Anúncio Superior

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Geyse Arruda inspira Coleção - Mais um tapa na pseudo-elite classista

Minha Opinião:
Mais uma porrada na cara de determinados "classe média" de São Paulo, que se julgam o que há de melhor em têrmos de gente descolada e antenada. Daqueles que se imaginam "elite" e que trazem consigo uma visão classista de mundo e sentem-se melhores e acima dos demais. Que São Paulo é o ápice do classismo, racismo e separatismo não restam dúvidas.

Está aí mais um chute no traseiro de rapazes ignorantes e garotas invejosas que aderiram ao côro preconceituoso que entoava o canto de "prostituta" em direção á ex-aluna da UNIBAN, Geyse Arruda.

O que estarão pensando agora aqueles e aquelas algozes que a insultaram levianamente naquela noite?
A esses fica o meu lamento. A ela, meus parabéns e sinceros desejos de SUCESSO!

Vestido de Geisy Arruda inspira coleção e vai para as lojas

  Foto: Ivan Pacheco /Terra Geisy Arruda lançou sua coleção Rosa Divino no Hotel Cambridge

Fabiano Rampazzo
Aonde Geisy vai parar? Ontem à noite, em evento no Hotel Cambridge, região central de São Paulo, Geisy Arruda lançou sua grife de roupa, Rosa Divino, com seis peças inspiradas no famoso e polêmico vestidinho curto da Uniban. Desta vez, contudo, em vez de desfilar sob xingamentos dos alunos nos corredores da faculdade, Geisy recebeu algo bem diferente: flashes, dezenas de fotógrafos, luzes, câmeras, microfones e assédio de fãs.

"É incrível tudo o que está acontecendo", disse ela que, apesar de ser a estrela da noite, trouxe para a passarela sua mãe, tias e primas, todas usando algum dos modelos da coleção."A moda que eu quero lançar é esta, para a dona de casa, a mulher que trabalha, que dá duro, eu quero vestir a mulher brasileira". Será que teremos em breve um monte de "Geisys" andando pelas ruas?

Todos os modelos foram desenhados a partir de idéias da própria loira. "Ela tem a personalidade muito forte, tudo que estamos vendo aqui tem o dedo dela", comentou Luana Bandeira, uma das assessoras de Geisy. Alexandre Frota e o ex-BBB Kléber Bambam compareçam ao evento.

Os vestidos serão vendidos a partir da próxima segunda-feira apenas para o atacado com o preço variando entre R$ 49 e R$ 69. "Acredito que ele chegará às lojas com o preço final entre R$ 120 e R$ 150", comentou Luana. Tendo como ponto de partida o famoso vestido, seis modelos com tamanhos em P, M e G foram elaborados, todos bem curtinhos.

Da lama à fama
"Ela pegou um limão e fez uma limonada". Assim definiu Cássia Cunha, estudante de 24 anos e ex-colega de faculdade de Geisy. Ela, que estava presente no dia do linchamento moral que Geisy sofreu na Uniban, disse que aqueles que xingaram a loira hoje ironizam seu sucesso, dizendo ser apenas 15 minutos de fama. "Só que bem mais de 15 minutos se passaram e ela está aí ainda, nem ex-BBB deu o salto que ela deu, eles têm é muita inveja dela, isso sim", completa a amiga.

Há cerca de um ano Geisy Arruda foi achincalhada publicamente em sua faculdade por ir à aula com vestido curto, teve o episódio publicado em vídeos na Internet e rapidamente estampou capas de sites e revistas. Ficou famosa. Ganhou então uma repaginada estética com tratamentos de beleza e cirurgias plásticas, desfilou como madrinha de bateria em escolas de samba, foi estrela do carnaval em Salvador e protagoniza hoje um reality show na TV. Aonde Geisy vai parar? "Na novela das 9 da Record", disse ela, sem querer se aprofundar no assunto. "Você me perguntou qual seria o próximo passo, eu estou só respondendo", completou a ex-estudante e agora estilista/empresária Geisy Arruda.

Oposição: O chororô continua - mimimimimi

Quando não se tem competência, nem muito menos habilidade em apresentar o que se fez quando "Governo"(porque na verdade nada fizeram de positivo), o caminho mais fácil é buscar desconstruir e obstruir a apresentação de quem o fez melhor que eles.

É assim que age a oposição choramingona. Estiveram por lá, nada fizeram e agora debruçam em seu bercinho á derramar rios de lágrimas, esperneando como uma criança mimada, tão acostumada a ter tudo e que não se conforma em ouvir um não, nem muito menos ver que existe outro que fez melhor e tem o que mostrar.

Abaixo o senador Álvaro Dias derrama suas lágrimas ao Terra Magazine:

Dias: Lula abusa do instrumento oficial para apoiar Dilma

Eliano Jorge
A exemplo dos torcedores de futebol que disseminaram a placa de "Eu já sabia" pelos estádios brasileiros na virada deste século, o senador Alvaro Dias, do PSDB, preferiu nem assistir ao pronunciamento televisivo obrigatório de cerca de sete minutos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na noite desta quinta-feira, 29. Teve acesso prévio ao discurso e não o conferiu na TV. Sabia o suficiente para criticar e tachá-lo de ilícito: 
- O presidente é reincidente. Primeiro, há um abuso do instrumento oficial para uma mensagem sub-reptícia de apoio à sua candidata, insinuações nesta direção. Depois desdenha de antecessores que plantaram os pressupostos básicos indispensáveis para que houvesse desenvolvimento no presente. É a tônica de sempre, a repetição reiterada, a gente já está cansado de saber, é sempre assim, não surpreende mais - declarou a Terra Magazine.

Em março, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou Lula em R$ 5 mil e, em seguida, R$ 10 mil por entender que ele se manifestou irregularmente sobre a pré-candidata governista à sua sucessão, Dilma Rousseff.

Agora, Dias prevê mais dificuldade para protestar. "Os advogados precisam analisar porque a forma como ele expõs certamente dificulta uma ação, é uma publicidade indireta, fica difícil enquadrar juridicamente como campanha eleitoral".

As penas do TSE teriam forçado referências menos explícitas, na sua opinião. "É a propaganda indireta. Em vários momentos da fala, ele insinua o continuísmo, faz um apelo ao continuísmo. Isso, nas entrelinhas, é proselitismo", rima o senador do Paraná.
Embora não garanta que seu partido moverá nova ação judicial contra o presidente da República, o parlamentar considera uma obrigação monitorar as falas de Lula. "Nós temos o dever de sempre representar quando há base jurídica, então a oposição precisa ficar atenta. Neste caso, numa análise que faço a distância, tenho impressão que os advogados terão dificuldade".

E a patrulha ocorre até previamente. "Não assisti, mas me contaram antes o que seria, eu já sabia. Uma jornalista já tinha o texto e pediu que eu opinasse", conta Alvaro Dias.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O que tem a dizer "James Cameron de Avatar" sobre Vazamento de Petróleo?

James Cameron, cineasta criador de Avatar esteve recentemente no Brasil e chegou a posicionar-se completamente contra a criação da Usina de Belo Monte no Pará devido ao impacto ambiental que a mesma irá criar. Chegou a informar que se reuniria com o Presidente Lula e iria cobrar-lhe que não seguisse com os planos da construção da Usina Belo Monte.

O que teria a me dizer agora o Mr. Cameron sobre a tragédia com o vazamento de petróleo na costa americana? Interessante ver que todo império é de uma arrogância sem limites. Porém sugiro que cuide melhor de seu quintal, depois busque outra coisa que fazer antes de meter o bedelho na vida dos vizinhos.

Abaixo Matéria do Terra: 

EUA declaram "catástrofe nacional" por vazamento de petróleo

Mancha de óleo se movimenta rapidamente e pode atingir em breve a 
costa americana Foto: EFE  Mancha de óleo no Golfo do México se movimenta rapidamente e pode atingir em breve a costa americana

O governo dos Estados Unidos declarou nesta quinta o vazamento de petróleo no Golfo do México, frente a costa da Louisiana, uma "catástrofe nacional" no que ameaça ser um dos maiores desastres ecológicos da história do país.

A secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, disse em entrevista coletiva que decretar o estado de "catástrofe nacional" permite ao Governo mobilizar mais recursos para fazer frente ao vazamento.

"Usaremos todos os ativos disponíveis" para enfrentar, disse a secretária, diante do prognóstico de que a mancha de petróleo poderá chegar às restingas da Louisiana na sexta-feira.
A alta funcionária disse que Bristish Petroleum (BP), proprietária da plataforma petrolífera que explodiu e afundou em 20 de abril, "é responsável pelos custos que envolvem as tarefas de limpeza" da mancha de óleo.

Os responsáveis pelo serviço da Guarda Costeira indicaram na entrevista coletiva, no entanto, que a multinacional britânica está pondo todos os meios para frear o desastre ecológico no Golfo do México.

"Estamos preparados para o pior dos cenários", disse na mesma entrevista Sally Brice O'Hare, contra-almirante da Guarda Costeira, quem insistiu que estão trabalhando contra o relógio para evitar que esta catástrofe "se transforme em outro Exxon Valdez", o petroleiro que derramou milhões de toneladas de petróleo no Alasca em 1989.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, indicou que o presidente Barack Obama ordenou a mobilização de mais recursos para enfrentar "de maneira agressiva" o vazamento.

5 mil barris/dia
Um executivo da petroleira BP concordou nesta quinta-feira com as estimativas do governo americano quanto ao vazamento de petróleo que criou uma maré negra no Golfo do México, que pode ser de mais de 5 mil barris/dia (800 mil l), muito mais que o previsto.
Na véspera, a Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que ao menos 5 mil barris de petróleo estão vazando diariamente no Golfo do México. "Descobriram um novo ponto de vazamento", assinalou o oficial Erik Swanson à AFP. Isto equivale a "5 mil barris diários".

Queima controlada
Equipes de emergência iniciaram na quarta-feira a queima controlada da gigantesca mancha de petróleo provocada pela explosão de uma plataforma no Golfo do México, diante da ameaça de o óleo chegar à costa da Louisiana.

"É incendiada com uma pequena boia que se desloca pela mancha e a inflama. A queima ocorre satisfatoriamente", disse o oficial da Guarda Costeira Cory Mendenhall sobre a operação para paliar os efeitos do vazamento provocado pelo afundamento da plataforma petroleira diante da costa americana, na quinta-feira passada.

A drástica decisão de atear fogo à maré negra foi adotada após a mancha chegar a cerca de 40 km dos pântanos de Louisiana, hábitat de diversas espécies.
Uma frota de barcos da Guarda Costeira e da companhia britânica de petróleo BP empurrava as partes mais densas da mancha para uma barreira flutuante resistente ao fogo.

"O plano é queimar, de forma restrita e controlada, milhares de galões de petróleo, e cada operação dever durar cerca de uma hora", explicaram as autoridades e a BP.

