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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

ELEIÇÕES: Por que eu optei por Dilma?

Vi no Blog de Um Sem Mídia e achei muito interessante. Me fez lembrar meu filho de 14 anos de idade que já me cobrou: Daqui a 2 anos vamos juntos tirar o meu título de eleitor.... E ano que vem (2010) quero participar dos comícios para Presidenta!! Prometi-lhe que serei obediente!!! risos

Escrito por Caio Machado

Por que eu optei por Dilma?

Tenho 20 anos e não acompanhei diretamente o período anterior a Lula mas sei que minha vida da minha família não era fácil, aqui em casa era tudo regrado não so podia gastar muito pois podia faltar pra alguma coisa. Celular?? Computador? 2 televisores?? Casa Propria?? era privilegio para poucos, e hoje vejo que a população brasileira com Lula ta mais confiante, tem poder de compra, o atraso em relação a elite vem caindo e a inclusão digital cada dia se faz mais presente. O povo brasileiro com Lula voltou a sorrir, me lembro com lagrimas nos olhos uma declaração do Lula que disse que se conseguisse ao final do mandato dele o brasileiro conseguir realizar as tres refeições diárias ele cumpriu sua missão, e ele conseguiu!

Lula me fez sentir orgulho de ser brasileiro, me fez sentir vontade de amar ao proximo, de me sentir poderoso com as Olimpiadas no Rio, de ter orgulho da minha seleção com a COPA de 2014, de me sentir um cidadão mundial quando Obama afirmou que Lula é o Cara, que me deixou perplexo com o discurso de improviso no COP-15.
 
Não quero perder essa esperança, por isso a Dilma é quem vai dar continuidade ao trabalho do Lula!! Dilma é firme e tem um passado maravilhoso de luta, que foi atraves da sua coragem que hoje podemos trocar e-mails falar mal de politico!! Valeu pela minha liberdade. Viva Dilma a primeira presidenta do Brasil! 
 
Escrito por Caio Machado. cmcardoso14@gmail.com

A direita e o suplício de Papai Noel

Blog do Azenha

DEBATE ABERTO
A direita e o suplício de Papai Noel
O título de “Homem do Ano em 2009", concedido a Lula pelo Le Monde, representou " o suplício de Papai Noel" para um jornalismo que se esmerou, com textos de contornos cada vez mais nítidos, em servir como porta-voz das forças mais reacionárias da sociedade brasileira. 

O ano se encerrou com interessantes contrapontos. As várias distinções honoríficas, prestadas ao presidente brasileiro pela imprensa internacional, fizeram desmoronar, como castelos de areia, a enxurrada de ritos sumários com que, a cada edição diária, a mídia nativa tentou desconstruir as realizações do governo petista e o capital simbólico acumulado pelo campo democrático-popular. O título de “Homem do Ano em 2009", concedido a Lula pelo Le Monde, o mais conceituado jornal da terra de Lévi-Strauss, representou " o suplício de Papai Noel" (*) para um jornalismo que se esmerou, com textos de contornos cada vez mais nítidos, em servir como porta-voz das forças mais reacionárias da sociedade brasileira

Mas não nos iludamos. Entre a ingenuidade de alguns e a esperteza de outros, a orientação geral é descarregar cargas de fait divers sobre as premiações, ocultando seu real significado. Não se está enaltecendo a habilidade política de um homem, seu carisma ou simpatia. O que está sendo reconhecido é algo de magnitude bem mais ampla: a pedagogia de fatos que, por sua evidência, ensinou à Nação que só passando a limpo suas instituições econômicas, políticas e culturais não corremos o risco de perder a nossa hora e a nossa vez.

O que está sendo objeto de elogios é um governo que não está perdendo a oportunidade de fazer as mudanças sociais há muito reclamadas. Contrariando as transições por alto que tanto marcaram a nossa história, Lula personifica a ruptura com acumulação de farsas que chega, hoje, ao seu ponto de ruptura definitiva. O que conquistamos não foi o aplauso fácil de um país que se verga a antigas estruturas coloniais, mas o respeito de quem assume o papel de sujeito da própria história.

A opção pelo aprofundamento da democracia, pelo crescimento com distribuição de renda, pela economia baseada no consumo interno e na redução de renda per capita é o que marca a mudança de rumo desde as eleições de 2002. Some-se a isso a afirmação de uma política externa independente, com práticas assertivas na afirmação de alguns princípios de relações internacionais, apontando para a busca de uma ativa coordenação soberana com atores relevantes da cenário mundial, e veremos que as diferenças conceituais com o antigo bloco de poder neoliberal são expressivas demais para não contrariar interesses arraigados na subalternidade, na soberania rarefeita.

Encerrado um ano exitoso, o que cabe às lideranças partidárias e à militância? Não confundindo realidade com desejo, buscar uma política de alianças que assegure maioria para a vitória de Dilma Rousseff nas próximas eleições. Dessa vez, há partidos políticos e quadros suficientemente qualificados para manter um projeto que se distingue pela coerência e nitidez de sua vocação transformadora. Mas não será um embate fácil. A direita dispõe de considerável capilaridade e do apoio logístico da mídia corporativa.

Diante deste quadro, as esperanças não repousam apenas em arranjos regionais. Para além das máquinas partidárias- e de elaborações teórico-metodológicas que precisam ser desenvolvidas- a capacidade de mobilizar a juventude, fazer com que ela se alie ao mundo do trabalho e a todos os setores até então oprimidos é fundamental. Estão nas forças sadias, detentoras de mecanismos precisos de clivagem, as chances que temos de evitar a perda de uma oportunidade única que a história está oferecendo. É preciso dar continuidade ao “suplício do Papai Noel". Mantê-lo no lado direito do espectro político. Que o povo brasileiro tenha um Feliz 2010!

* “O Suplício do Papai Noel” é um brilhante ensaio antropológico de Claude Lévi-Strauss, publicado no Brasil pela Editora Cosac Naify
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Mauro Santayana: Igualdade entre Nações

Vi no Blog do Azenha!

Igualdade entre nações
por Mauro Santayana, JBOnline

O orgulho nacional é sentimento que se funda na consciência da igualdade entre os seres humanos. Quando partimos da ideia de que não somos superiores, assiste-nos a certeza de que tampouco somos inferiores. As vicissitudes históricas, assim como as limitações da natureza, podem fazer-nos conjunturalmente mais pobres ou mais ricos, mas não nos convertem em melhores ou piores.

A imprensa do mundo se tem dedicado aos êxitos conjunturais do Brasil com elogios que nos alegram. O presidente Lula é visto como a Personalidade do Ano pelo conceituado Le Monde, e outras publicações. Chefes de Estado a ele se referem com admiração, não só pelos resultados de sua política interna como também por sua capacidade de convencimento na diplomacia direta que vem exercendo, nestes meses de desafios internacionais.

Esse reconhecimento externo tem tido leituras divergentes em nosso país. Para muitos adversários do governo, trata-se de engodo. A oposição quer mostrar o presidente da República como um parvo, que se deixa dominar pela lisonja. É uma leitura, essa, sim, de néscios. O governo brasileiro tem, nestes anos e meses, afirmado, sem jactâncias, seu direito soberano de opinar nas questões internacionais que lhe dizem respeito, como as do aquecimento global, da paz no Oriente Médio, do comércio internacional e do equilíbrio geopolítico na América Latina. Quanto ao problema da preservação ecológica, nenhum outro país do mundo tem a autoridade de que dispomos para dizer o que pensamos. A História nos fez possuidores da maior biodiversidade tropical do planeta, que soubemos preservar com diplomacia, mas também com imensos sacrifícios humanos, e a cuja soberania não podemos renunciar.

Queremos parceiros no comércio internacional, com vantagens e concessões em rigorosa reciprocidade. Quanto à América Latina, não podemos aceitar a subgerência imperial que alguns nos pretendem impor. Não somos o “cachorro grande” do quarteirão, como certos ex-diplomatas se referem à posição econômica, geográfica e política do Brasil. Somos vizinho privilegiado, com fronteiras pacíficas com quase todos os países da América do Sul e não temos problemas com o resto do Hemisfério.

O embaixador Rubens Barbosa, que, ao se afastar compulsoriamente do Itamaraty, se dedica hoje a assessorar a Fiesp, assinou artigo sobre a Argentina em que trata do declínio do grande vizinho do Sul. Há, em seu texto – ainda que dissimulado em linguagem diplomática – referência à superioridade brasileira, o que não é bom para nós. Temos que entender as circunstâncias da Argentina que, a partir da queda de Hipólito Irigoyen, em 1930, vem passando por dificuldades institucionais, em situação pendular entre o peronismo e seus adversários, agravada com a tragédia dos governos militares, estimulados pelos norte-americanos.

Tanto como o nosso, o povo argentino tem direito à autoestima. Seu sistema educacional, reconhecidamente superior, sua cultura, seu desenvolvimento técnico e científico, são motivos de justo orgulho. Suas dificuldades são políticas, e serão resolvidas com a mobilização da cidadania. Rubens Barbosa diz que a Argentina pode escolher entre ser – diante do Brasil – o Canadá ou o México. É melhor que ela continue sendo a Argentina do Pacto ABC, a Argentina do Mercosul, a Argentina das mães da Praça de Maio, de Borges e Bioy Casares, de Cortazar e Carlos Gardel; a Argentina de San Martin, de Urquiza e de Mitre. E de Evita. O México é outra referência infeliz do embaixador. Seu povo é uma vítima histórica, de Cortez ao presidente Polk, e de Polk a Bush, com o Nafta. Sua tragédia é estar, como dizia Cárdenas, “tan lejos de Dios y tan cerca de Estados Unidos”.

O ministro Nelson Jobim prevê represálias contra o Brasil pelos países preteridos na compra de caças para a FAB. Temos o direito soberano de comprar o que nos interessa e onde nos interessa. Sua excelência, no entanto, disse que “corremos o risco de país grande”. Se ele nos adverte que devemos nos preparar contra isso, é porque tem razão. Mas convém observar que nossa grandeza está dentro das fronteiras nacionais e no convívio amistoso com os outros povos. É esse convívio, sereno, sem ser subalterno, firme, sem ser arrogante, que está sendo reconhecido no mundo inteiro. Dessa postura, que o Itamaraty expressa, não nos devemos afastar.

Fonte: Azenha

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para Berzoini, Serra tenta se associar a sucesso do PT

 Terra Magazine:


Valter Campanato/Agência Brasil
Ricardo Berzoini: A geração de emprego vem da política de estímulo à
 economia do governo Lula
Ricardo Berzoini: "A geração de emprego vem da política de estímulo à economia" do governo Lula
Eliano Jorge

A cerca de nove meses das eleições presidenciais, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, minimiza precipitações, mas já identifica aflição de seu principal concorrente.
Assim ele interpretou, para Terra Magazine, a declaração do governador paulista José Serra, do PSDB, que imputou aos investimentos de sua administração a criação de 800 mil empregos diretos e indiretos em 2009. "É uma tentativa desesperada de ficar sócio do sucesso do PT. A geração de emprego vem da política de estímulo à economia", retrucou o petista.

