Um recado para o PIG. Só eles não perceberam ainda a ladeira abaixo que estão trilhando.
Vagner Magalhães
Direto de São Paulo
Site Terra
Com o avanço da internet, a sobrevivência dos jornais impressos está em risco e os jornalistas terão de mudar a sua postura profissional. A opinião é de Joshua Benton, jornalista investigativo e diretor do Nieman Journalism Lab, da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Ele participa nesta noite do 3° MediaOn, maior fórum de jornalismo da América Latina, em São Paulo. O debate "Como o jornalismo de qualidade pode sobreviver e prosperar na era da internet" é moderado pelo jornalista Ricardo Lessa, da Globonews.
"Os jornalistas terão de perder a sua arrogância e agir com seres humanos. A transição vai ser muito difícil para a maioria. Ainda temos muito a escrever, principalmente em investigar casos de corrupção. A internet treinou as pessoas para que elas recebessem as informações de uma forma social. Os repórteres tem de parar de encarar o seu público como um estorvo. Os jornalistas encaram os e-mails de um leitor como algo chato, principalmente quando endereçados ao editor. É hora de a voz institucional desaparecer. Os jornalistas online tem de encarar o leitor em primeira pessoa e dizer: 'isto nós sabemos e isto nós não sabemos'".
Ele afirma que, por exemplo, não assina jornais há bastante tempo. "A forma com que as pessoas recebem as notícias está mudando muito. Eu não assino jornal há muitos anos. Não tem nada a ver com grande jornalismo ou não. Nós nunca tivemos um jornal nacional nos Estados Unidos. Temos um país muito grande. Por isso a concorrência era mais restrita, o que levou a monopólios. Ter o monopólio no mercado nessas cidades, faz com que haja monopólio de preços. E quem quiser anunciar ali, tem de pagar o que eles exigem", diz. "As pessoas tem hoje outras possibilidades e as exploram. Não estão interessadas em pagar o que é a elas imposto".
De acordo com ele, certo tipo de jornalismo não será mais possível nos negócios. "O fato de o mercado não comportar isso, não quer dizer que o jornalismo investigativo vai deixar de existir. Muito mais pessoas queriam ver os anúncios, o cinema, do que as matérias investigativas".
Benton diz que hoje, o número de jornalistas em impressos dos Estados Unidos está nos mesmos níveis de 1971, 38 anos atrás. "O que temos hoje são cerca de 40 mil jornalistas nos EUA nessa área. Em 1992, eram 60 mil. A questão econômica ajudou nisso, mas o ponto central é o avanço da internet. Os jornais brasileiros estão hoje em melhores condições do que os do meu país".
Segundo Benton, "a busca da qualidade no jornalismo online é crescente e com o passar do tempo deve chegar no mesmo padrão dos jornais que temos hoje. Porém, a internet, em sua opinião, possui inúmeras opções que o jornal não tem. "Se o jornal publicar uma bela foto de uma flor, será apenas uma bela foto. A internet poderá mostrar a mesma foto em terceira dimensão, por exemplo".
De acordo com ele, as redes sociais, como o Twitter e o Facebook, devem crescer cada vez mais. "Com elas uma pessoa apenas pode propagar as suas ideias para outras. A pessoa não precisa sequer buscar. Ela as recebe, cadastrando previamente o contato. Isso muda muito a forma de as pessoas receberem essas informações".
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