Previsão
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) americana advertiu que os fortes ventos de sudeste previstos para os próximos dias poderão empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana.

A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou na quinta-feira passada 240 km a sudeste de Nova Orleans, dois dias depois de uma explosão que causou a morte de 11 trabalhadores.

A queima da mancha de petróleo para proteger a costa provocará seus próprios problemas ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no mar.

Na terça-feira, fracassaram as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 m de profundidade.

Por outro lado, o governador da Louisiana, Bobby Jindal, solicitou ajuda federal de emergência para proteger a costa, levando em conta as informações segundo as quais parte da mancha chegará ao litoral do Estado antes do previsto, ameaçando o frágil ecossistema com uma catástrofe de grandes proporções.

Uma parte da camada de petróleo, que tem 965 km de circunferência, se separou do resto e poderá alcançar diretamente nesta quinta-feira uma reserva natural no litoral devido aos fontes ventos na zona, disse Jindal citando informes da NOAA.

"Nossa prioridade absoluta é proteger nossos cidadãos e ambiente. Esses meios pedidos são primordicais para atenuar o impacto da mare negra sobre nossas costas", afirmou.
Duas barreiras flutuantes foram instaladas para cobrir 20 milhas náuticas frente ao litoral da Louisiana numa tentativa de conter o petróleo. Mas, segundo o governador, são insuficientes e será preciso instalar outras mais.

Adolescente NUA na VIP: A Prova da Nossa Hipocrisia

Malu Rodrigues Foto: VIP/Divulgação  
Malu Rodrigues posa só de calcinha para a VIP

A atriz Malu Rodrigues, de 16 anos, fez um ensaio bastante sensual para a revista VIP, da qual será capa de maio. Embora seja menor de idade, a garota conquistou a emancipação dos pais para aparecer nua no musical O Despertar da Primavera, e aproveitou para mostrar suas curvas na publicação.

A peça foi febre no Rio de Janeiro e tem atraído grande público em São Paulo. "Dizem que os paulistanos são mais frios, mas eu tive uma recepção supercalorosa", disse a ninfeta durante o ensaio fotográfico. FONTE: TERRA

Minha Opinião:

Ao mesmo tempo que vemos casos de prática de pedofilia no mundo todo onde até mesmo a Igreja Católica aparece envolvida, uma adolescente posa só de calcinha, para uma revista masculina.

O que está acontecendo nos corações e mentes das pessoas neste século XXI?

É comum e natural vermos crianças, principalmente menininhas, muito antes de completarem 10 anos de idade, vestindo-se com roupinhas sensuais (que imitam mulheres adultas), andando de shortinhos, salto alto, comportando-se de maneira provocativa e tudo isso com o apoio ou coninvência dos pais.
E caso os pais sejam contrários, são considerados caretas e antiquados.

Principalmente a TV é uma das maiores incentivadoras de práticas desse tipo, através de seus programas recheados de conteúdo sexual ou libidinoso. Me parece que quanto antes possam influenciar no modo de consumo deste público, mais rapidamente os fazem tornarem-se parte do mercado.

Ande por qualquer lugar hoje no país, em qualquer cidade e observem o número de meninas adolescentes que já são mães.

Observem o corpos de garotinhas de 12 ou 13 anos prá cima. Em sua maioria são retas, não possuem curvas nem muito menos o desenvolvimento normal e comum de sua silueta feminina.
O que isso significa? Que são apresentadas ao sexo antes mesmo que sua consciencia possa absorver o que é uma relação humana e sexual.

Incentivar o tipo de comportamento deplorável que vemos hoje na sociedade de maneira geral relacionada a educação infantil e, ou adolescente é um "crime" tão ou mais grave do que a prática da pedofilia em sí. Uma coisa leva á outra.

Isso tudo vem apenas comprovar o quanto a nossa sociedade é hipócrita!

Lula encabeça lista de líderes que mudaram o mundo em 2010

Lula defendeu o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira 
Lima, acusado de ter beneficiado a Bahia com recursos Foto: Reuters  
Para revista, Lula é filho genuíno da classe trabalhadora


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encabeça a lista de líderes na edição da revista americana Time das 100 pessoas que mais influenciaram o mundo em 2010, publicada nesta quinta-feira. No texto escrito pelo cineasta Michael Moore, a revista diz que Lula tem lições a dar aos Estados Unidos.

O texto chama Lula de "um filho genuíno da classe trabalhadora da América Latina" e cita as dificuldades vividas pelo presidente no passado, como a necessidade de abandonar a escola na 5ª série para trabalhar como engraxate e o acidente de trabalho que o fez perder um dos dedos da mão.

Para o cineasta, um dos motivos que levaram Lula a entrar na carreira política foi a morte de sua mulher durante o oitavo mês de gestação, por não receber atendimento médico adequado. "Eis uma lição para os bilionários de todo mundo: deixem o povo ter um bom serviço de saúde, e ele irá lhes causar muito menos problemas", diz o texto.

Segundo Moore, Lula trabalha para diminuir as desigualdades sociais no Brasil, enquanto os Estados Unidos enfrentam uma situação de concentração de renda cada vez maior. "O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de 'sonho americano'", diz o texto. "Paradoxalmente, os Estados Unidos, onde a população 1% mais rica detém mais riqueza financeira do que o conjunto dos 95% mais pobres", estão se transformando em uma sociedade que está se encaminhando rapidamente para um cenário semelhante ao brasileiro.

"A grande ironia da presidência de Lula (...) é que mesmo quando tenta impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais como o Fome Zero, destinado a acabar com a fome, e planos para melhorar a educação disponível à classe trabalhadora, os EUA se parecem a cada dia mais com o Terceiro Mundo", diz o cineasta.

FONTE: Redação Terra

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Viomundo: “PSDB é coautor do assassinato de reputações na internet”

por Conceição Lemes O jogo sujo na rede contra Dilma Rousseff, candidata do PT à presidência da República, e o seu  partido, está aumentando em quantidade e intensidade.
Na madrugada de 12 de abril, o site do PT foi invadido. Ficou um dia inteiro fora do ar. Ao acessá-lo, muitos usuários tiveram seus computadores infectados por vírus.
Em 14 de abril, nova invasão (veja aqui e aqui). Além de os crackers terem pichado a capa com dizeres favoráveis a José Serra, candidato do PSDB,  redirecionavam o usuário para um blog apoiador do tucano.

Em 18 de abril, a TV Globo colocou no ar o jingle do aniversário dos 45 anos da TV Globo. Embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a  Serra, como alertou prontamente pelo twitter Marcelo Branco, o responsável pela campanha de Dilma Rousseff na internet.
Ontem, 27 de abril, o deputado federal José Carlos Alelulia (DEM-BA) embarcou na demonização de Dilma, mas se deu mal.

A outra investida suja  foi no site oficial do PSDB, que dá link para um outro – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que mente”, dedicado a atacar pessoalmente Dilma e os petistas.
“Ao dar espaço no seu site para um blog que ataca de forma virulenta a Dilma, tentando estigmatizá-la, o PSDB assina oficialmente a baixaria”, denuncia o deputado federal André Vargas (PT-PR). “Já pedimos ao nosso departamento jurídico o estudo de medidas judiciais cabíveis. O PSDB é coautor desses crimes de assassinato de reputações.”
“Os ataques na internet e o episódio do jingle dos 45 anos da Globo já mostraram que os adversários estão dispostos a tudo”, prossegue  Vargas, que é Secretário Nacional de Comunicação do PT . “Se agem assim em abril, já imaginou a baixaria que adotarão em agosto, setembro, outubro?  Temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido.”
Comunicação é considerada por muitos o calcanhar-de-aquiles tanto do PT quanto do governo federal. Por isso, resolvemos aprofundar esta entrevista, abordando algumas questões já levantadas pelos próprios leitores do Viomundo.

Viomundo –  O PT está há 7 anos no poder. A mídia corporativa esconde as realizações federais, distorce ou mente sobre elas. Ao mesmo tempo, basta ligar TV, rádio, abrir jornais e revistas, para encontrarmos montes de anúncios do governo federal, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. É masoquismo?
André Vargas – Todos os meios de comunicação já existiam à época da ditadura. E se constituiu consenso de que é preciso anunciar na mídia independentemente do posicionamento político. Se você pega o governo do Fernando Henrique Cardoso (PSDB), havia sintonia entre o projeto neoliberal do ex-presidente e aquilo que o setor privado desejava.  O nosso governo não é neoliberal, também não podemos dizer que é socialista. É um governo social-democrata preocupado com o bem-estar social, com a soberania e que entende o papel do estado na realização do projeto nacional de desenvolvimento.
Boa parte do setor privado, mesmo ganhando muito dinheiro, mantém na cabeça ideias, como “o mercado resolve”, “estado mínimo”. Concorda com a crítica do Serra de que “nós estamos fazendo o Estado crescer muito”, “não tem sentido o governo criar novas universidades federais”.  Isso repercute nas linhas editoriais, dois anunciantes de peso na mesma linha. Na verdade, os meios de comunicação ainda têm o coração lastreado nos princípios do governo anterior.
Nesse contexto, como o governo federal não vai anunciar? Seria muito incompreendido no Brasil de hoje. Mas o governo está fazendo uma inversão na distribuição das verbas publicitárias. Na semana passada O Estado de S. Paulo disse que os gastos do governo Lula com publicidade cresceram 40% em seis anos. Mas “esqueceram” de dizer que são apenas 10% maiores que o maior gasto do governo FHC. Temos dissintonia de visão do setor público e privado e ao mesmo tempo distribuição mais democrática.  Isso contraria interesses.

Viomundo – Como é a distribuição das verbas publicitárias?
André Vargas – No período FHC eram divididas entre 260/270 veículos de comunicação. Hoje, entre aproximadamente 2.500. Proporcionalmente os investimentos na chamada grande imprensa diminuíram.  Está-se investindo em veículos pequenos no interior do país, que, antes, não recebiam nada. A internet também teve algum investimento. Ainda é pequeno, mas já cresceu. A ideia de democratizar fere os interesses dos grandes meios de comunicação. Na prática, o “bolo” é quase do mesmo tamanho da época do Fernando. Só que, agora, é dividido em 2.500 pedaços, antes, em menos de 300. É um critério técnico. É a democratização dos anúncios do governo.

Viomundo – Como senhor explica o fato de PT e o governo raramente reagirem com firmeza quando atacados? É medo, contemporização ou resignação?
André Vargas – O PT apanhou bastante ao longo da sua história, mas os episódios de 2005 deixaram o pessoal aturdido. Nunca se viu uma mobilização midiática tão grande contra um governo, contra um partido, estigmatizando-os. Isso não quer dizer que os erros do PT não têm de ser analisados pela mídia. Devem, sim. Mas o que reivindicamos é isonomia: tratamento idêntico para problemas idênticos.  É só observar a cobertura da enchente em São Paulo para ver a discrepância. Quando a Marta estava no governo, era a maior ripa todo dia. Nas enchentes de dezembro de 2009 e começo de 2010, parecia que não tinha governador. O Serra sumiu do noticiário. A população acabou sendo a culpada.