- Na política, é legítima a tentativa do Serra, mas não resiste à menor análise do que é decisivo. Certamente a ação do governo federal é a parte mais forte da geração de emprego em todo o Brasil - respondeu Berzoini, que deixará a presidência do partido em fevereiro de 2010, substituído por José Eduardo Dutra.

Sequência de comerciais televisivos do governo paulista no dia de Natal. "Eu acho escandalosa, é outra demonstração de desespero político. Nunca antes na história do Estado de São Paulo, teve tanta propaganda política", ironizou, recorrendo a um dos bordões do presidente Lula.

O dirigente petista afirma não se importar com a indefinição da candidatura de Serra como candidato da oposição à Presidência da República em 2010. Para ele, tanto faz que seja agora ou em março. "É irrelevante", insiste, amenizando o fato de a ministra Dilma Rousseff, com a visibilidade de quem encabeça a chapa governista, estar se aproximando da liderança tucana em pesquisas eleitorais.
- A minha convicção é que 70% da população só vai se integrar ao processo eleitoral apenas na campanha - prevê.

Ele também analisa a coalizão em torno da sua legenda, comparando a mudança dos métodos do passado. "Chegamos à conclusão de que um partido como o PT, que tem relações políticas em todo o País, não pode ficar restrito às alianças com partidos de esquerda. Tem que fazer aliança também ao centro. E até mesmo à centro-direita", opina.

Veja a entrevista.
Terra Magazine - A definição da candidatura do governador José Serra apenas em março seria melhor para a ministra Dilma Rousseff na disputa da eleição presidencial?
Ricardo Berzoini -
É irrelevante. Mais cedo ou mais tarde, isso vai se definir. Na verdade, a parcela da população mais ligada à política já sabe quem são os candidatos do PT e do PSDB. Mesmo sem a confirmação, já têm esta percepção. A minha convicção é que 70% da população só vai se integrar ao processo eleitoral apenas na campanha. Portanto se a definição de algum candidato é janeiro, fevereiro ou março, para nossa visão do processo, é irrelevante.

Mas, enquanto isso, já candidata, a ministra Dilma não vem tendo mais visibilidade e se aproximando do governador Serra nas pesquisas?
A ministra está com agenda de ministra, e não uma agenda partidária. Até o final de março, ela se dedica prioritariamente, até em função da agenda, ao governo, ela tem pouco tempo para atividade partidária. O que vai ocorrer eventualmente é que um maior número de pessoas fica sabendo que ela é a candidata do PT.

O governador Serra atribuiu à sua própria administração a geração de 800 mil empregos diretos e indiretos em 2009. Como fica a disputa pela paternidade desses números, entre PT e PSDB?
É uma tentativa desesperada de ficar sócio do sucesso do projeto do PT. A geração de emprego vem da política de estímulo à economia. Só para fazer uma comparação: no ano em que o governo federal, de uma maneira extremamente responsável, ampliou a oferta de crédito, o governo de São Paulo abriu mão do seu principal fomentador de empréstimo, que foi a Nossa Caixa. Então, na política, é legítima a tentativa do Serra, mas não resiste à menor análise do que é decisivo, no Brasil, para gerar emprego. Certamente a ação do governo federal é a parte mais forte da geração de emprego em todo o Brasil.

Como o senhor avalia a sequência de propagandas do governo de São Paulo na televisão, no dia de Natal?
Eu acho escandalosa, é outra demonstração de desespero político. Nunca antes na história do Estado de São Paulo, teve tanta propaganda política. É Sabesp, é obra, é propaganda institucional...

O presidente Lula declarou, nesta terça-feira, que o PT perdia eleições porque não fazia alianças, "era metido a besta". O senhor concorda?
Na verdade, o PT, durante um período da sua vida, foi muito resistente a alianças de centro. Isso era característica quando Lula era presidente do PT. Depois, com o tempo, o partido passou a fazer novas alianças e, mais para a frente, chegamos à conclusão de que um partido como o PT, que tem relações políticas em todo o País, não pode ficar restrito às alianças com partidos de esquerda. Tem que fazer aliança também ao centro. E até mesmo à centro-direita, dependendo da situação. Aliança é parte essencial de uma eleição municipal, estadual ou nacional. Você faz uma aliança momentânea, com base num projeto político, e apresenta nas eleições de uma maneira transparente. Isso não é contraditório. Em 2002, a aliança com o PL, do (vice-presidente) José Alencar, teve um papel importante até para demonstrar esta disposição do PT de apresentar um programa para o País que não era só do PT. Era um programa que representava um projeto político que hoje, sete anos depois, é bem-avaliado pela população. Então, o presidente tem razão. Não sei se é porque era metido a besta ou tinha uma visão diferente do processo, mas antigamente o PT acreditava que, para não se expor a determinados riscos, deveria fazer aliança só com partidos de esquerda ou nem fazer alianças.

Mas segmentos do PT ainda demonstram, na mídia, insatisfação com exageros nas aberturas permitidas a alguns aliados. Reclamam, por exemplo, do PMDB...
Esse debate já foi superado ao longos dos debates internos do PT. A maioria defende a aliança com partidos de centro e que possamos ampliar essas alianças. A nossa definição para 2010, até agora, inclui todos os partidos da base aliada do governo federal. É possível construir um programa de governo que combine a esquerda, a centro-esquerda, o centro e até a centro-direita, quando há um objetivo claro e não somente objetivos eleitorais. Se o programa de governo for bem executado, o país reconhece a legimitimidade da aliança.

A Pergunta que Não quer Calar

Algumas coisas realmente não tem explicação. E algumas explicações muitas vezes não esclarecem nada.
É aquele tipo de situação que habitualmente vemos na cena política, em que alguns mandatários eleitos pelo povo, simplesmente emitem opiniões toscas sobre determinado assunto ou escorregam diante de uma realidade qualquer e se apoiando no marketing, mudam o foco da questão.

Por exemplo o prefeito de São Paulo quando perguntado sobre o alagamento extendido no Jardim Romano - Zona Leste da cidade - respondeu que em conjunto com o Governo do Estado irão construir o maior "Parque Linear" da América Latina. Mas que sandice é essa? Onde fica o respeito com o público? Com o eleitor? Com os cidadãos?

Por que será que no Brasil a classe política continua na idade da pedra tratando os cidadãos como verdadeiros imbecís?? Peço ajuda do Deputado Brizola Neto que sabe fazer perguntas inteligentes, mesmo que não receba resposta a altura:

Será que em SP jornalista não faz pergunta?

Se o plano era deixar as margens dos rios livres, como construíram 
um conjunto e uma escola na beira do  córrego?
"Se o plano era deixar as margens dos rios livres, como construíram um conjunto e uma escola na beira do córrego?"

Eu até tinha a intenção de falar menos do problema das enchentes em São Paulo. Mas hoje, com a notícia da morte de uma criança de seis anos por leptospirose nas áreas alagadas (há duas semanas, meu Deus, duas semanas!) acabei indo olhar o noticiário.

E me deparei com a seguinte frase do prefeito Gilberto Kassab que, apesar de lamentar a morte do menino Isaac Lima, disse que a prefeitura está no caminho certo.
“No início da nossa gestão identificamos essa questão e tanto o governador José Serra como eu apresentamos o projeto de um parque linear ao longo da várzea do rio Tietê. Essa execução passa pela transferência das famílias que moram nessa região para moradias com dignidade.

Aí me lembrei do que tinha visto na própria Folha, na sexta-feira, salvei o jornal do lixo e escaneei a foto que ilustra este post. Quer dizer então que a prefeitura e o Goveno no Estado identificaram o problema das enchentes, resolveram fazer um parque e ali, justamente na beira do córrego que desemboca no Tietê, fizeram uma escola e um conjunto habitacional?

Ah, fala sério… o que mais me impressiona é que a imprensa paulista não faz um escandalo, não aperta os governantes com perguntas simples, diretas, óbvias: porque então a prefeitura construiu um conjunto habitacional na beira de um rio que sabia que ia encher?
Como é que licenciou um condomínio de casas ali?
Está na cara que esta enchente está durando só por uma razão, remover os moradores dali.
Morrer uma criança de seis anos é o de menos.

Fonte: Blog Tijolaço do Brizola Neto:

O pósanticontra muitoantespelocontrário-Lula

Lí no Blog do Azenha essa perfeita leitura de Flávio Aguiar da Carta Maior.

Uma das chaves da propaganda anti-Dilma é a de que o cavaleiro conservador que entrar na liça não será um “anti-Lula”, mas sim um “pós-Lula”. Olhando-se para esse comportamento da nossa direita na frente externa, vê-se logo que isso é um fraseado sem pé nem cabeça.
por Flávio Aguiar*, em Carta Maior 

Para a direita brasileira o fim de ano não podia ser pior, apesar de Serra se manter na frente, nas pesquisas para o Planalto. Só deu presidente Lula: prêmio Houphouët-Boigny da Unesco, título de doutor honoris causa na Universidade de Hamburgo (depois da de Lyon), personalidade do ano para o jornal El País, elogiadíssimo pelo premiê Zapatero, sucesso em Copenhague (apesar do fracasso da conferência) e para culminar, personalidade do ano para o jornal Le Monde. De quebra, o chanceler Celso Amorim foi elogiadíassimo como profissional da área por seu colega espanhol, que também não regateou apalusos à política externa brasileira.

E por onde o nome de Lula ou o próprio passa, não faltam aplausos: assim foi perante a platéia de empresários em Hamburgo, em Portugal, na Grã-Bretanha, e em jornais conservadores (e sérios, do ponto de vista jornalístico), como The Economist, Financial Times, Frankfurter Allgemeine, ou progressistas, como o Süddeutschezeitung, ou até mesmo a revista Der Spiegel, conhecida por não dar moleza a políticos, seja de que lado forem.

Para Lula, só elogios. Agora, neste final de fim de ano, o Financial Times nomeou Lula como uma das 50 personalidades que “moldaram a última década”. Segundo o FT, Lula é o político mais popular da história do Brasil, e seu governo implementou “programas de transferência de renda baratos, mas eficientes”. E nem falamos da Ópera Olímpica do Rio de Janeiro. Se Lula acabar ganhando algum Nobel da Paz, a nossa direita vai roer as unhas até os cotovelos. Mas certamente não dará o braço a torcer: vai continuar ressentida contra esse presidente que não só “não fala português direito”, como não fala “sequer uma única língua estrangeira”. Que vergonha! (para a nossa direita, é claro, por se prender a essas mesquinharias de segunda mão, já que lhe falta assunto).

Mas houve mais: perplexa, a direita brasileira viu evaporar-se seu plano de impedir a entrada da Venezuela no Mercosul; assistiu de cadeirinha à consagração de Evo Morales nas urnas de seu país, a de José Pepe Mujica, ex-tupamaro, no Uruguai. Ainda teve de encarar o fato de que a Bolívia está entre os países da América do Sul que mais crescem economicamente, o sucesso de suas políticas sociais, as do Equador, do Paraguai e as do próprio Brasil.

