sua sucessora petista, que havia doado gratuitamente os uniformes para as crianças das escolas municipais. Esse desperdício foi rapidamente corrigido pelo democrático tucano – perdão pela redundância, tucano é sinônimo de democrata -, que instituiu a publicidade nos uniformes das crianças das escolas públicas.

Mas como se trata de um democrata com critério, proibiu que esses uniformes portassem publicidade de bebidas alcoólicas e de cigarros. As crianças poderiam circular com publicidade de bancos, do McDonald, de empresas de telefonia, dos jornais e revistas dos Frias. Poderiam assim, além de contribuir para as arcas da prefeitura, democraticamente, para que fossem construídos viadutos e tuneis para o eleitorado tucano, se sentir como corredores de Fórmula 1, povoados de publicidades.

Esse o destino que o serrista-friista promete para as 50 milhões de crianças que venham a receber os uniformes que, de forma antiditatorial, o governo federal, na sua ânsia incontida de corromper o espírito do povo ignorante e conquistar seus votos, pretende com essa medida que, felizmente para a democracia, a democrática família Frias denunciou."

FONTE: escrito pelo filósofo e cientista político Emir Sader e postado originalmente no Blog do Emir. Reproduzido ontem (14/10) nos portais "Carta Maior" e "Vermelho".

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Le Monde - Lula Inventa Universidade do Século 21

Até me assustei agora pela manhã quando ví essa notícia no Site Terra.
É tanta sacanagem e má notícia com relação ao Governo Federal que até o momento ainda não estou acreditando que estão repercutindo algo de positivo, mesmo que tenha sido publicado num jornal francês.

Aleluiaaaaaaa

Na edição desta quarta-feira, o jornal francês Le Monde publica uma elogiosa reportagem sobre educação no Brasil, na qual afirma que, com sua política para a área, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "inventa a universidade brasileira do século 21".

Em um caderno especial sobre educação, o correspondente do jornal em São Paulo, Philippe Jacqué, afirma que o presidente Lula deu "um sopro de oxigênio ao ensino superior" e multiplicou, desde 2002, planos para dinamizar as universidades do país.

O Le Monde cita como exemplos a Universidade Federal do ABC, em São Paulo, criada em 2005, para "formar os engenheiros do futuro" e as inovações da Universidade Federal do ABC, "na zona operária onde Lula começou sua carreira".

"O governo federal não economizou na Universidade ABC. Meio bilhão de euros foi injetado. Desde 2005, pelo menos 280 professores foram contratados, todos titulares de um doutorado".

Reformulação total
O Le Monde afirma também que a equipe jovem de professores, com idade média de 35 anos, corresponde ao desejo de reformular totalmente o modelo universitário brasileiro.

"Na Universidade ABC, não há departamentos de disciplinas, mas centros de pesquisas multidisciplinares para facilitar a cooperação". Outra inovação da Universidade ABC, segundo o diário francês, é a criação de 300 bolsas de iniciação à pesquisa por ano.

O jornal afirma ainda que o presidente Lula desenvolveu instrumentos para facilitar o acesso ao ensino universitário. "Com apenas 4,9 milhões de universitários (16% dos brasileiros entre 18 e 24 anos), o país não soube até o momento democratizar o seu ensino superior", escreve o Le Monde, afirmando que é a classe média alta, em grande maioria, que tem acesso às 200 instituições de ensino superior público e gratuito.

O jornal lembra que o sistema universitário brasileiro, "seletivo", favorece alunos com maior poder aquisitivo, que são mais bem preparados porque puderam estudar nas melhores e mais caras escolas privadas.