Viomundo – Publicar informação correta não é favor; é obrigação de toda a mídia. Ao deixar de responder à altura, vocês não estariam contribuindo para desinformar a sociedade e, ao mesmo tempo, estimular a oposição a bater à vontade, já que ela conta com o apoio da mídia corporativa?
André Vargas – Uma coisa é o governo. Outra coisa, o partido político. No Brasil, a área de comunicação é uma das que mais resistem à democratização. Veja a reação dos grandes veículos à Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As emissoras de televisão e de rádio não se vêem como concessão pública. Mas, realmente, o governo e o partido poderiam ter entrado mais nesse debate. Precisamos usar todas as alternativas democráticas de comunicação. No próprio PT, muita gente ainda não se deu conta do papel que a internet terá nesta eleição. O cidadão vai poder interagir com a informação no momento em que ela está sendo construída e não só depois de pronta, no final do dia, após os telejornais. Reconheço que a sociedade está mais esclarecida sobre o que estamos fazendo por ação da internet. Graças à internet, aliás, muitos factoides foram desmascarados. Se dependêssemos da grande imprensa, estaríamos fuzilados.

Viomundo – A eleição deste ano promete muito golpe abaixo da cintura, e a mídia tradicional terá papel central. O que os senhores pretendem fazer?
André Vargas – Nós sabemos disso e estamos nos preparando para acompanhar, juridicamente, todas as possibilidades que os meios de comunicação têm de manipular as informações. Assim como nós estamos acompanhando a questão das pesquisas. Nós temos de estar muito vigilantes nestes meses agora – abril, maio, junho e julho – que não temos horário político. E como o Serra é o candidato bem tratado  pela  mídia, será favorecido em termos de espaço e/ou melhor exposição. Depois, vem o horário político e os tempos e espaços terão de ser iguais. Daí o desespero por parte dos aliados do José Serra de abrir larga vantagem agora. Aí, tentam construir uma imagem irreal dele e desconstruir a nossa candidatura. A tática da oposição será inclusive tirar o presidente Lula da eleição.

Viomundo – De que forma?
André Vargas – A nossa força é a relação do Lula com a população. Então, vão dizer que é abuso de poder político, que o Lula é o presidente, que ele não pode dar declaração… Essa é a estratégia da oposição capitaneada pela mídia. Como o presidente Lula já disse que fará campanha nos finais de semana, vão questionar: “Como ele vai separar o que é a presidência e o que é campanha?”
O episódio do jingle dos 45 anos da Globo mostrou que estamos atentos. Reclamaram, mas nós fizemos o que achávamos certo. E vai ser assim. Tem de ser assim. Vigilância total. E com rapidez. Na hora.

Viomundo – Como foi?
André Vargas – O Marcelo Branco, responsável pela campanha da Dilma na internet, enviou um twitter, avisando que o tal jingle embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a José Serra. No ato, apoiei o que ele fez e retwitei.  O episódio do jingle mostrou que os adversários estão dispostos a tudo. Portanto, temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido. Entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, a mensagem do Marcelo foi retwitada para mais de 100 mil internautas. À noite, por várias razões, inclusive a reação na rede, o anúncio foi tirado do ar.
O Marcelo Branco não foi criticado pelo PT, ao contrário da Folha noticiou. A campanha tem uma direção, mas é nosso dever reagir também. Na terça-feira, dia 19, nós tivemos uma reunião da Executiva Nacional do PT e todas as falas sobre o assunto foram positivas.

Viomundo – O senhor achaa que a blogosfera fará a diferença nesta eleição?
André Vargas – Não tenho a menor dúvida. Não interessa ao Brasil uma eleição judicializada, mas pode interessar à oposição. A oposição, aliás, já está judicializando o processo. É um caminho mais tortuoso, pois depende da cabeça de cada juiz.  A oposição prefere a judicialização, pois não quer o debate, não quer a movimentação, não quer que o presidente Lula expresse a sua oposição.

Viomundo – O PT não fará nada contra a judicialização?
André Vargas – O PT de São Paulo já moveu uma ação e estamos nos preparando para essa batalha jurídica.  Uma coisa é certa: não vamos entrar em baixarias.

Viomundo – E a militância? Muitos reclamam que o PT se afastou das bases, da rua…
André Vargas – A mobilização física é importante. Mas a mobilização pela internet talvez vá ser muito mais importante. E ela vai muito mais visível daqui em diante porque o PT e a esquerda têm conteúdo político, temos organizações sociais que atuam nas várias questões cruciais: gênero, meio ambiente, raciais, cotas, saúde, trabalhador…

Viomundo – Nós temos informação de que a oposição está preocupada com a blogosfera independente, que defende a informação correta, adequada, ética e verdadeira, os movimentos sociais, a democratização dos meios de comunicação. Fala-se que a oposição e seus aliados teriam como estratégia o  sufocamento, o cerceamento e a intimidação desses blogues e sites progressistas. O que  acha disso?
André Vargas – Nós temos de continuar garantindo à internet a liberdade de expressão, para que as informações verdadeiras cheguem à sociedade. Pelo Congresso Nacional, tentativas de restrição não passam. Não há ambiente propício a isso. Talvez tentem pelo Judiciário, mas acredito que não consigam seus objetivos. Mas temos, de novo, de ficar atentos. Caso tentem sufocar esses blogues e sites, nós teremos de ter uma reação dura da cidadania. Por isso, a gente de tem de estar mobilizado. A nossa força é a nossa mobilização. Se nós nos apropriarmos da internet, como  aconteceu nos EUA, vamos ter condições de manter governos mais ousados, avançar mais nas conquistas sociais e insistir mais na liberdade de imprensa verdadeira.

Microsoft anuncia novo Live Messenger no Brasil

Uma nova versão do Windows LiveMicrosoft, em uma palestra em São Paulo. O aplicativo está em versão de testes e será lançado em versão final ainda este ano. Messenger, com integração de informações sobre redes sociais, foi anunciada hoje por Steve Ballmer, executivo-chefe da

Segundo a Microsoft, só no Brasil são 46 milhões de usuários do Messenger, sendo o país com mais utilização do serviço no mundo. No total, são 320 milhões de usuários do Messenger no mundo e 500 milhões de usuários dos serviços Live. "Existem muitas coisas acontecendo com o consumidor hoje. Uma delas é que ele conhece um monte de gente em redes sociais, mas se importa mesmo com muito poucas", disse Dharmesh Mehta, diretor da divisão Windows Live da Microsoft.

Mehta disse que 50% das pessoas usam duas ou mais redes sociais, 50% no telefone e 75% dos consumidores compartilham PCs em casa. "A posição do novo Messenger é que você tem que se conectar às pessoas que mais são importantes, em tempo real", afirmou. Uma das novidades é o chat em alta definição, com compartilhamento online de fotos e vídeos, realizando slideshows e "vendo a reação do contato em tempo real". Do mesmo modo, dá para compartilhar buscas no Bing.

Em um primeiro momento, o novo Messenger terá integração, ainda no foco dos "melhores contatos", com outras redes sociais, reunindo em uma só página informações vindas do Facebook, MySpace e LinkedIn - e a Microsoft afirma estar negociando com as principais redes sociais esse destaque dentro do Messenger. "São os destaques sociais dos seus amigos no Windows Live".

O novo Messenger terá também novos recursos para celular. A Microsoft planeja lançar em breve versões do aplicativo para iPhone e "Android para alguns parceiros também", de acordo com Mehta.

A partir de hoje, o novo Messenger entra em fase pré-beta. "Estamos finalizando o design. Nas próximas semanas, vamos abrir para algumas pessoas de fora da Microsoft para ajudar a encontrar bugs. Depois, entra em beta público", explicou o diretor da divisão Windows Live. A versão final está prevista para este ano ainda, assim como outras mudanças em serviços do Windows Live.

A BAIXARIA TUCANA DE SEMPRE

“Civilidade” do PSDB e de Serra é uma fraude


clique para ampliar

Imagine se o PT, o PDT ou outro partido que apóia Dilma tivesse no seu site oficial um link para outro site – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que Mente” , dedicado exclusivamente a atacar o tucanato, o que aconteceria. Folha, Globo, Estadão, todos eles estariam caindo em cima: “Dilma monta site para atacar adversários”, não seria um título plausível para este caso?
E se sucederiam notas e artigos protestando contra a baixaria… Alguns dirigentes gaguejariam, diriam não concordar com isso, que a campanha teria de ser de “alto nível”, com propostas, não com ataques pessoais…Logo iam pedir – e levar – a cabeça do “interneteiro” responsável, que teria seu rosto exposto nas páginas e, isolado, ia acabar dizendo, sob a incredulidade geral, que a direção do partido e a candidata não sabiam de nada. Ninguém iria acreditar, e com razão…
Pois bem. Desafio publicamente a direção do PSDB, o senhor José Serra e a grande imprensa brasileira a dizerem se não é exatamente isso que o PSDB – sob as ordens diretas do Sr. Eduardo Graeff, ex-secretário de FHC, coordenador da campanha serrista e membro da Direção Nacional do PSDB -  está fazendo. Faz e faz com a cumplicidade geral.
Reproduzi a página do site oficial do PSDB (www.psdb.org.br), tomada às 22:30 de hoje. Ali há um banner rotativo (onde os links se sucedem) apontando para o site www.gentequemente.org.br , dedicado a publicar acusações e chamar de mentirosos Lula e Dilma. O mesmo nome, só que com a terminação com.br, está registrado no mesmo nome da empresa que faz o site www.amigosdoserra.com.br, a DDM.

clique para ampliar
Este  site não é de terceiros. Pertence ao PSDB, à direção nacional do partido, conforme você pode verificar com a página de registro no Comitê Gestor da Internet no Brasil.
O candidato José Serra age fraudulentamente quando elogia o governo Lula e diz que vai fazer uma campanha civilizada e de propostas, enquanto estimula que, sob a responsabilidade direta de seu partido, a guerra suja se espalhe na rede.
Não é um militante pró-serra que faz o site. Não é um parlamentar pró-serra. É o partido, é a instituição.
Eu ofereço os documentos, as provas. Mais que isso não posso fazer. Não posso ir à Justiça Eleitoral e à Cível em nome de Lula ou de Dilma, muito menos do PT. Posso ir à tribuna, nos poucos segundos de que um parlamentar dispõe nas sessões da Câmara. Posso publicar aqui. Posso combater sozinho, se não houver quem tenha a coragem de enfrentar as armações.
Mas, sozinho, posso pouco. Que aqueles que podem muito assumam suas responsabilidades.
Ou vamos ficar quietinhos, enquanto o jogo sujo – e milionário – campeia na rede?

http://www.tijolaco.com/?p=13308

terça-feira, 27 de abril de 2010

Artigo de Danuza Leão teve críticas a Dilma adulteradas

O texto "Quem tem medo da doutora Dilma?", atribuído à apresentadora Marília Gabriela, é da jornalista Danuza Leão, colunista da Folha de S. Paulo, mas foi adulterado para incluir uma opinião favorável à pré-candidatura de José Serra (PSDB): "Outra boa opção é o atual governador José Serra que já mostrou seriedade e competência. Só não pode PT, Dilma e alguém da 'turma do Lula'" - esse trecho não existe no artigo original, que pode ser conferido aqui, por assinantes do jornal: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1608200902.htm .