Restaram-lhe alguns prêmios de consolação, mas tão complicados quando reveladores do seu próprio caráter, por osmose ou metonímia (perdoem-me os palavrões; poderia dizer por contaminação ou proximidade). Um foi a enredada tibieza da política externa do governo Obama em relação à América Latina, que serviu de moeda de negociação com os republicanos em troca da liberação de nomeações diplomáticas para a região. Outro, pior ainda, foi o golpe de estado em Honduras e a leniência, para não dizer conivência ou cumplicidade, que ela apregoou em relação a ele. Outro ainda, ao apagar das luzes de 2009, foi a vitória de Piñera, o herdeiro do pinochetismo, no primeiro turno das eleições chilenas, que, ela espera, terá continuidade no segundo turno. Quer dizer: de aberto, tudo o que a nossa direita teve a exibir são compromissos com o passado de subserviência global e de práticas ditatoriais no nosso continente.

Para essa visão comprometida com o que nosso continente sempre teve de mais reacionário e oligárquico, durante o governo Lula a nossa política externa rompeu com a tradição de “pragmatismo” e enveredou por uma perigosa “politização”, embalada por compromissos ideológicos ou por “sonhos megalomaníacos”, como o de conquistar a qualquer preço uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (esquecendo que essa é uma reivindicação brasileira desde a fundação desse organismo internacional). Para o pensamento da nossa direita, “pragmatismo” é reconhecer o golpe em Honduras, mas não as eleições (que sempre houve) na Venezuela, na Bolívia, no Paraguai, no Uruguai e por aí afora.

Ainda para essa visão: ao acolher Zelaya e ao posicionar-se frontalmente contra o golpe em Tegucigalpa, o Brasil ficou “isolado” na cena internacional. Quer dizer, para esse pensamento, o fato de a maioria esmagadora dos países da América Latina e do Caribe não terem reconhecido o golpe nada conta: só conta o fato de que o Brasil teve uma rusga (e não muito séria) com a claudicante política de Clinton/Obama para a região.

Essas questões ajudam a elucidar um aspecto do confronto eleitoral que se prepara em 2010. Uma das chaves da propaganda (já) anti-Dilma é a de que o cavaleiro conservador que entrar na liça não será um “anti-Lula”, mas sim um “pós-Lula”. Olhando-se para esse comportamento da nossa direita na frente externa e suas expectativas, vê-se logo que isso é um fraseado sem pé nem cabeça. Trata-se sim de virar a mesa no sentido anti-horário, quer dizer, anti-Lula, provocando uma regressão histórica de grande monta, assim como a assertiva de FHC de que seu governo poria fim “à era Vargas” não apontava para o futuro, como queria o ex-presidente, mas para o passado, restaurando cacoetes e o viés anti-social da República Velha ou dos Coronéis.

O mundo imaginário e sentimental em que grande parte da nossa direita vive é anacrônico, pautado por um liberalismo brasileiro à antiga, aquele liberalismo que não se liberou jamais de proteger sua condição de casta superior; que sempre preferiu entregar os dedos, as mãos inteiras, os pés e todo o corpo da nação a perder o privilégio dos seus anéis. E que vive embalada por um sonho da carochinha onde prima uma confusão dos Estados Unidos com Disneyworld e da Europa com o mundo de Sissi (que me perdoe a Romy Schneider, uma grande atriz). E por um pesadelo, para eles, chamado Brasil, povoado agora por um povão que vem se revelando difícil de manter nos antigos apriscos excludentes e currais eleitorais.

Uma última observação, quase um desvio de assunto, mas ainda assim seria “a digressão pertinente”. No elogio de Lula nas páginas do Le Monde (24/12/2009, 11h32), o jornalista Eric Fottorino, escreveu: “Desde sua criação, Le Monde, marcado pelo espírito de análise de seu fundados, Hubert Beuve-Méry, quer ser um jornal de (re)construção, também de esperança; ele veicula, à sua maneira, uma parte do positivismo de Auguste Comte, tomando como causa sua os homens de boa vontade e suas proposições”.
Quer dizer, quase 153 anos depois de sua morte (1798 – 1857), Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, um dos avós paternos da nossa bandeira republicana, continua a ditar parte do baralho da nossa canastra política. Que a nossa direita anseia em (re)transformar no pôquer de cartas marcadas onde só os caubóis ganham. Mas isso de Auguste Comte e o Brasil do século XXI é tema para outro artigo, que virá logo. Até 2010, e deixo aqui o lema que me encanta até hoje, como saudação de fim/novo ano às leitoras e leitores que me (e nos) acompanharam até aqui: “Um por todos, todos por um”.

* Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.

Política - 2009: DEM, um partido em extinção

Blog de Um sem Mídia:

2009: O ano da falência do DEM

Uma coisa é a disputa política ideológica, onde um cada partido tem seu programa, cada um alcança o governo em determinada época, e os derrotados nas urnas ficam na oposição, representando um segmento da população, à espera de voltarem ao poder legitimamente, um dia.

Outra coisa é quando um partido perde o seu próprio eleitorado ideologicamente fiel. Aí é a falência do partido, e é o que acontece com o DEMos.

Já aconteceu antes com seus ancestrais: o PFL, o PDS e a ARENA, siglas anteriores que abrigaram os mesmos políticos do DEMos ainda vivos, como José Agripino Maia, ou os filhos e netos de caciques já mortos ou morto-vivos, como é o caso de ACM Neto, ACM Jr, Paulo Bornhausen.

O DEMos perde eleitores não apenas entre as pessoas que consideram seus argumentos políticos obsoletos no século XXI, mas também entre aqueles que concordam com os argumentos pregados pelo partido, mas perderam a confiança, e passaram a ver o partido como um engôdo.

O engôdo do discurso Udenista

O DEMos pregava moralidade e se apresentava como uma espécie de pretenso sucessor da antiga UDN. Nós sabíamos ser essa ética do DEMos mais falsa do que uma nota de 3 reais, pois é o partido campeão absoluto do ranking da corrupção.

Um partido que deu legenda a Hidelbrando Pascoal, ACM e José Roberto Arruda (mesmo depois de violarem o painel do Senado), um partido fundado e dirigido por muitos banqueiros e dócil aos bancos, o preferido dos empreiteiros, defensor da globalização das remessas de dinheiro entre paraísos fiscais, cuja opção preferencial é pelos direitos individuais absolutos em detrimento dos deveres coletivos (o que beneficia corruptos e criminosos do colarinho branco), jamais poderia se apresentar como defensor da ética. Mas a propaganda enganosa e a imprensa dócil assim o apresentava.

E muita gente conservadora, daquele tipo que lê a revista Veja, acreditava. O MENSALÃO do DEM, no último governo estadual ainda eleito pelo partido, foi o golpe de misericórdia.

Até o eleitorado ideologicamente conservador e "udenista" passaram a ver o partido como um engôdo, nos quesitos corrupção, ética e moralidade.

O engôdo da diminuição dos impostos e taxas

O DEMos andou protagonizando campanhas pela redução de impostos. Mas seus prefeitos subiram taxas e impostos, muitas vezes de forma exorbitante, jogando no lixo tudo o que pregaram e tudo o que prometeram em campanhas.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, promove mais um tarifaço no IPTU.

Uma exceção foi o Shopping da DASLU, luxuoso templo do consumo paulistano, onde podia-se comprar desde roupas, a helicótero, para os milionários fugirem dos engarrafamentos e alagões em São Paulo. Apesar de inaugurado com pompa e presença de governador e prefeito demo-tucanos, ele foi "esquecido" de ser incluído no cadastro do IPTU ficando isento por dois anos, em 2005 (quando o prefeito era José Serra) e 2006 (mesmo após Kassab ter assumido a prefeitura).

Enquanto o DEMos esteve no governo FHC, os impostos só subiram. O governo do petista Lula, é quem reduziu impostos, como nos casos recentes do IPI para eletrodomésticos, móveis, material de construção e carros.

Aquele pessoal que acreditava no discurso de redução de impostos do secretário de José Serra, Guilherme Afif Domingues (DEMos/SP),perceberam que foram enganados.

O engôdo do aparelhamento do Estado

O DEMos enchia a boca para acusar o governo Lula de "aparelhar" o estado. Mas um único governador do DEMos criou mais cargos comissionados, apenas no Distrito Federal, do que o governo federal inteiro, que atende a todo o Brasil.

José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF), emprega 8.660 pessoas por meio de cargos comissionados (CCs), número maior do que todo o governo federal, onde 5.560 ocupam esse tipo de colocação. Cargos comissionados são nomeados durante a vigência do governo e não realizam concursos.

É legítimo uma certa quantidade de cargos comissionados, afinal um governo eleito precisa nomear gente, nos ministérios e secretarias, comprometida com os compromissos assumidos com a população durante a campanha eleitoral.

O governo Lula mostra-se austero quando nomeia 5.560 comissionados para uma população de 190 milhões de habitantes.

O governo Arruda mostra-se perdulário quando nomeia 8.660 comissionados para uma população de 2,5 milhões de habitantes.

Até os fãs da revista Veja já percebem que o governo Arruda (DEMos), assim como a prefeitura de Kassab (DEMos), virou cabide de emprego para muitos políticos do DEMos desempregados, que perderam eleições em outros estados.

O engôdo do Estado Mínimo

O DEMos usava o argumento neoliberal para pregar o estado mínimo, a privatização e a terceirização.

Um caso típico foi a merenda escolar da prefeitura de São Paulo, de Gilberto Kassab. Em vez da escola contratar merendeiras, comprar os insumos e fazer a merenda, contrataram empresas privadas para fazer o serviço terceirizado. O resultado foi merenda de pior qualidade (em alguns casos, estragada), e custos mais altos.

O argumento neoliberal para a terceirização é reduzir custos. A insistência em terceirizar, mesmo com aumento nos custos e piora na qualidade, é clara evidência de corrupção, segundo denúncia do próprio Ministério Público Estadual.

O maior custo provoca rombo no orçamento, que tem que ser coberto com aumento de impostos (uma heresia para os neoliberais). Foi o que fez Kassab: promoveu aumento do IPTU.

Até os neoliberiais perceberam que o DEMos é um engôdo.

O futuro do DEMos

Devido à legislação eleitoral, os políticos filiados ao DEMos terão que ficar de castigo na sigla até as eleições de 2010. Se mudarem de partido, não poderão concorrer em 2010, pois é necessário 1 ano de filiação.

Os políticos do DEMos farão campanha procurando esconder a legenda. Darão ênfase apenas no nome do candidato, e usarão o poder econômico para "embelezar" a propaganda através do marketing político.

Após 2010, a tendência é o DEMos tornar-se nanico. Fará uma pequena bancada, e seu tempo na TV será reduzido ao tamanho da bancada. Deixará de ser um partido relevante. Nem mudar de nome adiantará para um partido pequeno. Deverá se dissolver, com parte se fundindo ao PSDB (criando oficialmente o que já é fato desde a eleição de FHC: o partido demo-tucano brasileiro). Outra parte fisiológica virará a casaca para uma sigla governista conservadora, como o PR, PP, ou outros partidos com características de frente partidária, que abriga as mais diversas tendências, como o PMDB.

O partido DEMos vaga como um fantasma na cena política brasileira, procurando encontrar alguma saída para salvar alguns de seus membros, mas o fato é que o partido já acabou, por decepcionar seu próprio eleitorado conservador. Só falta liquidar a massa falida após as eleições de 2010.

O futuro do PSDB

O PSDB é o mesmo engôdo dos DEMos. Foi criado com programa social-democrata, logo veio o primeiro engôdo: virou neoliberal, para rifar o patrimônio público e pendurar o Brasil em dívidas. Além disso, substituiu o diálogo político pela repressão policial aos movimentos sociais, demonstrando uma índole fascista.

Em seguida veio a segunda enganação a quem simpatizou com as políticas neoliberais e fascistas acima: submeter o cidadão a tarifas privadas escorchantes de pedágios, eletricidade, telefonia, com aumento impostos, o que até para neoliberais é outro engôdo.

Decepcionou também o eleitorado udenista, com os seguidos escândalos de corrupção nos governos de José Serra e Geraldo Alckmin (Alstom, Castelo de Areia, Satiagraha, PCC, CDHU, Detran, Serracard, as CPI's abafadas), Yeda Crusius (DETRAN, Operação Solidária, etc), Aécio Neves (Mensalão Tucano, Patranha da Cemig, etc), Beto Richa (Caixa-2 do Betogate, e mais aqui e aqui), Cássio Cunha Linha (cassação por compra de votos), etc.

Por fim, decepcionou até ao eleitorado fascista, com as facilidades que o PCC encontrou dentro da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Caminha para o mesmo destino do DEMos. Só terá uma sobrevida maior, por se tornar refúgio da oposição. Mesmo com uma oposição desidratada após 2010 deverá receber a fusão do DEMos e do PPS.

Fonte: Blog Amigos do Presidente Lula

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Financial Times: Lula, uma das 50 personalidades que moldaram a década

Novamente Lula é destaque no exterior. Dessa vez nas páginas do jornal Financial Times. Depois da matéria, colo um post de um comentário anonimo de um navegante. É no mínimo sensato.

Fonte:Site Terra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escolhido pelo jornal britânico Financial Times como uma das 50 personalidades que moldaram a última década. Segundo o diário, Lula entrou na lista porque "é o líder mais popular da história do Brasil".
"Charme e habilidade política sem dúvida contribuem (para sua popularidade), assim como a baixa inflação e programas de transferência de renda baratos, mas eficientes", diz o jornal.
"Muitos, inclusive o FMI, esperam que o Brasil se torne a quinta maior economia do mundo até 2020, trazendo uma mudança duradoura na ordem mundial."

Ainda no campo da política, o FT também destaca como as personalidades mais influentes da década o presidente do Irã, Mahmoud Ahamadinejad; o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama; a chanceler alemã Angela Merkel; o ex-presidente e atual primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin; e o presidente da China, Hu Jintao.
Vilões
O jornal selecionou também o que chamou de "alguns vilões" que acabaram por determinar o curso da história destes últimos dez anos, como o líder da rede Al-Qaeda, Osama Bin Laden, e o ex-presidente americano George W. Bush.
A lista do FT também inclui personalidades das áreas de negócios, economia e cultura. Muitas delas refletem o crescimento e o fortalecimento da internet e das novas tecnologias, como os empresários Jeff Bezos, da loja virtual Amazon; Meg Whitman, do eBay; Larry Page e Sergey Brin, do Google; Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams, do Twitter; Mark Zuckerberg, do Facebook; e Steve Jobs, da Apple.
Outras figuras foram eleitas pelo jornal britânico pelo mérito pessoal de terem se tornado ícones mundiais em suas áreas, como a escritora JK Rowling, autora dos livros do personagem Harry Potter; o jogador de golfe Tiger Woods; a apresentadora americana Oprah Winfrey; o diretor japonês de desenhos animados Hayao Miyazaki; o produtor de TV John De Mol, criador da fórmula do Big Brother; e os astros da música Beyoncé e Jay-Z.
"Listas como estas são subjetivas e, de certa maneira, arbitrárias, mas tentamos capturar indivíduos que tiveram um grande impacto no mundo ou em sua região - para o bem ou para o mal", explicou o jornal.

Comentário Anônimo:
A percepção de que Lula tem um quê de genial começa a ser falada por aí, embora um tanto timidamente, com parcimônia. Com um toque curioso: ela aparece mais em discursos que criticam e menos naqueles que elogiam.

Os aliados preferem não se manifestar sobre a poderosa intuição de seu líder, talvez para não passarem por bajuladores. Já os adversários lhe reconhecem os dons de raríssima acuidade política. Como eu disse, aqui e ali esse reconhecimento já se faz notar. Alguns, no entanto, ao se permitirem admitir o brilho político de Lula, adotam não o tom de elogio, como fez Nêumanne, mas um tom de admoestação. 


É gozado. Eles não o aplaudem: eles o acusam de ser um virtuose no jogo do poder. Eles o acusam de ganhar todas, de driblar os adversários a ponto de fazê-los perder o rumo, eles o acusam de ser um craque. A sua eventual genialidade, portanto, vira uma espécie de vantagem indevida, uma forma de concorrência desleal. Se dizem que ele é um craque, dizem-no apenas para pedir que se comporte, para exigir dele que não abuse de sua superioridade individual. É quase como se pleiteassem que o presidente fosse considerado hors-concours logo de uma vez, já que, contra ele, os normais não conseguem competir.

Mas, em geral, o discurso daqueles que tentam desqualificar o presidente passou por uma transição particularíssima. Antes, eles o atacavam porque ele não tinha diploma, não era poliglota e não lia cinco livros por semana. Agora, atacam-no por ter inteligência, sensibilidade e capacidade de liderança acima da média, mesmo sem ter pós-doc, mesmo sem saber recitar de cor, e em alemão, A crítica da razão pura. 


Atacam-no porque seus talentos se converteram agravantes, o raciocínio desses opositores é elementar: o fato de Lula ser um exímio articulador melhora o governo – o que, vejam bem, é péssimo, pois vem camuflar a incompetência que o cerca. O fato de Lula saber se comunicar com todas as camadas sociais, e isso de forma espontânea, sem ter de chamar os marqueteiros para “traduzir” suas mensagens, torna seu prestígio incontestável, dentro e fora do Brasil – o que é terrível, tenebrosamente terrível, pois mascara os interesses escusos que o sustentam. 


Segundo essa visão, que se expressa como um resmungo, teria sido melhor para a democracia se Lula fosse apenas mais um medíocre. Mas ele não é. Oh, Deus, ele não é medíocre.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

São Paulo - Choque de Gestão Administrativa

Na verdade estamos mesmo é em Estado de Choque por tamanha incompetência! Abaixo dois vídeos exemplares do choque de gestão administrativa na Cidade e no Estado de São Paulo. E o marketing manipulador que infesta os meios de comunicação de massa. De tanto que repetem as peças publicitárias, a população começa a pensar que é tudo verdade e que estão vivendo no paraíso. Mas no dia a dia, defrontam-se com o oposto disso:



São Paulo e o Rio Tietê - A Verdade: (des)Governo

Excepcional esclarecimento sobre  o (des)Governo de São Paulo, o rio Tietê, as enchentes que foram, e as que ainda virão neste 2010 que está chegando. É um descaso total das autoridades. E um tapa na cara dos eleitores que acreditaram na gestão Tucana pelos últimos últimos 14 anos. São Paulo não merece isso! Mas é o reflexo perfeito da velha máxima: "cada povo tem o governo que merece"! Lamentável...


Viomundo:

Conceição Lemes: Falta de limpeza do Tietê compromete obra bilionária que prometia acabar com enchentes

Atualizado em 28 de dezembro de 2009 às 00:49 | Publicado em 27 de dezembro de 2009 às 22:40
por Conceição Lemes

Experimente pesquisar as matérias sobre as enchentes de 8 de dezembro em São Paulo. Invariavelmente aparece este trecho do comunicado da Secretaria Estadual de Saneamento e Energia (SSE) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee):

O Daee executa periodicamente o desassoreamento e a limpeza dos rios Tietê, Cabuçu de Cima, Tamanduateí e dos piscinões do ABC e Pirajuçara e que só neste ano já foram retirados 380 mil metros cúbicos de sedimentos.

Reportagem de O Estado de S. Paulo afirma:

Anualmente, o Estado gasta cerca de R$ 27,2 milhões para retirar 400 mil m³ de sedimentos somente do Tietê, num trecho de 40 km. São quatro contratos que determinam retirada de 32 mil m³ por mês, para evitar enchentes.

A secretária de Energia e Saneamento, Dilma Pena, é uma das entrevistadas. Assim como na reportagem do Agora, de 11 de dezembro :

Em 2009, segundo Dilma [Pena] foram retirados 380 mil m³ de detritos. Segundo especialistas em drenagem urbana, o ideal seria retirar 1 milhão de m³ .


Na reportagem Enchentes em São Paulo refletem falta de governo, publicada pelo Viomundo, o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto aponta a falta do desassoreamento como uma das principais causas das inundações de 8 de setembro e 8 de dezembro na capital:

Na cidade de São Paulo, entre a barragem da Penha [Zona Leste] e o Cebolão [interligação entre as marginais Tietê e Pinheiros, Zona Oeste], o Tietê recebe aproximadamente 1,2 milhão de metros cúbicos de resíduos por ano. Se você deixar isso no fundo do rio, a capacidade dele diminui. E o que o Departamento de Águas e Energia Elétrica, o Daee do governo do Estado de São Paulo, tem feito? O Daee faz a limpeza, mas tira apenas 400 mil metros cúbicos por ano.


TEM CERTEZA DE QUE O DAEE LIMPA O TIETÊ ANUALMENTE?


O desassoreamento anual de 380 mil ou 400 mil metros cúbicos de resíduos (lixo, dejetos, erosão, material de terraplenagem) da barragem da Penha ao Cebolão tornou-se versão oficial. A informação não foi desmentida pela SSE nem pelo Daee. Os próprios especialistas acabaram acreditando nela. Entre eles, o professor Júlio Cerqueira César Neto, que foi professor de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP.
Mas será que realmente pelo menos os 380 mil ou 400 mil metros cúbicos de resíduos foram removidos em 2006, 2007 e 2008?

Uma primeira busca nos portais do Daee e da secretaria de Saneamento e Energia, nada a respeito.

Em dezembro de 2005, o alargamento e aprofundamento da calha do Tietê, iniciados em 2002, foram concluídos. A obra custou RS 1,7 bilhão (valor atualizado pelo IGD-DI).

Da barragem da Penha ao Cebolão (trecho principal do Tietê na capital, é o que transborda),  o rio foi rebaixado em cerca de 2,5 metros; 9 milhões de metros cúbicos de lixo e terra foram removidos. Segundo o governo estadual, a probabilidade de inundação caíra de 50% para 1%. A obra foi inaugurada em 19 de março de 2006 pelo governador Geraldo Alckmin.

A partir daí, as referências encontradas em portais vinculados aos órgãos do governo do estado sobre desassoreamento do Tietê se relacionam ao edital de licitação, realizada em 18 de setembro de 2008, e a notícias sobre o andamento da obra.