Publicado em 16 de agosto de 2009, o artigo de Danuza, com críticas à personalidade de Dilma Rousseff (PT), passou a ser usado numa guerrilha internética pré-eleitoral. Sobrou para a apresentadora Marília Gabriela. Na manhã desta terça-feira, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) republicou o artigo de autoria falsa. Depois de ser notificado pelo advogado da jornalista da GNT, retirou o texto do ar. Danuza Leão foi procurada, por telefone, para comentar o episódio. Ela não falou.

"Não tem nada a ver comigo, não escrevo daquela forma, não tem meu estilo. Qualquer pessoa criteriosa vai perceber que uma jornalista como eu não iria fazer isso, assumir uma gracinha dessas. Eu vivo de entrevistas. Gostaria de entrevistar todos os candidatos. Não cometeria essa estupidez", afirmou Marília Gabriela, em entrevista a  
FONTE: Terra Magazine.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Com ajuda da Folha, Serra tenta remendar opinião sobre Mercosul

Poucos dias depois de afirmar que o Mercosul é uma "farsa" e só atrapalha, sinalizando que gostaria de acabar com a participação do Brasil no bloco (‘ficar carregando esse Mercosul não faz sentido’), o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, voltou atrás. Diante das repercussões para lá de negativas - dentro e fora do Brasil - ele concedeu uma entrevista na qual decidiu se retratar, mudando o tom.

Conforme noticiou o Valor Econômico do último dia 21, o tucano havia declarado, em evento na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que “Ficar carregando esse Mercosul não faz sentido”. Ele disse ainda que “a união aduaneira é uma farsa, exceto quando serve para atrapalhar”.

Neste domingo (25), contudo, em uma entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo - sempre benevolente quando se trata do PSDB -, Serra teve todo o espaço necessário para tentar desfazer a besteira. “Não quero acabar com o Mercosul” é título da entrevista.

"O Mercosul deve ser flexibilizado, de modo a evitar que seja um obstáculo para políticas mais agressivas de acordos internacionais", diz ele agora sobre um Mercosul que, de “farsa” – na sua opinião - passou a apenas uma “obra inconclusa”, em menos de uma semana.

O estrago das declarações anteriores foram maiores que o esperado, pelo visto. Até mesmo a imprensa argentina se posicionou contra o tucano. O jornal argentino Clarín afirma que sua visão sobre o tema “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa”.

Em outras palavras, defensor da cartilha neoliberal, de fato o PSDB não teria interesse na integração latino-americana, em detrimento de uma política pró-norte-americana.

"Não se trata de acabar com o Mercosul, pelo contrário”, diz Serra agora, a uma entrevistadora que não “se lembra” de perguntar por que, então, ele havia dito o contrário há tão pouco tempo. Nem sequer menciona a palavra “farsa”. “O senhor disse que o Mercosul atrapalha a busca brasileira por novos mercados. O que propõe mudar no bloco?”, é o questionamento da Folha.

Apenas uma pergunta traz à tona, ainda que discretamente, o desconforto causado pelo ex-governador de São Paulo. “A reação argentina a sua declaração não foi positiva”, diz a repórter, ao que Serra repete: "O que defendo é flexibilização do bloco, a fim de que nos concentremos mais no livre comércio. Claro que essa não seria uma decisão unilateral do Brasil. Teria de ser bem negociada com nossos parceiros do Mercosul."

A tentativa de remendar o erro não apaga, contudo, o que bem lembrou o Clarín: as declarações de Serra contra o Mercosul 'retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002'."

Jogo sujo na rede

Por LEANDRO FORTES da revista Carta Capital

Na manhã da segunda feira 19, o publicitário Marcelo Branco, contratado para coordenar a campanha de Dilma Rousseff na internet, não sabia, mas estava prestes a encarnar o papel de Davi. Na noite do mesmo dia, menos de 24 horas depois de colocar no ar um jingle para comemorar 45 anos de existência muito semelhante ao slogan de campanha do PSDB, a Globo iria capitular a um movimento iniciado justamente por uma mensagem postada por Branco no Twitter, o microblog que se tornou febre no mundo. ”Jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda pró-José Serra”, avisou o tuiteiro, antes das 10 da manhã. Poucas horas depois, o comercial estava fora do ar.

“O Golias piscou”, comemorou, em seu blog pessoal, o "Tijolaço.com", o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), herdeiro político do avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que lutou até morrer, em 2004, contra o poder da família Marinho. O pedetista fez mais barulho, inexplicavelmente, do que o PT. Isso porque, com o Twitter de Branco, os petistas venceram a primeira batalha da guerra que se anuncia, sem quartel e sem trégua, na internet durante a campanha eleitoral. Até o departamento jurídico da emissora entrou em campo para precipitar o fim da campanha publicitária. Segundo Ricardo Noblat, jornalista da casa, advogados da empresa consultaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, e chegaram à conclusão de que o melhor era interromper a exibição do comercial.

O desfecho da história ilustra bem como vão funcionar estratégias montadas por todos os partidos, mas, sobretudo, entre petistas e tucanos, cujos alvos são as chamadas redes sociais da internet (Twitter, Orkut, Facebook e YouTube), que acumulam cerca de 60 milhões de usuários.

Com o auxílio de especialistas, a rede tem sido mapeada de forma a estabelecer modelos de comportamento e de perfil dos usuários. Isso inclui análise permanente dos blogs, a partir de referências positivas, negativas e neutras. Tudo organizado e transformado em relatórios quase diários para os comandos das campanhas.

No caso do PT, os assessores dizem pretender usar a web para disseminar o verdadeiro currículo de Dilma Rousseff, em contraposição à famosa ficha falsa do Dops, veiculada primeiramente pela Folha de São Paulo, depois de circular por sites de extrema-direita e imundar, em forma de spam, e-mail por todo o País.

A ideia é mostrar, por exemplo, que a ex-ministra nunca participou diretamente da luta armada, nunca foi terrorista e foi condenada pelos tribunais da ditadura por crime de “subversão”, a dois anos de cadeia – embora tenha sido esquecida na prisão, onde ficou por três anos. De resto, subversivos eram considerados todos que contestavam a legitimidade do regime ditatorial, entre eles José Serra eo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A estratégia da campanha virtual está a cargo da "Pepper Comunicação Interativa", publicitária brasiliense contratada por indicação pessoal da pré-candidata petista.

Quem cuida do conteúdo de internet para o PSDB é Arnon de Mello, filho do ex-presidente, atual senador e aliado recente de Lula, Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Arnon é um dos donos da "Loops Mobilização Social" e se apresenta como economista formado pela Universidade de Chicago e mestrado em Harvard, diretor do jornal "Gazeta de Alagoas" e funcionário do banco americano Lehman Brothers, epicentro da mais grave crise econômica mundial desde o crack de 1929. Um de seus sócios é João Falcão, ex-secretário de cultura de Olinda (PE), filho de Joaquim Falcão, ex-diretor da fundação Roberto Marinho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Falcão pai também é um dos autores do livro "Dr. Roberto", de 2005. uma biografia, autorizada do falecido, das Organizações Globo.

O sistema concebido por Eduardo Graeff, tesoureiro tucano, une o lado institucional a um exército de brucutus.

A "Loops" foi a responsável, na internet, pela campanha do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. Gabeira acabou derrotado pelo atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB. O parlamentar verde, contudo, deverá contratá-la outra vez, desta feita para a campanha ao governo estadual. Por enquanto, a "Loops" se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet sobre Serra, sobretudo, às que circulam no ambiente das redes sociais. A empresa não terá plena autonomia na campanha tucana. Estará subordinada à agência de publicidade digital "Sinc", do empresário paulista Sérgio Caruso, ligado ao publicitário José Roberto Vieira da Costa, o Bob, homem de confiança do ex-governador. O nome de Caruso foi avalizado pelo ex-deputado do PSDB e atual presidente da "Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa)", Márcio Fortes, um dos responsáveis pela arrecadação de fundos no comitê serrista.

O PSDB ainda mantém outras frentes na internet. Participam da tropa virtual as empresas "Knowtec" e "Talk Interactive". A primeira, com sede em Florianópolis, tem uma longa lista de serviços prestados ao antigo PFL, atual DEM, por meio de uma ligação histórica com o ex-senador Jorge Bornhausen. Em Brasília, tem como cliente a Confederação Nacional de Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu. Quando o PFL mudou de nome em 2007, o novo portal do partido na internet foi montado pela "Knowtec". As duas empresas são administradas pelo mesmo executivo, o engenheiro Luiz Alberto Ferla, ex-presidente do PFL

Jovem e atual conselheiro político da "Juventude DEM", Ferla está à frente do "Instituto de Estudos Avançados (IEA)" de Florianópolis, ONG dona de um contrato de 4,6 milhões de reais com a prefeitura de São Paulo assinado sem licitação. O contrato prevê uma consultoria voltada à reformulação do portal de notícias da prefeitura paulistana, obra que, no fim das contas, saiu por cerca de 500 mil reais. Após o contrato vir a público, o prefeito Gilberto Kassab decidiu cancelá-lo.

A "Knowtec" foi a primeira empresa brasileira a ir aos Estados Unidos, no ano passado, em nome dos tucanos, para tentar contratar os marqueteiros virtuais que fizeram sucesso na campanha do presidente democrata Barack Obama. Joe Rospars, da "Blue State Digital", e Scott Goodstein, da "Revolution Messaging", acabaram, porém, por fazer uma opção ideológica. Preferiram negociar com a "Pepper", de Brasília, para então fechar um contrato de consultoria para o PT. Alegaram não trabalhar em campanhas de partidos conservadores. Desde então, a dupla tem aparecido na capital federal para opinar na estrutura de internet da candidatura petista. Em 2008, Rospars e Goodstein conseguiram que Obama arrecadasse, via internet, 750 milhões de dólares, por meio de 31 milhões de doadores (93% doaram até cem dólares).