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Entre dezembro de 2005, término da obra da calha, e outubro de 2008, início da vigência do contrato de desassoreamento, há um “buraco”. Um período sem explicações sobre limpeza do Tietê.

O Viomundo questionou a assessoria de imprensa da secretaria de Energia e Saneamento (SSE) sobre a limpeza em 2006, 2007, 2008 e 2009. O motivo:  a falta de dados oficiais mostrando que os 380 mil ou 400 mil metros cúbicos foram removidos nos três primeiros anos.

 “A limpeza é feita sistematicamente todo ano”, diz por telefone a esta repórter o assessor de imprensa da SSE, Hugo Almeida. “Tem máquinas limpando o Tietê o ano inteiro.”

A repórter insistiu. Enviou e-mail a Hugo Almeida e, por orientação dele, também a Gregory Melo (da assessoria de imprensa do Daee, órgão vinculado à SSE). Reenviou a mensagem mais três vezes. Nenhum dos dois retornou.

A repórter reforçou por telefone a solicitação à assessoria de imprensa da SSE, já que, segundo ela, as informações seriam fornecidas pela SSE e não pelo Daee.

A primeira ligação, na segunda-feira cedo, 21 de dezembro, Hugo Almeida atendeu:

– Estou indo atrás das informações para você, mas esses documentos são difíceis, faz muito tempo...

– É impossível instituições como as de vocês [Daee e SSE] não terem esses documentos à mão, arquivados ou no Diário Oficial do Estado... São comprovações atestando que esses serviços foram feitos... Preciso deles, sim... São indispensáveis para a minha matéria...

Seguiram-se outros telefonemas para o assessor de imprensa: “Ele não está”. “Está numa reunião”. “Volta mais tarde”. “Deu uma saidinha, mas volta”. “Acabou de sair”...

Invariavelmente essas respostas eram precedidas pelo “Quem gostaria de falar? Vou verificar...”. Fazia-se breve silêncio. E aí vinha a negativa manjadíssima, aliás.

Na terça-feira, 22, como a mudez do outro lado era absoluta, esta repórter tentou logo cedo contato. Júnior, assistente da assessoria de imprensa, informou: “O Hugo não está, só volta no final da tarde”.

 A  repórter ligou de novo, mas, propositalmente, deu um nome qualquer sem sobrenome.

Adivinhem o que aconteceu? Hugo atendeu.

– Hugo, tive de utilizar este subterfúgio para você me atender? Por que não responde aos meus e-mails nem atende as minhas ligações. Não é mais fácil... Apenas quero saber se foi desassoreamento em 2006, 2007 e 2008 e os documentos comprovando...

Inicialmente, o assessor de imprensa da SSE/Daee tentou ser dono da verdade. Não deu certo. Acabou entregando os pontos:

– Não vou dispor das informações que você quer – disse e desligou.

O RIO TIETÊ FICOU QUASE TRÊS ANOS SEM SER DESASSOREADO?

A atitude da assessoria de imprensa, o fato de que enchentes que não deveriam ter acontecido aconteceram e as chuvas moderadas (nas duas inundações deste ano São Pedro está completamente isento) são fortes indícios de que o governo do Estado do São Paulo pode não ter removido os 380 mil ou  400 mil metros cúbicos de resíduos do Tietê em  2006, 2007 e 2008 (de janeiro a outubro).
Outro indício foi dado pelo engenheiro João Sérgio, responsável pela barragem da Penha, em entrevista à repórter Fabiana Uchinaka, do UOL, quando questionado sobre o fato de que o nível das águas no Jardim Pantanal, à montante da barragem, permanecia alto dias depois das chuvas terem cessado.
Disse o engenheiro:
"Também acho estranho o nível da água não baixar aqui e não sei por que está indo para os bairros, mas não precisa ser especialista para ver que está assoreado [o rio]".
Em português claro: o rio Tietê pode ter ficado quase três anos sem ser desassoreado.

“Como, nem os 400 mil anuais foram retirados em 2006, 2007 e 2008?!”, espantou-se o professor Júlio Cerqueira César. “Eu estive na inauguração da calha do Tietê, e o Geraldo Alckmin anunciou na frente de autoridades, engenheiros, técnicos um contrato para a manutenção da limpeza. Achei ótimo. Agora, faltar com verdade, não cumprir nem isso, já é demais!"

Na época, Geraldo Alckmin afirmou que, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), um consórcio seria o responsável pela manutenção da calha do rio. O Viomundo apurou que a PPP não vingou. O setor privado não demonstrou interesse. Foi somente no segundo semestre de 2008 que o governo do Estado de São Paulo resolveu licitar o desassoreamento de 400 mil metros cúbicos de sedimentos do Tietê.

“Isso significa que a limpeza do Tietê não foi feita no último ano do Alckmin e nos primeiros dois anos do Serra”, sente-se ludibriado o professor Júlio. “Um descalabro. A situação do Tietê está muito pior do que eu imaginava. Tudo o que se ganhou com o rebaixamento da calha foi perdido!”

Da barragem da Penha ao Cebolão, relembramos, são lançados anualmente no rio Tietê cerca de 1,2 milhão de metros cúbicos (1,2 milhão m³ ) de sedimentos. A partir daí o professor Julio fez as contas:

* 1,2 milhão m³  (em 2006) + 1,2 milhão m³ (2007) + 1 milhão m³  (em 2008, janeiro a final de outubro) = 3,4 milhões de metros cúbicos.

* Portanto, até outubro de 2008, já havia depositado na calha do leito do Tietê um passivo de 3,4 milhões de metros cúbicos.

* Do final de 2008 a dezembro de 2009, segundo a secretaria Dilma Pena, removeram-se 380 mil metros cúbicos.  Ou seja, permaneceram no Tietê  820 mil metros cúbicos.

* Pois bem, somando os 3,4 milhões de metros cúbicos (não tirados de 2006 a final de 2008) com os 820 mil metros cúbicos (não removidos de 2008 /2009), o rio Tietê está com, pelo menos, 4,2 milhões de metros cúbicos de terra e lixo.

Conclusão 1: Atualmente, estima-se, o Tietê tem ao redor 4,2 milhões de metros de sedimentos depositados no seu leito na capital. É como se quase metade dos 9 milhões de metros cúbicos retirados durante a obra calha tivesse sido jogada, de novo, dentro do rio.

Conclusão 2: Os 4,2 milhões de metros cúbicos dão uma altura de sedimentos de 4,2 metros. Supera de longe, portanto, os 2,5 metros de aprofundamento da calha.

Conclusão 3: O nível do Tietê voltou ao que era antes das obras da calha; R$ 1,7 bilhão praticamente jogado no lixo.

“Mantido o ritmo de entrar mais sedimentos do que sai, o Tietê vai ‘acabar’ na capital e a cidade submergir”, alerta o professor Júlio Cerqueira César. “É um descalabro.”

“O governo estadual não ter feito nada em quase três anos é muito sério. Toda a capacidade de vazão ganha com a ampliação da calha é perdida”, adverte o geólogo e consultor de geotecnia e meio ambiente Álvaro Rodrigues dos Santos, que já foi responsável pela Divisão de Geologia e diretor de Gestão e Planejamento do IPT (Instituto de Pesquisas  Tecnológicas, de São Paulo). “O Tietê transbordou em setembro e dezembro por estar totalmente assoreado. A vazão máxima dele nessas ocasiões foi de cerca de 700 metros cúbicos/segundo. Se estivesse limpo, seria próxima de 1,100 metros cúbicos /segundo e não teria transbordado.”

“Na verdade, eles [governo estadual] valem-se do desconhecimento técnico da população e da imprensa”, põe o dedo na ferida o geólogo Álvaro dos Santos, e vai fundo. “Com o não desassoreamento, eles sabiam perfeitamente que São Paulo corria o iminente risco de enfrentar tragédias como as de 8 de setembro e 8 de dezembro. Infelizmente em janeiro, fevereiro e março, meses naturalmente mais chuvosos, estaremos, de novo, na alça de mira das inundações. Ameaçou chover? Fuja das marginais. E se você mora em áreas sujeitas a inundações, chame imediatamente os bombeiros!”

O professor Júlio Cerqueira César Neto assina embaixo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

A popularidade de Lula por Marcos Coimbra do Vox Pupuli

Lí no Viomundo do Azenha:

Atualizado e Publicado em 27 de dezembro de 2009 às 21:44
2009 na política: a popularidade de Lula

por Marcos Coimbra

Correio Braziliense - 27/12/2009
Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime
Como fizemos no final do ano passado, a coluna de hoje e as próximas duas são dedicadas a um balanço do ano político que termina. Nelas, vamos discutir três assuntos que poderiam ser considerados os mais importantes de 2009.

Em um repeteco de 2008, o primeiro e o que mais impacto teve na nossa vida política este ano voltou a ser o tamanho da popularidade de Lula. Ela chega, neste dezembro, a novos níveis históricos e influenciou de maneira decisiva o segundo tema de que trataremos, a maratona eleitoral em direção a 2010, uma corrida tão longa que ameaça deixar esgotados candidatos e eleitores.

Lula tem hoje uma popularidade que não conhecíamos em nossa experiência democrática. Sobre os presidentes da República de 1945, quase não há dados comparáveis, mas toda a evidência, baseada em outras fontes, diz que não. Quem consultar a imprensa do período, quem ler seus intérpretes, quem tiver memória própria, saberá que nenhum deles gozou da unanimidade com que conta o atual. Fora o fato de todos, com a possível exceção de Dutra, terem enfrentado crises agudas onde seus mandatos foram questionados, através de golpes, ameaças de golpe e sublevações diversas, de origem civil ou militar.

Da redemocratização em diante, o mesmo. Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique, cada um à sua maneira, tiveram seus auges de aprovação. No governo Sarney, ele foi alcançado dois anos depois da posse e durou alguns meses, na breve vida do Plano Cruzado. Quando o plano acabou de maneira decepcionante, Sarney nunca mais se recuperou.

O de Collor foi o mais engraçado, pois aconteceu antes que chegasse ao governo. No intervalo entre a vitória em dezembro de 1989 e a posse em março de 1990, as pesquisas mostraram que eram elevadíssimas as expectativas sobre seu desempenho e a avaliação positiva quase universal. Do discurso de posse ao final antecipado do governo, no entanto, os números só foram ladeira abaixo.

Itamar experimentou algo parecido, mas terminou de maneira diferente. Quando assumiu, em meio à crise do impeachment, toda sociedade torcia por ele e lhe tinha apreço. Mas seu governo teve uma aprovação sempre declinante, até ser recuperado pelo Plano Real. Se Sarney começou baixo (pela frustração com a morte de Tancredo e a desconfiança que contra ele existia), subiu (com o Cruzado) e terminou mais baixo ainda, Itamar fez o percurso inverso: de alto a baixo e depois a alto de novo.

Sobre a avaliação de Fernando Henrique, o que mais chama a atenção, atualmente, é quão mal ela resistiu à passagem do tempo. Ao contrário dos bons vinhos, quanto mais tempo passa, pior fica. Os elementos que fizeram com que ela fosse elevada, há poucos anos, como que sumiram. As realizações de seu governo, decisivas para que o país estivesse hoje melhor, ficaram secundárias, frente à antipatia com que é visto pela maioria das pessoas.