Tudo indica que os marqueteiros de Obama se livraram de uma fria. A "Knowtec" está entre as companhias de tecnologia de informática investigadas pelo Ministério Público Federal no escândalo de corrupção [demotucana] do Distrito Federal. Em 1° de outubro de 2008, quando ainda era o orgulho do DEM e cotado para vice na chapa de Serra, o ex-governador José Roberto Arruda assinou com a "Knowtec", via Secretaria de Comunicação Social, um contrato de 8,7 milhões de reais. A função da empresa era cuidar do portal de notícias do governo.

Os responsáveis pelo contrato foram os jornalistas Weligton Moraes e Omésio Pontes, assessores diretos de Arruda na área de Comunicação. A dupla foi flagrada alegremente no festival de propinas filmado pelo delator Durval Barbosa. Moraes, chefe do esquema de publicidade do governo distrital, foi preso por participar da tentativa de suborno de uma testemunha do caso. Ficou 60 dias no presídio da Papuda, até ser solto recentemente. Pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

De acordo com documentos levantados por CartaCapital no sistema de acompanhamento de gastos do Distrito Federal, apesar de o contrato ter sido de 8,7 milhões de reais, a "Knowtec" já embolsou 12,6 milhões. Como o prazo final do contrato é somente em 1° de outubro de 2010, é possível que a empresa ainda receba mais dinheiro nos próximos seis meses. Segundo dados do "Siggo", há ao menos uma nota de empenho ainda pendente, no valor de 700 mil reais.

"Loops", "Sinc", "Knowtec" e "Talk Interactive" formam a parte visível da estratégia de campanha virtual do PSDB, mas há um fator invisível que, antes mesmo de ter se tornado efetivo, virou um problema. E atende pelo nome de Eduardo Graeff. Atual tesoureiro nacional do PSDB, Graeff é um tucano intimamente ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário-geral no Palácio do Planalto e para quem, até hoje, redige discursos e artigos. Também é muito ligado a Eduardo Jorge, a quem sucedeu na Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na origem da desastrosa reunião de apoio político, realizada no apartamento de FHC, em março, entre o ex-presidente e o ex-governador Joaquim Roriz, causa de grande constrangimento na campanha de Serra.

No ano passado, Graeff ficou responsável pela montagem de um núcleo interno com vistas a elaborar um projeto de campanha virtual para as eleições de 2010. O tesoureiro foi escolhido por ser espécie de guru da web no ninho tucano, graças a um site mantido por ele, desde 2003, o “e agora” -,que tanto pode ser interpretado como “Ágora eletrônica” como pelo sentido da pergunta “e agora?”, segundo informações da página na internet.

Graeff organizou um grupo de tuiteiros e blogueiros para inserir mensagens na rede social da internet, inicialmente com conteúdo partidário a favor da candidatura de Serra. A realidade, no entanto, tem sido outra. Em vez de militantes tucanos formais, a rede de Graeff virou um ninho de brucutus que preferem palavrões, baixarias e frases feitas a qualquer tipo de debate civilizado. O objetivo dessa turma é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores. Não que do lado petista não prolifere um pessoal do mesmo nível a inundar a área de comentários de portais e blogs com a mesma falta de criatividade e torpeza. Termos como “tucanalha” ou absurdas teses conspiratórias fazem sucesso entre essa esquerda demente. Mas nada se compara, até agora, à ação orquestrada do lado da oposição.

Em consequência dessa estratégia, a assessoria jurídica de Serra o teria aconselhado a se afastar de Graeffe impedir que o nome do ex-secretário seja associado, organicamente, à campanha presidencial.

Ao menos um site ligado ao PSDB, replicado no Twitter, é assumidamente voltado para desqualificar o PT, o governo do presidente Lula e a candidatura de Dilma Rousseff. Trata-se do ”Gente que mente”, mantido, segundo a direção do PSDB, por “simpatizantes” do partido. Na verdade, o site é criação de Cila Schulman, ex-secretária de Comunicação Social do governo do Paraná durante as gestões Jaime Lerner (DEM), entre 1994 e 2002. Cila trabalhou ainda na campanha de Kassab e presta serviços à presidência nacional do DEM. É filha de Maurício Schulman, ex-presidente do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), e último presidente do Bamerindus, banco falido em 1994 e incorporado ao HSBC.

Na equipe do PT, coube a Branco elaborar uma rede de comunicação virtual tanto para controlar conteúdo como para neutralizar a ação de trogloditas e hackers. Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias de funcionamento do site da presidenciável petista, lançado na rede na segunda-feira 19,foram registrados 7 mil ataques de hackers, sem sucesso, baseados em um servidor registrado na Alemanha – expediente clássico da guerrilha virtual. Por enquanto, ainda não é possível identificá-los, mas os petistas registraram os IPs (identificadores dos computadores usados).

A "Knowtec", de um jovem ex-pefelista, é investigada no escândalo de corrupção do Distrito Federal

Uma semana antes, o site do PT havia sido invadido, “pichado” com mensagens pró-Serra e reprogramado de modo a direcionar os usuários para o site do PSDB. Em seguida, foi a vez da página do PMDB. Acusados pelos petistas de terrorismo virtual, os tucanos contra-atacaram com um pedido à Polícia Federal para investigar o caso e deixar o assunto em pratos limpos. Os tucanos atribuem aos petistas a estratégia de se fazerem de vítimas e colocar a culpa nos adversários.

Um dos sites clássicos utilizados contra a pré-candidata do PT é o ”Porra Petralhas”, repleto de baixarias, mas focado, em comum a outras páginas do gênero, em colocar em Dilma Rousseff a pecha de “terrorista” e “inexperiente”, coincidentemente, duas teclas sistematicamente repetidas pela mídia nacional. O site não tem autor conhecido. Também no Twitter, o “Porra Petralhas” atua de forma massiva, sempre com xingamentos e acusações. A foto utilizada no perfil insinua um beijo na boca entre Dilma e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, dentro de uma moldura de coração. Dois outros perfis de microblog, “Dilma Hussein” e o conhecido “Gente que Mente”, ajudam a desqualificar a candidata nas redes sociais.

Um “retuíta” o outro, como se diz no jargão da internet.

Procurado por CartaCapital, Graeff mandou dizer que não vai se manifestar sobre o assunto. De acordo com Carlos Iberê, assessor de imprensa do PSDB, o ex-secretário participou apenas da formação do núcleo interno que discutiu a questão da campanha da internet e agora se dedica exclusivamente à função de tesoureiro. Cila Schulman não foi encontrada. A assessoria de Luiz Alberto Ferla informou não saber de “nada oficial” a respeito dos contratos ou do papel da empresa na campanha.

FONTE: Carta Capital

Brizola Neto: A RECEITA DO JORNALISMO SERRISTA



Brizola Neto, no blog "Tijolaço"

"O artigo “Brasil grande, Brasil pequeno”, de Luiz Paulo Horta faz ontem, em O Globo – e não consegui dar conta de tudo aqui no blog – um “modelito” do figurino que se vai usar na mídia para defender Serra e desqualificar Dilma.

Vale a pena analisar para ver como é a técnica serrista do “eu-finjo-que- não- sou- contra-para-ganhar-e-depois-mudo-tudo”

A receita é assim: primeiro, breves elogios ao governo Lula, de preferência dizendo que ele 'continuou as políticas sábias de FHC', sua maturidade e coisas do gênero. Usariam “soube aproveitar o cenário internacional favorável” mas depois da crise de 2008 ficou meio difícil aproveitar isso.

A partir daí, vão se mostrar generosos e preocupados com o destino do Brasil e com os avanços sociais. Vocês verão como haverá variações em torno do “O Brasil pode mais” serrista. Horta, por exemplo, escreve, sem pudor, que “agora é preciso mais”.

Daí em diante, passarão a desqualificar Dilma e apresentar Serra como o bom moço, o político equilibrado, o homem preparado capaz de levar o país para a frente. Dilma, dirão os jornais, é aquela que quer dividir o país com “um discurso político que nos devolve aos tempos sombrios do maniqueísmo ideológico”, como escreveu o acadêmico Horta. Serra, que defende o Brasil de sempre, seria o novo; Dilma, que propõe um novo rumo, a volta ao passado.

Os homens da pena digital sabem que não vai dar mais para invocar “o mercado”. O “mercado” danou-se, desmoralizou-se correndo o chapéu diante do Estado. Já está ficando “saidinho” de novo, mas ainda não pode voltar a proclamar-se Deus. Então, o caminho agora é o avanço social. “Vão fazer” pela educação, pela saúde, pela inclusão social o que nunca fizeram com a faca e o queijo na mão por anos a fio.

Horta, por exemplo, invoca a necessidade de uma “reforma profunda” na educação, setor em que Serra naufragou no governo de São Paulo, não apenas reduzindo o investimento no setor até zerá-lo, como já mostramos aqui, como também enfrentando os professores com a polícia.

Claro que o articulista de O Globo sabe disso e se presta a sair em defesa do tucano, classificando as escolas públicas de “massa de manobra para pretensos líderes sindicalistas — como se vê nas repetidas greves do ensino em São Paulo.”

O Globo, a Folha, o Estadão, em seus editoriais e com seus articulistas bem pagos para representar suas posições, têm todo o direito de optar por uma candidatura e defendê-la. Mas que ninguém se engane com conversas sobre uma suposta neutralidade, como veio falar ontem a ombudswoman da Folha.

Os jornais são parte da campanha tucana. Terão alguns espaços para vozes divergentes, claro, pois isso engana os incautos sobre a tal “neutralidade”.

É por isso que uma das nossas maiores tarefas é acompanhar o que dizem, desmontar as armações e nos cuidarmos. Como lhes falta argumento, tentarão nos mostrar raivosos, irracionais ou “trogloditas de espírito” como se afirmou ontem.

Nos cabe ter a sabedoria e a serenidade como condições permanentes, fugir das provocações mas, ao mesmo tempo, não transigir diante das manipulações.

É por causa do “política é assim mesmo” que o Brasil é, há tanto tempo, assim mesmo."

FONTE: escrito por Brizola Neto e postado hoje (26/04) em seu blog "Tijolaço".
Lido no Democracia e Política da Maria Teresa

domingo, 25 de abril de 2010

Miro: PSDB, FMI e a turma dos 30%

Reproduzo exclente análise enviada pelo amigo Artur Araújo:

O espectro de uma pergunta deveria estar rondando as redações e, se formulada, desnudaria o que realmente separa as duas principais candidaturas à presidência. Bastaria indagar de José Serra: “o senhor propõe parar o Brasil?”

Explico-me, a partir de três exemplos muito recentes: um artigo de Luis Carlos Mendonça de Barros, as manchetes sobre a orientação do FMI para que o Brasil reduza sua taxa de crescimento e os 50 anos de Brasília.

Em artigo publicado na FSP de 16/04, Mendonça de Barros, o ex-ministro de FHC de volta a sua vida de financista, desnuda o que é o coração da "economia política" do PSDB. Tido e havido como desenvolvimentista, anti-Malan, da escola de Sérgio Guerra e José Serra, Mendonça tem uma tese: "a euforia pelo crescimento nos levará a bater no muro das restrições econômicas; esse filme tem final triste". E para quem esperava as clássicas formulações – sobre os gargalos de infraestrutura, a baixa taxa de expansão da capacidade instalada, a "gastança” em custeio que impede o investimento público – ele abre seu coração e surpreende:

“A maior parte da oferta na economia brasileira é constituída por bens e serviços que não podem ser importados. O mais importante deles é o mercado de trabalho e nele é que está a componente mais ameaçadora que vejo para a frente... Poderemos chegar ao fim deste ano com uma taxa de desemprego da ordem de 6%, mantido o crescimento atual da geração de postos de trabalho. Em março, o número de empregos formais aumentou em 266 mil, número muito forte para o mês.

“A pressão sobre os salários desse segmento dos trabalhadores já está ocorrendo e deve se acelerar... São evidências de instabilidade grave. Dou um exemplo: a produção de caminhões da Mercedes-Benz brasileira em março foi o dobro da matriz na Alemanha. Mesmo com a crise na Alemanha esse número é um aleijão para mim”.

Trocando em miúdos: crescer rápido é um "problema", porque pode gerar aumentos salariais para os trabalhadores e reduzir a taxa corrente de lucros. A ótica do imediatismo salta aos olhos; nem mesmo de relance, o articulista se refere a um ciclo virtuoso, em que o crescimento real da massa salarial implica ampliação da demanda efetiva, cria as condições para expansão da capacidade produtiva (e da formação de mão-de-obra) e para a expansão da própria acumulação de capital, pelo crescimento do volume produzido e realizado.

O seu negócio é o aqui e agora, é o lucro já e o futuro, provavelmente, nem a Deus pertence. O espantalho que agita é o da inflação de demanda, que se recusa a atacar pela via do choque de oferta, do mercado interno de massas e da expansão das exportações de maior valor agregado. Sua panacéia é o aumento dos juros.

Já na cobertura dos jornais paulistas sobre os 50 anos de Brasília, um velho espectro ressurgiu, explicitamente referido, por exemplo, em editorial de “O Estado de São Paulo”: Brasília, entre outras mil de suas supostas mazelas, estaria na origem da espiral inflacionária do início dos anos 1960. Sem, até hoje, compreender o que de fato Brasília realizou, como meta-síntese do programa de desenvolvimento nacional de Juscelino, as vozes do passado ressurgem, opondo-se às obras públicas, à ação do Estado na criação de infraestrutura, na indução econômica e na integração democrática de todos os brasileiros e de todo o território nacional.

A rádio CBN tem apresentado uma ótima série de reportagens sobre a história da criação de Brasília. Em um dos programas, o tema era o debate na imprensa daquela época. A matéria narrava a campanha cerrada que o engenheiro da UDN Gustavo Corção, guru de Carlos Lacerda, movia contra a construção da cidade. Um de seus temas preferidos era o Lago Paranoá que, do alto de sua sapiência, o Dr. Corção garantia que nunca ficaria cheio, dados o regime de chuvas e as características do solo do cerrado.

No dia em que o lago ficou completo, JK, pleno de mineirice e bom humor, telegrafou para a redação do jornal em que Corção escrevia. Usou uma só palavra: “Encheu”.

O que Juscelino enfrentava era uma herança maldita, um Brasil litorâneo que só via a si mesmo, que desprezava mais de dois terços de seu território. A Marcha para o Oeste significou, muito além de Brasília, a experiência pioneira de Ceres, cidade-modelo agrícola implantada em Goiás, em que se desenvolveram as técnicas de correção de solo que permitiriam a expansão agrícola e que hoje fazem do Brasil um ator mundial em alimentos e biomassa para geração de energia. Significou, também, a abertura da rodovia Belém-Brasília (aquela que a UDN chamava de estrada para onça), articulando os eixos Norte e Oeste do desenvolvimento nacional.

E significou, mais do que tudo, para todos os brasileiros, trabalhadores ou empresários, uma mudança de postura e ângulo; Brasíla permitiu que olhássemos mais e melhor para os nossos próprios potenciais e capacidades.

O FMI, que não é daqui, ecoa a mesma lógica. Seu mais recente relatório, diz a FSP em manchete, “vê economia brasileira ‘no limite’”. Forçado pelos fatos a revisar – para cima – sua estimativa de crescimento da economia do Brasil, “aponta demanda ‘em estágio avançado’ e espera medidas para desacelerar crescimento de 5,5% neste ano para 4,1% em 2011”. Tanta coincidência, até de terminologia, é sintoma de um alinhamento automático, de um modo de pensar e conduzir o país.

O PSDB de hoje, por vezes até mais que os “demos”, olha a economia e o Brasil com esse viés. O que os orienta é o mundo internacional das finanças e a propensão a pensar em pedaços, em satisfazer-se com políticas que miram só um terço dos brasileiros – os mais ricos – e só uma parte de nosso território – o sul-sudeste. É a turma dos 30%.

Expansão de consumo, crescimento de salários, ampliação da produção, desenvolvimento da infraestrutura, inclusão e capacitação das pessoas, todos esses são temas ausentes de suas formulações – ou vistos como “aleijões”. Aumento continuado e real do salário mínimo, instituição de pisos salariais nacionais, redução de jornada de trabalho, pleno emprego, PAC, PROUNI, são pautas que os levam à beira do pânico. Tudo que seja para todos é risco, não oportunidade.

Ainda que se dê a José Serra o benefício da dúvida, do quanto ele ainda preserva de seu suposto desenvolvimentismo, não é despropositado indagar o quanto ele “resistiria” à pressão combinada do tucanato econômico, do udenismo paralisante e elitista e da banca mundial, falando pela boca do FMI. A experiência FHC não traz muitas esperanças quanto a isso. Um jornalista arguto qualificaria a pergunta que abre este texto e questionaria o que o candidato faria com a turma dos 30%, aqueles que, há décadas, sempre estiveram do seu lado e sempre quiseram que o Brasil pudesse menos.

Brizola Neto: AS POLÊMICAS DECLARAÇÕES DE CIRO GOMES

"E aí, quem vai entrar nessa manobra?


Reproduzo, para que todos vejam aqui, trechos de entrevista publicada pela Folha Online, como é ingênuo – não posso crer que seja cúmplice – entrar nessa tolice de abrir baterias contra Ciro Gomes. Convém ler na íntegra, mas reproduzo trechos para que vocês entendam o que estão fazendo.

Ciro, com toda a razão e coerente com seu jeito de ser, reage à tentativa do repórter de tratá-lo como ex-candidato. Leiam:

Folha – O senhor pretende se reunir com a candidata Dilma Rousseff para discutir colaborações suas para o programa de governo dela?

Ciro –
Sua entrevista está completamente fora de tempo, ou então você está querendo enterrar o defunto com ele vivo ainda. É preciso refrasear as perguntas aí.

Folha – Insisto. Na hipótese da decisão de terça-feira ser desfavorável aos seus anseios, o senhor pretende colaborar com o programa de governo da ex-ministra Dilma Rousseff?

Ciro –
Eu acho que é uma falta de delicadeza você tratar como defunto quem está vivo, antes de ser enterrado. Publique isto.

A Folha usa isso para dar a seguinte manchete: Ciro Gomes: “Estão querendo enterrar o defunto com ele vivo ainda”.

Estão? Quem estão? Lula? Dilma? Os aliados da base do Governo? Ou a Folha de S. Paulo? Ciro mostrou o que é evidente e que eu tenho registrado aqui. Ele enfrenta, não foge.

Depois, ele esclarece bem a intriga de que ele teria dito que Serra é candidato melhor que Dilma:

Folha – Em entrevista ao portal iG, o senhor declarou que José Serra é mais capaz do que Dilma Rousseff. A sua visão é essa, efetivamente?

Ciro –
Eu não dei nenhuma entrevista para o portal iG.

Folha – Independentemente da entrevista, o senhor acredita que José Serra é mais capaz do que a ex-ministra Dilma?

Ciro –
O que eu digo a todo mundo que me pergunta é que a Dilma é uma pessoa muito melhor do que o Serra, mas infelizmente para nós outros, o Serra é mais preparado do que ela, mais legítimo do que ela.

Folha – O que confere legitimidade a um candidato?

Ciro –
Estrada, serviço prestado, experiência, derrotas, vitórias, compromissos assumidos. Isso é o que confere legitimidade a alguém.

Folha – Já que ele prestou serviços ao país, cumpriu compromissos, por que o senhor o vê como uma figura ruim para o país?

Ciro –
A vinculação a um projeto de país que prejudicou o Brasil de forma quase criminosa. Ele foi ministro do governo Fernando Henrique durante quase oito anos. Não adianta fazer de conta, manipular, fazer conivência da grande mídia, lavagem cerebral, não adianta. Ele foi ministro do Planejamento no tempo em que se formatou a privataria. Ele foi ministro da Saúde, ele foi o sucessor do Fernando Henrique, ele foi a Dilma do Fernando Henrique. Isso, infelizmente, é o real. Então, na política, você é você e as suas circunstâncias. Eu, por exemplo, era da mesma turma e rompi quando vi o Fernando Henrique fazer o que estava fazendo. Fui para o deserto, fui falar contra, apelar contra, sofri o pão que o diabo amassou, para sustentar a coerência da minha percepção de mundo em relação ao Brasil.

Dá para entender a quem servem as agressões a Ciro? Dá para perceber o que está sendo montado? Não é possível que não vejam. E que não saibam que, batendo em Ciro, vão receber troco e é isso que a mídia serrista aguarda, ansiosa. O pessoal do “paz e amor” com o sistema, curiosamente, não quer “paz e amor” com os aliados.

O sectarismo e a cegueira política não são privilégio de alguns setores do PT, e felizmente uma minoria ali. Existem em todos, inclusive no PDT. Pessoas que, até inconscientemente, vêem a máquina partidária em primeiro plano. Isso nada tem a ver com disciplina partidária, após as decisões tomadas legitimamente. Mas tem a ver com exercer a política como ela deve ser: o objetivo é servir ao país e ao povo, o partido é a ferramenta deste serviço.

Temos muitos problemas ainda para o enfrentamento que virá. Existem egoísmos, mas também existem legítimas aspirações de lideranças estaduais. Vejam o caso do Paraná: tem toda a razão o senador Osmar Dias, a única candidatura capaz de derrotar o PSDB local, em pretender que o PT dê o seu vice. Mas o PT insiste que só quer o Senado, para concorrer com voto próprio. Ora, o que é isso senão querer um acordo local com a tucanagem? E Osmar tem toda a razão em dizer que, assim, não vai ser candidato para ser imolado, concorre a uma reeleição certa como senador.

E pronto, temos um problemaço para Dilma no Estado.

Em outros estados, teremos candidaturas separadas. Paciência.

Daí a nos agredirmos vai uma distância astronômica.