E Lula? Não só sua avaliação média, nos últimos dois anos, ganha de goleada da que todos tiveram, quanto os ultrapassa nos seus picos de popularidade. Ou seja, o Lula do dia a dia é mais bem avaliado que o Sarney do Cruzado, o Collor de antes da posse, o Itamar do dia da posse, o FHC do Plano Real.

Deixando de lado as explicações que têm sido aduzidas para esse fenômeno, de uma coisa podemos estar certos: a campanha eleitoral de 2010 só vai fazer com que Lula fique maior. Do lado de Dilma, sua figura será enaltecida a ponto de se confundir com os arcanjos e os querubins. Sua campanha dirá que a obra de Lula é extraordinária, para justificar sua proposta de apenas mantê-la. Do lado de Serra, ele mesmo tem afirmado que pretende polemizar é com Dilma, pois quer tudo, menos se defrontar com o presidente.

Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime. Querendo, voltaria à Presidência quantas vezes pudesse.

O perigo é que, nesse ponto, só sua convicção democrática nos separaria de outra aventura autoritária. Ainda bem que a tem.
MARCOS COIMBRA é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Le Monde e LULA - Reconhecimento do Estadão

MÍDIA - A escolha de Lula pelo Le Monde.


Homenagem do Le Monde a Lula repercute no Estadão

Gilles Lapouge, o veterano correspondente do Estado de S. Paulo em Paris, comenta no jornal paulista desta sexta-feira (25) a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como 'personalidade do ano 2009' pelo jornnal Le Monde, que considera "o melhor periódico da França". Lapouge conclui, olhando a foto de Lula na capa do Monde, que a Providência desta vez "acertou em cheio", pois "valeu a pena". Veja o artigo.

Lula no jornal: 'Figura simpática'
O jornal Le Monde é o melhor periódico da França. Uma referência internacional. Na véspera do Natal, parte da sua primeira página foi ocupada por uma figura sorridente, simpática, simples - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este ano, com efeito, e pela primeira vez, o Le Monde nomeou o brasileiro "personalidade do ano", como faz na América Latina o Times.

O diretor do jornal explicou as razões. "Barack Obama? Ele merecia essa indicação no ano passado, mais do que este ano. Putin? Ou Mahmoud Ahmadinejad? Não, Le Monde pretende ser um jornal de reconstrução e de esperança. Na linha do "positivismo de Auguste Comte", ele toma o partido dos "homens de boa vontade".

Um retrato de Lula foi feito pelo correspondente do jornal no Brasil, Jean-Pierre Langellier. O fio condutor? O Brasil, que há tanto tempo tinha o rótulo interessante, mas deprimente de "país do futuro", encontrou finalmente o seu futuro. "Como um gigante por muito tempo adormecido, ele acorda, se endireita, se estica, descobre os seus músculos e olha longe, para além da sua própria imensidão, para o mundo, que aspira ser um dos principais protagonistas".

No texto, ele ressalta a espontaneidade do presidente. "Sua autoridade natural, seu carisma, seu humor despertam simpatia e respeito. Tão à vontade nas favelas quanto nas sessões de foto na primeira fila ao lado de chefes de Estado seus pares, Lula é popular aqui e lá".

Jean-Pierre Langellier destaca também a impressão que Lula provocou em outro homem fascinante, Barack Obama. Lula foi o primeiro dirigente americano a ir à Casa Branca e Obama recebeu-o, dizendo "ele é o cara". Mais adiante, acrescenta que "Lula foi o seu próprio herói. À força da inteligência, coragem e obstinação, ele se forjou um destino improvável que é um exemplo para os mais humildes".

Langellier fala dos discursos de Lula. "Sua trajetória fora do comum é confirmada por suas palavras. Quando ele evoca o destino dos camponeses do Nordeste obrigados a beber água suja do rio, ou a epopeia dos migrantes, desenraizados como ele e que se tornaram metalúrgicos na periferia de São Paulo, sua palavra é legítima". Mesmos nos raros momentos em que Lula se autoriza ser mais vulgar, sua palavra ainda assim tem algum peso. Como quando disse "quero tirar o povo da merda onde ele se encontra".

E Langellier continua com um desfile de sucessos e triunfos do Brasil, por exemplo em matéria econômica, mas insiste sobretudo na dimensão internacional que Lula quis, obstinadamente, se dar.

Há muito tempo, Lula declarou: "Quero mudar a geografia política e econômica do mundo. O Brasil não pode ficar sentado na cadeira esperando ser descoberto".

E seguem algumas etapas dessa subida do Brasil para as grandes cúpulas. A elevação do G-20, do qual Lula é um membro ativo, à condição de diretório informal da economia mundial e, depois, essa chacota de Lula: "Gostaria de passar à posteridade como o primeiro presidente brasileiro que deu dinheiro ao FMI. Emprestar para o FMI não é chique?". Em 2009, o Brasil emprestou US$ 1,3 bilhão ao Fundo Monetário Internacional.

Quando terminamos de ler o longo artigo de Langellier, voltamos à primeira página. E olhamos longamente a foto do presidente brasileiro.

E nos dizemos que a Providência ou o destino dos povos, tão cega, tão mal inspirada ou tão frívola no geral, desta vez acertou em cheio. Uma figura simpática como essa, realmente vale a pena.

Fonte: O Estado de S. Paulo
Lido no Blog de Um Sem Mídia

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

1ª Confecom: o Brasil que a mídia monopolista escondeu

Reproduzo artigo do Site "O Vermelho" com uma leitura-resumo sobre a Primeira Conferencia Nacional de Comunicação realizada em Brasilia neste mês de Dezembro. Claro que o PIG foi, é e será eternamente contrário á essa nova ordem proposta para a comunicação de massas no Brasil.
Mas vale lembrar que somos um povo independente de tudo, menos da mídia golpista e corporativista. Precisamos há muito tempo de informações verdadeiras, isentas, realistas e não de lavagem cerebral nem muito menos sermos adestrados como bichos pelos "mesmos de sempre".
(A televisão me deixou burro muito burro demais... agora todas coisas que eu penso me parecem iguais...- Titãs na música televisão de 1985).
Até agora é simplesmente assim que se comporta o PIG, fazendo o que bem entende com a cabeça da população. Mas esse quadro já está em profunda transformação.

Os barões da mídia tiveram que se confrontar, durante os debates da 1ª Confecom, com um Brasil ausente do noticiário impresso e eletrônico. É o Brasil real, inquieto, insubordinado e em profunda transformação, e do qual eles, os monopolistas da comunicação, não gostam.

Por José Carlos Ruy

E recusam debater. Antes mesmo da realização da Confecom (que reuniu em Brasília 1684 delegados, de todos as unidades da federação, entre 14 e 17 de dezembro) seis das oito entidades representativas dos grandes jornais, revistas e redes de televisão, anunciaram sua recusa em debater uma formatação democrática para o exercício do direito constitucional da comunicação, que os barões da mídia reduzem a um mero negócio privado que deve, em sua opinião, ficar ao abrigo da lei e de qualquer regulamentação.

Terminada a conferência, feito júpiteres olímpicos, lançaram seus raios condenatórios contra a reunião e contra os que participaram dela e aprovaram teses contarias aos interesses dos monopolistas. O jornal O Globo puxou uma ladainha patronal unânime ao caracterizar as medidas aprovadas "restritivas à liberdade de imprensa, de expressão e da livre iniciativa". O editorial do Jornal Nacional do dia 16 tentou — como era previsto — desqualificar a conferência. Alegou que sua representatividade estava "comprometida" pois "seis das mais importantes entidades empresariais" deixaram de participar dela por considerarem “as propostas de estabelecer um controle social da mídia uma forma de censurar os órgãos de imprensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informação e a livre iniciativa, todos previstos na Constituição”.

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert, cujo principal membro é a Rede Globo) chamaram de “preocupante” e um “retrocesso” o resultado da conferência. A revista Veja, um notório baluarte dos interesses mais conservadores em nossa sociedade, comparou em seu site o modelo "da imprensa com que sonham os representantes formais da esquerda no Brasil" ao diário cubano Granma, e disse que a cara desse modelo "é de arrepiar". Para Veja, o resultado "do encontro foi um funesto documento que revela quão vigorosamente os impulsos totalitários correm na veia da maioria de seus signatários". O título do editorial da edição seguinte à Confecom (a Carta do Leitor da edição de 23/12/2009) assegurava: "Eles querem banir a liberdade de imprensa", com propostas "estapafúrdias" para "amordaçar a imprensa"; no final, pediu o enterro "do entulho autoritário, socializante e retrogrado produzido na Confecom". O Estado de S. Paulo, quase sempre sóbrio em seus editoriais, perdeu as estribeiras e disse que a medida mais sensata do governo seria, andar "para a lata do lixo" todas as propostas aprovadas pela Confecom.

O motivo de toda esta aversão fica nítido quando se examina a lista das principais teses aprovadas na semana passada em Brasília. Elas incluem desde a criação do Conselho Nacional de Comunicação (que o baronato midiático tenta desqualificar chamando-o de Conselho Federal de Jornalismo para lembrar a proposta que foi debatida em 2004 e teve repulsa geral), uma nova Lei de Imprensa, o código de ética para o jornalismo (com a garantia explícita do direito de resposta do acusado por matéria jornalística, a definição de abuso do direito de liberdade de imprensa e as penalidades no caso de transgressões devidamente comprovadas), a cláusula de consciência (inaceitável para os patrões, costumeiros em impor aos jornalistas pautas que afrontam sua consciência, sua ética e suas convicções), a cota de 10% da programação educativas, culturais, informativas e artísticas no rádio e na tevê e de 50% de programação nacional nos pacotes de tevê por assinatura, a redução de 30% para 10% a presença de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de comunicação, além de medidas que favorecem a rádio e tevê comunitárias (as propostas aprovadas foram listadas no artigo “Veja quais foram as bandeiras históricas aprovadas na Confecom”, de Cristina Charão, do Observatório do Direito à Comunicação, republicada no Vermelho).

Um dos saldos da Confecom foi explicitar a alienação profunda dos monopolistas brasileiros da mídia em relação ao Brasil e a seu povo, cuja imagem real não é aquela que seus meios de comunicação noticiam. Os delegados presentes à Confecom (não só da sociedade civil, mas também muitos empresários pequenos e médios) reiteraram a exigência de democratização profunda deste chamado "quarto poder" constituído pela mídia. Ele é um dos únicos "poderes", ou uma das únicas "instituições", que não viveram as mudanças democráticas do quarto de século desde o final da ditadura militar de 1964, e que vivem ainda num mundo onde impera a lógica coronelística anterior mesmo à revolução liberal de 1930. O Brasil está mudando e precisa de uma comunicação atualizada com suas novas exigências de aprofundamento da democracia, salvaguarda dos interesses populares e nacionais, e defesa da nação. O que se assistiu em Brasília, durante 14 a 17 de dezembro, foi a manifestação de que a mídia dominante não serve para isso, e precisa ser mudada. Desse ponto de vista, a 1ª Confecom foi vitoriosa, principalmente pela aprovação de medidas capazes de subordinar o caráter empresarial da mídia à sua função constitucional de informar livre, ampla e multilateralmente.
Fonte: O Vermelho

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Como "Operar" o Direito no Brasil - Segundo Guilherme Hanesh

Lido no Blog Viomundo do Luiz Carlos Azenha.
