Faço um apelo para que todos – inclusive meu partido – tenhamos grandeza nesta hora. Alguém acha que estou plenamente satisfeito com todas as alianças que se fazem? Mas eu estou aqui para servir aos meus caprichos e às minhas preferências ou para servir ao povo brasileiro, que vai lutar uma batalha decisiva, um momento de definição de seu destino?

Vou repetir uma frase que ouvi dúzias de vezes de Leonel Brizola: eleição não é corrida de cavalos, para se apostar neste ou naquele. Eleição é o momento de perceber, galvanizar e fazer triunfar o desejo e as necessidades do povo brasileiro.

Lembrem-se, senhores: se não formos grandes o suficiente para o combate que se aproxima, o povo brasileiro nos deixará à margem, como inúteis. Reunir significa aceitar diferenças em nome de uma identidade. Mas só podemos nos reunir se houver respeito e dignidade em nossas relações.

A candidatura Dilma – e dela Ciro não fez nenhum senão, exceto dizer que é inexperiente em campanhas eleitorais – precisa desta grandeza. Porque ela é, neste momento, a possibilidade de um novo projeto de país. E isto está acima de qualquer projeto de partidos ou grupos, por mais respeitáveis que sejam."

FONTE: BLOG DO BRIZOLA NETO

sábado, 24 de abril de 2010

QUEM CONTROLA A MÍDIA ?

"Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos megaempresários.

Venício Lima

Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor(a).

Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos megaempresários.

Na verdade, uma das consequências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios. Aparentemente, não há espaço para o interesse público.

Na Europa e nos Estados Unidos

Já aconteceu com os britânicos "The Independent" e "The Evening Standard" e com o "France-Soir" na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi ("Mediaset") e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch ("Sky Itália"). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o "Fakt" (o diário de maior tiragem), quanto o "Polska" (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.

Nos Estados Unidos, a "News Corporation" de Murdoch avança a passos largos: depois do "New York Post", o principal tablóide do país, veio a "Fox News", canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo "The Wall Street Journal"; o estúdio "Fox Films' e a editora "Harper Collins". E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do "The New York Times".

E no Brasil?

Entre nós, anunciou-se recentemente que o "Ongoing Media Group" – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O "Ongoing" detem 20% do grupo "Impressa" (português), é acionista da "Portugal Telecom" e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o "Zon Multimídia".

Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque, ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de radio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.

Desde que a Emenda Constitucional nº 36, de 2002 [FHC/PSDB], permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo da informação e do entretenimento atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.

Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do "Grupo Abril" com a sul-africana "Naspers"; da "NET/Globo" com a "Telmex" (do grupo controlado por Carlos Slim) e da "Globo" com a "News Corporation/Sky".

Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo.

Quem ameaça a liberdade de expressão?

Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?

Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital nº 591, o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos:

O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.

Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?"

FONTE: escrito por Venício Lima, pesquisador sênior do "Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política" da Universidade de Brasília - NEMP – UNB. Publicado no site "Carta Maior".
Lí no Democracia e Política de Maria Teresa

TV GLOBO - "OS FILHOTES DA DITADURA"


Emir Sader

"A TV Globo surgiu no auge da ditadura militar, quando assinou um acordo com a Time-Life para instaurar seu canal de televisão no Brasil, que rapidamente se tornou o órgão oficial da ditadura militar. Gozando do monopólio de fato e das graças do regime mais brutal que o país conheceu, fundado no terrorismo de Estado, conquistou a audiência que lhe permitiu consolidar-se economicamente.

Terminada a ditadura – contra as resistências da própria Globo -, a empresa foi pega em flagrante no caso da Proconsult, tentando fraudar a vitória de Brizola nas eleições para governador, em 1982, assim como tentou desconhecer a campanha das diretas e aquela pela derrubada do Collor (seu candidato). Revelava como não tinha mudado desde os tempos da ditadura.

Nascida das entranhas da ditadura militar, apoiada em um acordo com uma empresa emblemática do império estadunidense, o jornal principal da empresa, O Globo, não poderia ser outra coisa, senão o que é: um órgão sem nenhuma credibilidade. “O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo” – persegue a todos os funcionários da empresa da família Marinho. A morte do patriarca – amigo íntimo e sócio de ACM, como herança dos tempos da ditadura – tornou ainda mais grotesca a empresa, porque nenhum dos filhos revela qualquer capacidade para dirigir a empresa do pai, acelerando seu mergulho na decadência, sem nunca ter conseguido superar a falta de credibilidade.

Um jornal que tem em Ali Kamel, Merval Pereira e Miriam Leitão como seus principais expoentes, não poderia mesmo nunca conquistar credibilidade alguma.

O que a empresa conseguiu foi comprar uma série de artistas, que conseguiram espaço para repetir o que os donos da empresa desejam, sem nenhuma credibilidade. Um ex-diretor de cinema tentou retomar o caminho de Paulo Francis, foi para a sede da Time-Life, mas fracassou estrepitosamente, refugiando-se na amargura de lamentar que o Brasil saiu das mãos dos seus patrões para cair nas de um retirante nordestino.

Outros funcionam como penosos escribas preenchendo lamentavelmente as páginas do jornal e os espaços da televisão, para tentar ser os lacerdistas – os corvos – de hoje. Um ex-jornalista, em fim de carreira, também se tornou assalariado dos Marinhos, que lhe dão espaço para atacar a esquerda, defendendo o ponto de vista da empresa favorita da ditadura, agora querendo posar de democrática.

E o que mais agrada os patrões do que atacar o MST, Cuba, Venezuela, Lula, a esquerda? E defender a empresa, em situação econômica periclitante, atacando a generalização da banda larga para todo o país? Ainda mais alguém especialmente desqualificado para falar de um tema tão importante para a inclusão tecnológica, a superação das desigualdades sociais e para a democratização da formação da opinião pública. Mal pode disfarçar, com agressões grosseiras, o nervosismo que medidas como essa provocam na empresa da família Marinho.

Triste fim de gente que termina suas carreiras como ventríloquo dos descendentes da família Marinho, como filhotes da ditadura, que ainda não sabem que “o povo não é bobo”, povo que sabe que “Globo e ditadura, tudo a ver”.

É o desespero de continuar sem conseguir eleger seus candidatos, nem na cidade do Rio de Janeiro, nem no Estado do Rio de Janeiro, nem no Brasil, revelando como estão na contramão do povo do Rio e do povo do Brasil."

LIDO NO DEMOCRACIA e POLÍTICA - FONTE: CARTA MAIOR

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O PIG conspira nos porões

A eleição para presidente da república ainda está longe. Acontecerá sómente em Outubro de 2010. Mas será que está mesmo longe?

Tenho a nítida impressão que meu dia não tem mais 24 horas já faz tempo.
O tempo passa numa velocidade incrível.
Mais uma semana e adeus mês de Abril 2010. Mais um pouco chega a copa do mundo - Junho - e na sequência as férias escolares de Julho.

Para os pseudo-formadores de opinião da sociedade tupiniquim, o tempo voa.
E por isso mesmo o PIG está de mangas arregaçadas, trabalhando a todo vapor na candidatura do seu preferido candidato José Serra.

Como diz Paulo Henrique Amorim, o notável "Inacabado" José Serra não consegue terminar nenhum mandato ou cargo para o qual foi eleito ou escolhido. E isso é histórico, desde sua fuga da presidência da UNE nos idos de 1964 quando do Golpe MIlitar, depois passando pelo Governo FHC onde entrou como Ministro do Planejamento e saltou para a pasta do Ministério da Saúde.
Mais recentemente elegeu-se prefeito da Cidade de São Paulo e novamente abandonou o barco para candidatar-se a Governador do Estado, do qual já saltou fora para candidatar-se a Presidente da República.

Porém incrível mesmo é ver a desfaçatez do PIG como um todo em casos como o da Revista Veja em que o colocaram com uma "carinha singela" e a frase: "Me preparei a vida inteira para ser presidente da república".

Pegou mal, muito mal aquela fotinho da capa onde o carrancudo e reacionário José Serra, posa de bom menino a querer ludibriar corações e mentes já que na verdade não passa de um lobo em pele de cordeiro.

Pegou mal, muito mal também a cópia subserviente da revista tupiniquim, imitando a revista Time do Império do Norte onde na capa aparece o Obama depois de eleito presidente dos EUA.

Pegou mal, muito mal ainda, a peça publicitária da Globo com um conteúdo abusivamente "subliminar" a dar um empurrão na candidatura do preferido do PIG.
O filminho comemorativo de seu aniversário trazia o número 45 do PSDB (coincidentemente os anos de vida da grande rede de TV) e a mensagem de que queremos "MAIS" para o Brasil (como proferido pelo Serra em seu discurso de candidato).

Por todas essas circunstâncias (sacanagens e aberrações da natureza) é que tenho a mais firme convicção de que as eleições de 2010 não estão nem um pouco longe, mas sim como se fossem ser realizadas no próximo domingo.
Porque os golpistas de plantão maquinam o tempo todo suas aramadilhas e se Lula e Dilma não abrirem os olhos serão engolidos pelo furacão do PIG.

Espero estar muito enganado e aproveitando que hoje, 23 de Abril é dia de São Jorge, aquele que trucida o dragão com sua lança, peço-lhe com toda a minha fé que trucide e corte a cabeça dessa besta fera e nos livre do pior. Ogunhê!

Miro: Serra tira os sapatinhos para os EUA

O presidenciável demotucano José Serra vai aos poucos soltando suas asinhas. Quando sua pré-candidatura foi oficializada, no início de abril, ele se fingiu de bonzinho. Evitando se confrontar com a alta popularidade do presidente Lula, afirmou que manteria o que há de positivo no atual governo e lançou o bordão adocicado “O Brasil pode mais” – que logo foi encampado pela TV Globo numa desastrada propaganda subliminar. Mas o “Serrinha paz e amor” não se sustenta. É pura estratégia eleitoral, coisa de marqueteiro esperto para embalar um produto falsificado.

Na semana passada, num evento com empresários de Minas Gerais, José Serra começou a fazer a demarcação dos projetos em disputa da eleição de outubro. Ele criticou o Plano de Aceleração do Crescimento, o que reforça a confissão à revista Veja do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PAC será extinto. Também afirmou que irá “rever o papel” do BNDES. O que chamou a atenção no seu discurso, porém, foi o ataque ao Mercosul. Para ele, o bloco regional “atrapalha as relações comerciais do Brasil”. O discurso deve ter agradado aos seus amos dos EUA.

“Alinhamento automático” com o império

De há muito que a política externa do presidente Lula, mais altiva e ativa na defesa da soberania nacional, é motivo de duras críticas da oposição neoliberal-conservadora. Os demotucanos nunca engoliram a prioridade dada ao Mercosul e à integração regional; tentaram sabotar o ingresso da Venezuela no bloco regional e são inimigos declarados dos governos progressistas da região; não se pronunciaram contra o golpe militar em Honduras, mas condenaram o governo por dar abrigo ao presidente deposto. Para eles, como revela José Serra, a integração latino-americana atrapalha.