 21/12/2009 - 23:04
Lições sobre processo penal
Por Guilherme Hanesh, no
blog do Nassif

Lições de processo penal, conforme ensinamentos dos sábios advogados do banqueiro. Leitura obrigatória para qualquer estudante de direito:

1) Quando a coisa apertar no Juiz de primeira instância, promova uma campanha de difamação contra ele na imprensa, pague lobistas, jornalistas e assessores de imprensa para dizerem que o Juiz é isso ou aquilo, lance suspeição sobre casos passados, assassine reputações, utilize sites de assessoria jurídica para reforçar as teses e depois vá a qualquer tribunal superior e alegue suspeição do magistrado. A suspensão do processo é líquida e certa.

2) Se o Juiz de primeira instância estiver julgando rápido, estiver convicto dos crimes, entupa o escaninho dele de petições. 100, 200, 300, 600, não importa, desde que sejam muitas. Alguma delas o Juiz não vai conseguir responder adequadamente, alguma delas será esquecida na mesa de um assistente qualquer, e basta isso para que se diga que o Juiz não respeitou o direito de defesa. Depois, vá aos tribunais superiores e pronto. Direito de defesa assegurado, juiz sob suspeição, caso encerrado.

3) Quando quiser alegar cerceamento de direito de defesa, é fácil: plante em um ou dois veículos de imprensa amigos a história de que entre as provas está uma agenda telefônica de alguém com dados comprometedores sobre qualquer coisa. Depois, diga ao Juiz de primeira instância que você não está achando essa informação, mas que o dado “saiu na imprensa” e que constaria entre as provas. Peça para o Juiz mandar escanear todas as dezenas de milhares de páginas do processo, copiar não sei quantas vezes todos os CDs e DVDs, passar para um pendrive todos os arquivos eletrônicos, e se possível peça isso para o dia seguinte. O Juiz certamente vai dizer que isso é desnecessário ou protelatório. Vá então ao STF e peça para que um ministro qualquer mande colocar tudo em um caminhão e mandar para Brasília. É garantia de sucesso.

4) Quando a coisa estiver feia mesmo, lembre-se que acima do Supremo há ainda o Conselho Nacional de Justiça, que é um Supremo de um homem só. Ali pode-se resolver qualquer parada, desde uso de algema até suspeição de juiz.

5) Na semana que começarem a ouvir testemunhas e suspeitos dos crimes praticados, sobretudo se o crime for lavagem de dinheiro e evasão de divisas para fundos Anexo IV, é fundamental soltar na imprensa camarada umas notinhas do tipo “as provas foram mal interpretadas” ou “misturaram fundos brasileiros com estrangeiros” ou ainda “nossos advogados, fulano e ciclano, garantem que todos os cotistas estarão protegidos pois atestarão que nunca fizeram nenhum depósito no fundo de Cayman”. Enquanto o ser humano não desenvolve a habilidade da telepatia, essa é a melhor forma de combinar depoimento.

6) Aproveite, sempre, a época do recesso do Judiciário para entrar com pedidos de habeas corpus ou liminares. O recesso acontece duas vezes ao ano, em um total de quatro meses por ano, então a chance de conseguir aproveitar uma data festiva dessas é de 25%. É nessa época que as decisões são tomadas por um homem só, que fica mais fácil falar com o juiz, desembargador ou ministro, e conseguir uma canetada com pelo menos dois meses de validade.

7) Não se preocupe se a lógica disser que todas essas medidas são absurdas. Você está no Brasil. Aqui, há independência entre os poderes, desde que a independência seja o Judiciário dá palpite em tudo, o Legislativo é dependente do bolso de alguém e o executivo tem ministros bananas que ou dão guarida às teses dos bandidos plantadas pela imprensa amiga, sobretudo no caso envolvendo maletas de espionagem, ou são bananas a ponto de abaixarem a cabeça para o auto-proclamado “chefe” do Judiciário. E o presidente? Ah, se você der sorte, o presidente terá 75% de aprovação e estará sem nenhuma vontade de colocar a mão nesse vespeiro.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Juiz do STJ erra e favorece o banqueiro Daniel Dantas

Daniel Dantas - o banqueiro bandido segundo o Delegado Protógenes - recebe quase que um indulto de natal da justiça em São Paulo. Justiça? (sic).
Abaixo artigo do Maierovitch:

Daniel Dantas
Daniel Dantas

O Superior Tribunal de Justiça, por decisão cautelar do ministro Arnaldo Esteves Lima, da 5ª Câmara, (1) suspendeu  as apurações policiais relativas à Operação Satiagraha, (2) afastou o juiz Fausto de Sanctis e (3) paralisou todos os atos investigatórios e processuais em curso.

No jargão popular, “colocou-se tudo no congelador”. Tudo paralisado, no interesse do potente banqueiro Daniel Dantas, já condenado à pena de 10 anos de reclusão e mais R$12 milhões de multa patrimonial por consumada corrupção.

Por coincidência, a decisão judicial faz recordar uma certa interceptação telefônica referente à “quadrilha” do banqueiro Dantas, que, num restaurante da capital de São Paulo e com tudo filmado e gravado, quis corromper a polícia federal.

Da referida interceptação constou que Daniel Dantas apenas temia os juízes de primeiro grau, instância inicial. Nos tribunais superiores, acertava tudo.

O ministro Arnaldo Esteves Lima errou e minou, com a sua decisão, a segurança social, pública. Suspender toda a atividade policial diante de um oceano de indicativos de crimes graves, representa, no mínimo, um ato temerário, data vênia. Uma inversão tumultuária, contra o prevalente interesse público e à luz de veementes indícios de gravíssimos crimes.

Em outras palavras, com habeas corpus canhestro conferido a Daniel Dantas pelo ministro Gilmar Mendes, e confirmado por voto do relator Eros Grau, ambos do Supremo Tribunal Federal (STF), só faltava parar com a investigação e o processo. E Daniel Dantas, com a liminar do ministro Arnanldo Esteves Lima, conquistou, embora provisoriamente,  um “bill” (declaração) de indenidade.

Afastar um juiz cautelarmente por suspeição, tudo bem. Mas, não colocar outro no lugar, em substituição e para tocar atos urgentes, só favorece o infrator, ou melhor, a criminalidade operada pelos potentes.
Mais uma vez, Daniel Dantas obtém sucesso na Justiça.

Pano Rápido: Um pequeno aviso. Não estamos mais no tempo do obscurantismo. Portanto, decisão judicial pode ser comentada e criticada. Num Estado democrático, a decisão judicial tem de ser cumprida, mas não está imune à crítica.

–Wálter Fanganiello Maierovitch–
Fonte: Blog Sem Fronteiras

Carta Maior: O embate entre o governo Lula e a Rede Globo

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção. O artigo é de Dario Pignotti, publicado originalmente no Le Monde Diplomatique (Edição Cone Sul e Espanha).

No início da década de 1980, centenas de milhares de brasileiros cantaram em coro “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!”, quando a corporação na qual se apoiou a ditadura militar censurou as mobilizações populares contra o regime militar, utilizando fotonovelas e futebol para tentar anestesiar a opinião pública. Hoje, um segmento crescente do público brasileiro expressa seu descontentamento frente o grupo midiático hegemônico. Medições de audiência e investigações acadêmicas detectaram um dado, em certa medida inédito, sobre as relações de produção e consumo de informação: a credibilidade da rede Globo, inquestionável durante décadas, começa a dar sinais de erosão.

Contudo, é possível perceber uma diferença substantiva entre a indignação atual e o descontentamento daqueles que repudiavam a Globo durante as mobilizações de três décadas atrás em defesa das eleições diretas (1). Em 1985, José Sarney, primeiro presidente civil desde o golpe de Estado de 1964, obstruiu qualquer pretensão de iniciativa reformista relativa à estrutura de propriedade midiática e ao direito à informação, em cumplicidade com a família Marinho – proprietária da Globo, da qual, aliás, era sócio. O atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, parece disposto a iniciar a ainda pendente transição em direção à democracia na área da comunicação.

No início de 2009, no Fórum Social Mundial realizado na cidade de Belém, Lula convocou uma Conferência Nacional de Comunicação. A partir daí, mais de 10 mil pessoas discutiram em assembléias realizadas em todo o país os rumos da comunicação e definiram propostas para levar para a Conferência, realizada de 14 a 17 de dezembro, em Brasília. “É a primeira vez que o governo, a sociedade civil e os empresários discutem a comunicação; isso, por si só, já é uma derrota para a Globo e sua política de manter esse tema na penumbra (...) O presidente Lula demonstrou estar determinado a instalar na sociedade um debate sobre a democratização das comunicações; creio que isso terá um efeito pedagógico e poderá converter-se em um dos temas da campanha” (de 2010), assinala Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior e delegado na Conferência.

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção.

Lula configura um “fenômeno comunicacional singular; o povo acredita nele, não só porque fala a linguagem da gente simples, mas porque as pessoas mais carentes foram beneficiadas com seus programas sociais; isso é concreto, o Bolsa Família atende a 45 milhões de brasileiros que não prestam muita atenção ao que diz a Globo”, observa a professora Zélia Leal Adghirni, doutora em Comunicação e coordenadora do programa de investigação sobre Jornalismo e Sociedade da Universidade de Brasília.

“Por que Lula ganhou duas vezes as eleições (2002 e 2006), uma delas contra a manifesta vontade da Globo? Por que Lula tem uma popularidade de 80%?”, pergunta Adghirni (2), para quem “as teorias de comunicação clássica que estudamos na universidade não são aplicadas ao fenômeno Lula.Desde a teoria da ‘agulha hipodérmica’ até a da ‘agenda setting’, dizia-se que os meios formam a opinião ou pautam o temário do público, mas com Lula isso não ocorre: os meios de comunicação estão perdendo o monopólio da palavra”.

Por outro lado, como se sabe, a construção de consensos sociais não se galvaniza só com mensagens racionais ou versões críveis da realidade, também é necessário trabalhar no imaginário das massas, um território no qual a Globo segue sendo praticamente imbatível. A empresa do clã Marinho controla o patrimônio simbólico brasileiro: é a principal produtora de novelas e detém os direitos de transmissão das principais partidas de futebol e do carnaval carioca (3).

Frente à gigantesca indústria de entretenimento da Globo, o governo é praticamente impotente. Não obstante, a imagem do presidente-operário provavelmente ganhará contornos míticos em 2010, com o lançamento do longa-metragem Lula, o filho do Brasil, que será exibido no circuito comercial e em um outro alternativo (sindicatos e igrejas). O produtor Luis Carlos Barreto prevê que cerca de 20 milhões de pessoas assistirão à história do ex-torneiro mecânico que se tornou presidente, o que seria a maior bilheteria da história no país.

O balanço provisório da política de comunicação de Lula indica que esta tem sido errática. Em seu primeiro mandato (2203-2007), impulsionou a criação de um Conselho de Ética informativa, iniciativa que arquivou diante da reação empresarial. Após essa tentativa fracassada, o governo não voltou a incomodar as “cinco famílias” proprietárias da grande imprensa local, até o final de sua primeira gestão.

Em seu segundo governo – iniciado em 1° de janeiro de 2007, Lula nomeou Hélio Costa como ministro das Comunicações, um ex-jornalista da Globo que atua como representante oficioso da empresa no ministério. Mas enquanto a designação de Costa enviava um sinal conciliador aos grupos privados, Lula seguia uma linha de ação paralela.

Em março de 2008, o Senado, com a oposição cerrada do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovou o projeto do Executivo para a criação da Empresa Brasileira de Comunicações, um conglomerado público de meios que inclui a interessante TV Brasil, para a qual, em 2010, o Estado destinará cerca de 250 milhões de dólares. O generoso orçamento e a defesa da nova televisão pública feita pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) indicavam que Lula havia decidido enfrentar a direita política e midiática. Ao mesmo tempo em que media forças com a Globo – ainda que não de forma aberta -, Lula aproximou posições com as empresas de telefonia (interessadas em participar do mercado de conteúdos e disputar terreno com a Globo) e algumas televisões privadas, como a TV Record -de propriedade de uma igreja evangélica (4).

A estratégia foi tomando contornos mais firmes no final do mês de outubro quando Lula defendeu, durante uma cerimônia de inauguração dos novos estúdios da Record no Rio de Janeiro, o fim do ‘pensamento único’ capitaneado por alguns formadores de opinião (em óbvia alusão à Globo) e a construção de um modelo mais plural. Dias mais tarde, o mesmo Lula afirmava: “Quanto mais canais de TV e quanto mais debate político houver, mais democracia teremos (...) e menos monopólio na comunicação” (5).

Com um discurso monolítico e repleto de ressonâncias ideológicas próprias da Doutrina de Segurança Nacional (como associar qualquer objeção à liberdade de imprensa empresarial com ocultas maquinações “sovietizantes”), o grupo Globo lançou uma ofensiva, por meios de seus diversos veículos gráficos e eletrônicos, contra a incipiente tentativa do governo de estimular o debate sobre a atual ordem informativa, que alguns definem como um “latifúndio” eletrônico.

O primeiro passo neste sentido, assinala Joaquim Palhares, foi “esvaziar e boicotar a Conferência Nacional de Comunicação, retirando-se dela, dando um soco na mesa e saindo impestivamente para tentar deslegitimá-la”, movimento seguido por outros grupos midiáticos. O segundo movimento consistiu em articular um discurso institucional para fazer um cerco sanitário contra o contágio de iniciativas adotadas por governos sulamericanos como os da Argentina, Equador e Venezuela, orientadas na direção de uma reformulação do cenário midiático.

A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (ABERT) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) “temem que o que ocorreu na Argentina se repita no Brasil; eles vêem essa lei como uma ameaça e começaram a manifestar sua solidariedade com a imprensa da Argentina”, afirma Zélia Leal Adghirni. O receio expresso pelas entidades representativas dos grandes conglomerados midiáticos é o seguinte: se o descontentamento regional contra a concentração informática ganha força junto à opinião pública brasileira, poderia romper-se a cadeia de inércia e conformismo que já dura décadas e, quem sabe, iniciar-se um gradual – nunca abrupto – processo de democratização.

O inverso também se aplica: se o Brasil, liderado por Lula, finalmente assumir como suas as teses do direito à informação e à democracia comunicacional, é certo que essa corrente de opinião, atualmente dispersa na América Sul, poderá adquirir uma vertebração e uma legitimidade de proporções continentais.

NOTAS

(1) Esse objetivo finalmente foi frustrado pelo regime, socorrido pela Globo, que montou um simulacro eleitoral proibindo o voto direto, graças ao qual os generais deixaram o poder sem sobressaltos nem investigações sobre violações de direitos humanos.

(2) A respeito da vitória de Lula nas eleições de 2006, ler Bernardo Kucinski, “O antilulismo na campanha de 2006 e suas raízes”, in. Venício Lima (compilador), “A mídia nas eleições de 2006”, Perseu Abramo, São Paulo, 2007.

(3) Em 1989, o então candidato à presidência Lula foi objeto de um golpe midiático, perpetrado pela Globo que, para impedir sua vitória, fabricou a candidatura de Fernando Collor de Mello, que deixaria o mandato em 1992, cercado de escândalos de corrupção. Dario Pignotii, “Globo: o partido mais poderoso do Brasil”, Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul, Buenos Aires, setembro de 2007.

(4) Nos últimos anos, a TV Record, que pertence a neopetencostal Igreja Universal do Reino de Deus, arrebatou parte da audiência cativa da TV Globo, contra a qual iniciou uma guerra de denúncias. A Record veiculou um programa especial sobre a Globo, onde repassou seus vínculos com a ditadura. Por sua parte, a Globo denunciou calotes cometidos pela Record que, segundo investigações judiciais, estaria desviando dinheiro do dízimo dos fiéis.

(5) Luiz Inácio Lula da Silva, declarações na inauguração da nova sede do canal Rede TV, em Osasco, área metropolitana de São Paulo, 13/11/2009.

(*) Jornalista, Brasília, Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo

Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul.


Tradução: Katarina Peixoto

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Nassif : A inapetência administrativa de Serra

Luiz Nassif faz uma leitura sobre o Governo Serra em SP. Simplesmente perfeito.


Do Último Segundo

Coluna Econômica 21/12/2009

Independentemente das eleições do próximo ano, quando baixar a poeira permitindo uma avaliação serena de sua administração, o governador José Serra não entrará para a história da administração pública do Estado.
Pelo contrário, o balanço de três anos de gestão revela um mérito – administração financeira responsável – e uma falta de vontade de administrar poucas vezes vista no Estado.
Mesmo a Geraldo Alckmin – que tem lacunas como administrador – não faltava vontade de fazer, embora tivesse dificuldades evidentes para escolher o secretariado e definir políticas públicas inovadoras.
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No caso de Serra, um dos fatores que pesou foi o fato de, desde o início, estar com a cabeça na futura eleição para presidente da República. Com isso, toda sua energia passou a ser canalizada para articulações e para algo inusitado para um governante com sua responsabilidade: monitorar e responder às críticas da imprensa. Certa vez, em reunião do secretariado, admitiu que chega a gastar três horas por dia lendo os jornais e articulando reações ou respostas a pontos que não lhe agradam.
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Costuma dormir às quatro da manhã. De madrugada passa mensagens pelo Twitter – sistema de mensagens curtas da Internet. Dormindo tarde, começa a trabalhar tarde.
Seu dia não começa antes das 11 da manhã – em geral, em compromissos fora do Palácio Bandeirantes. Praticamente não participa das reuniões do Secretariado.
Cada Secretário encolheu-se em sua área, faz o seu trabalho sem que Serra tenha noção clara do que acontece no seu governo. Nas reuniões, seu único empenho consiste em cobrar a aceleração de obras, para poder entregar no decorrer de 2010.

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Entra no jogo apenas em momentos de crise. Quando isso ocorre, não raras vezes emperra o processo decisório com indecisões frequentes.
Na greve da Polícia Civil, por exemplo, permitiu que o caldeirão entrasse em fervura recusando-se durante semanas a receber representantes do movimento. Só tomou uma decisão quando eclodiram conflitos em frente do Palácio Bandeirantes. Na semana seguinte, aceitou sem pestanejar todas as reivindicações dos policiais – inclusive a de reduzir o tempo de trabalho para aposentadoria de 35 para 30 anos.

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Quando explodiu a crise mundial, industriais paulistas procuraram o Palácio Bandeirantes atrás de medidas que ajudassem a amenizar o desastre – especialmente em máquinas e equipamentos, setor que experimentou queda de 40% na produção.
Serra passou meses sem receber as lideranças. Aí a Abimaq (que representa os fabricantes) acertou um pacto com a CUT e a Força Sindical – que ameaçaram com uma manifestação em frente o Palácio. Só aí Serra aceitou algumas concessões tributárias ao setor, além de destinar uma verba – proveniente de recursos da venda da Nossa Caixa – para financiamento ao setor. Já era mês de março.
Se estivesse à frente do governo federal, essa demora teria sido fatal para a superação da crise.

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O resultado desse desinteresse se reflete no descontentamento que grassa em seu secretariado – no qual os Secretários são desestimulados a mostrar seu trabalho e Serra, por desconhecimento do que se passa, é incapaz de mostrar realizações na imprensa.

O caso Detran – 1

Logo no início do seu governo, foi estimulado por alguns secretários a tirar o Detran das mãos da Polícia Civil. Alguns funcionários, egressos do governo Mário Covas, lembravam-se do drama do governador. Necessitando de fundos de campanha, foi obrigado a aceitar a sobrevivência dos esquemas do Detran. Mas quando falava do tema, chegava a chorar de raiva e de impotência.

O caso Detran – 2

Com Serra entrando, o caixa de campanha fornido, foi-lhe sugerido limpar a área. Serra recusou com receio da reação da cúpula da Polícia Civil. “Até Pernambuco, de Jarbas Vasconcellos, fez essa limpeza “, contava-me um alto funcionário do secretariado de Serra. Hoje São Paulo é um dos cinco ou seis estados da Federação que ainda não conseguiu romper com os esquemas do Detran.

A gripe suína – 1

A dificuldade em gerenciar o Estado explode em vários outros episódios. Jamais recebeu lideranças de suinocultores no Palácio. Quando ocorreu o famoso episódio da gripe suína – na qual Serra gravou uma entrevista (que virou campeã do Youtube) relacionando a gripe com os porcos -, vendo o estrago convidou o setor para um almoço. Todos foram para o restaurante Varanda Grill e ficaram aguardando o governador.

A gripe suína – 2

Serra chegou atrasado, com uma equipe de TV a tiracolo. Mal cumprimentou os presentes, pediu um bife de carne suína, cortou um pedaço, levou à boca – tudo devidamente registrado pelos cinegrafistas – despediu-se secamente e foi embora. A intenção foi apenas a de registrar cenas, caso os adversários resolvessem explorar o tema na campanha.

Esvaziamento – 1

São Paulo tem as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa do país, as melhores empresas, a infra-estrutura mais completa, os melhores quadros intelectuais. Caso Serra ainda tivesse mantido a energia de outrora, poderia ter mudado a face do país a partir de São Paulo. Com sua inapetência administrativa, houve um afastamento gradativo dos melhores quadros do partido.

Esvaziamento 2

O grande desafio dos próximos anos será a recomposição da oposição, o renascimento do PSDB sob outra base. Aparentemente houve o esgotamento completo da geração que emerge das diretas. FHC já está fora do jogo; Serra joga sua última cartada. Mas o egocentrismo das velhas lideranças, o desaparecimento dos grandes vultos, como Franco Montoro, Mário Covas, impediram a renovação do partido. A nova geração surgirá apenas quando a velha for afastada pelo tempo.