Presença nauseante nos telejornais da Globo e nas páginas dos jornalões e revistonas direitistas, os embaixadores tucanos Celso Lafer, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia sempre pregaram o retorno à política de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. No episódio recente da ameaça do governo Lula de retaliar produtos ianques em oposição ao seu protecionismo, alguns deles saíram em defesa dos EUA. Eles temem qualquer postura mais soberana diante do império. São contra a política de diversificação comercial do Brasil, contra a ênfase nas relações Sul-Sul.

Complexo de vira-lata dos demotucanos

Este é o time do candidato José Serra. Essa é a sua orientação para a política externa. Na prática, a oposição neoliberal-conservadora sonha com o retorno ao “alinhamento automático”. Mercosul e outras iniciativas visando quebrar o unilateralismo imperial seriam enterradas com a eleição do demotucano. O Brasil regrediria para o triste período de FHC, de total subserviência às potências capitalistas – do complexo de “vira-lata”. Serra tenta se afastar da imagem desgastada de FHC, mas sua política externa seria idêntica – não como farsa, mas como tragédia no mundo atual.

Para entender o que representaria este retrocesso vale a pena ler o livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”, do renomado historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Ele comprova, como farta documentação, como a política externa regrediu nos oito anos de reinado de FHC. Neste período nefasto, o país só não aderiu ao tratado neocolonial dos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), devido à reação da sociedade. Esta resistência também evitou que Alcântara, no Maranhão, virasse uma base militar ianque.

Tratamento humilhante para o Brasil

Entre outros casos vexatórios da política de FHC, Moniz Bandeira relata a sumária exoneração do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por este ter alertado o governo para os graves riscos da Alca. Cita a atitude acovardada do ex-ministro Celso Lafer diante das pressões dos EUA para afastar o embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ligada à ONU, por este ter tentado evitar a guerra genocida no Iraque. Lembra ainda os discursos do ex-ministro de FHC propondo a participação do Brasil no genocídio no Iraque com base no draconiano Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

O ápice dessa postura subserviente se deu quando o diplomata aceitou tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA. “Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento humilhante”.

Subserviência ou soberania nacional?

Com base nas suas pesquisas, Moniz Bandeira garante que a eleição de Lula deu início a uma guinada na política externa, retomando a trajetória seguida por Vargas e outros nacionalistas. Ele lembra os discursos do então candidato contra a Alca, a indicação de Celso Amorim e de Samuel Pinheiro para o seu Ministério de Relações Exteriores, a prioridade às negociações do Mercosul, os esforços para a construção de um bloco regional sul-americano e a frenética investida na diversificação das relações com outros países em desenvolvimento – como China, Índia e Rússia. Cita ainda os duros discursos contra a ocupação do Iraque e o veto à base ianque em Alcântara.

Para o autor, após a longa fase de subserviência ao império, as relações do Brasil com os EUA voltaram a ficar tensas. Ele registra os vários discursos hidrófobos da direita estadunidense e não descarta manobras ardilosas e violentas para sabotar o atual projeto de autonomia nacional. Mas se mostra confiante na habilidade e ousadia da atual equipe do Itamaraty. Reproduzindo artigo do jornal O Globo, ele afirma que “há tempos (Celso Amorim) avisou a embaixadora dos EUA que não há força no mundo capaz de fazê-lo tirar os sapatos durante a revista de segurança dos aeroportos americanos. ‘Vou preso, mas não tiro o sapato’”. Conforme indica Moniz Bandeira, este é o dilema do Brasil na atualidade: subserviência ou soberania nacional?

FONTE: BLOG DO MIRO

Brizola Neto: Estado Fraco é Refém de Empreiteiras

"Ontem eu publiquei aqui a nota da Folha de S. Paulo comentando as pressões das empreiteiras sobre o Governo para obterem melhores preços – e lucros – nas licitações de usinas hidrelétricas. Este lobby continua hoje com a divulgação de uma suposta nota técnica de Furnas e da Eletrobras – imaginem quantas cumplicidades se formam ali com estes contratos com empreiteiras – que apontaria a baixa lucratividade da Usina de Belo Monte com o valor máximo autorizado pelo Governo para a tarifa, de R$ 83 por Megawatt-hora.

(...) Não tenho condições de opinar tecnicamente sobre a formação dos preços da energia e creio que só quem estiver debruçado meses sobre o problema é que pode fazê-lo com segurança. Sei, porém, como as empreiteiras brasileiras – sem desmerecimento de sua capacidade técnica – estão acostumadas com sobrepreços e lucros altos. As privatizações que foram feitas no Brasil, com investimento baixo e lucro alto deixaram estes grupos com a boca torta pelo uso do cachimbo.

Por isso, acho que foi muito bom o “trancaço” que levaram ontem de Lula, quando este declarou que se o capital privado não quiser fazer a usina, o Estado a fará.

Tivemos a coragem de transformar a Eletrobras numa holding, que possa ser tão forte como a Petrobras, que possa captar dinheiro no exterior. E se alguma empresa privada não quiser participar de uma obra, nós faremos a obra. Deus queira que elas queiram participar de todas. Porque, para nós, o ideal é essa parceria público-privada, mas se elas não quiserem fazer, se o preço estiver acima da conta, nós faremos por conta própria.”

Aí está porque temos que ter um estado forte e capaz tecnicamente. Se não o tivermos, seremos sempre reféns destes grandes grupos. Há lugar para todos num Brasil que se desenvolve, mas não lugares cativos, como as empreiteiras acostumaram-se a ter."

FONTE: Blog"Tijolaço" do Brizola Neto.

Lessa: "Fiz uma hecatombe para evitar privatização do BNDES"

Hélvio Romero/Agência Estado
O 
ex-presidente do BNDES Carlos Lessa avalia que o PSDB não vai ficar 
outra vez acuado no debate sobre as privatizações. Lula continuou 
privatizando
O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa avalia que o PSDB "não vai ficar outra vez acuado" no debate sobre as privatizações. "Lula continuou privatizando"

Claudio Leal
Ponto incômodo e decisivo no segundo turno da eleição presidencial de 2006, vencida por Lula (PT), as privatizações da era Fernando Henrique Cardoso persistem como um tema a crispar lideranças tucanas no debate político.

Neste abril de 2010, no lançamento da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à presidência, o ex-governador mineiro Aécio Neves pisou no recalque ao defender o legado de FHC, não por coincidência sentado a seu lado no evento: "Privatizamos, sim, setores que precisavam ser, como a telefonia (...), que negaram espaço à eficiência".
No mesmo 10 de abril, em São Bernardo do Campo (SP), o presidente Lula reanimou o discurso que emparedou Geraldo Alckmin (PSDB) em 2006. "Sou um homem de boa índole, mas em um momento auspicioso, o ex-governador de Minas (Aécio) disse que eles reforçariam as privatizações e foi muito aplaudido. Foi o momento de maior aplauso na festa dele. Eu não quero esses aplausos", Lula refugou.

Mas há incertezas sobre o retorno (e a eficácia) dessa estratégia. Para o economista Carlos Lessa, "o PSDB não vai ficar outra vez acuado".
- Acho que eles vão dizer que o Lula continuou privatizando. Houve as concessões ferroviárias, o processo do pré-sal, a proposta de privatizar a Infraero, as ações do Banco do Brasil na Bolsa de Nova York. O discurso de Dilma na reforma do setor de energia é rigorosamente o de Fernando Henrique.

Dos arquivos implacáveis dos petistas, começa a ser desempoeirado o "Memorando de Política Econômica", de 8 de março de 1999, texto-compromisso do governo brasileiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial - no jargão tecnocrático, "os desenvolvimentos econômicos que levaram à formulação do programa do governo brasileiro apoiado pelo FMI Banco Mundial BID BIS".

O Jornal da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no número 24, remoeu a promessa de privatizar os bancos federais, feita pelo PSDB. No item 18, a equipe econômica de FHC afirmou: "com determinação o governo dará continuidade à sua política de modernização e redução do papel dos bancos públicos na economia".

No trecho mais polêmico, o itinerário a ser traçado: "o Governo solicitou à comissão de alto nível encarregada do exame dos demais bancos federais (Banco do Brasil Caixa Econômica Federal BNDES BNB e BASA) a apresentação até o final de outubro de 1999 de recomendações sobre o papel futuro dessas instituições tratando de questões como possíveis alienações de participações nessas instituições fusões vendas de componentes estratégicos ou transformação em agências de desenvolvimento ou bancos de segunda linha (...)".

Ações não-votantes da Petrobras foram empenhadas: "O Governo pretende acelerar e ampliar o escopo do programa de privatização - que já se configura como um dos mais ambiciosos do mundo (...) O Governo também anunciou que planeja vender ainda em 1999 o restante de sua participação em empresas já privatizadas (tais como a Light e a CVRD) bem como o restantes de suas ações não-votantes na PETROBRAS."
- Isso daí (memorando) é o chamado poropopó. Concordam com a orientação do FMI pra tomar o empréstimo. O FMI sempre quis desmantelar o BNDES, porque é um instrumento de soberania nacional - sustenta Carlos Lessa.

A economista Maria da Conceição Tavares, 80 anos, ex-deputada federal do PT, foi uma das principais críticas do programa de privatizações. Agora, acredita que a desestatização não está em pauta, "a não ser que seja para defender Fernando Henrique".

- Quando Fernando Henrique pediu dinheiro ao Fundo, eles recomendaram privatizar tudo, inclusive o Banco do Brasil e a Petrobras. Mas o Fernando não privatizou. Tentaram privatizar por dentro. Naquela época o Fundo era a favor. Não sei o que acha hoje. Como o neoliberalismo deu mau resultado...

Primeiro presidente do BNDES do governo Lula (2003), Carlos Lessa rememora, em entrevista a Terra Magazine, a existência de um processo de desmonte do banco, iniciado nos anos 90.

- Meus dois antecessores no BNDES estavam preparando o banco para morrer. Queriam convertê-lo em banco de investimento, para depois dizerem: não precisamos de um banco de investimento. Expliquei tudo isso a Lula. Tanto que Lula me deu uma carta branca. Demiti todos os quadros, não sobrou um. Fiz logo uma hecatombe! Demiti cento e tantos. Aí a Miriam Leitão me atacou, não é? - ironiza Lessa.
Lessa: "Aécio fez discurso de ultradireita"

Padrinho de casamento do ex-governador paulista, Lessa ressalta que José Serra "não tem uma cabeça privatista". O economista revela uma teoria para explicar o discurso desabrido de Aécio Neves em defesa das privatizações, uma temática espinhosa para os serristas.

- O Lula fez a campanha de reeleição atacando o 'picolé de chuchu' (Geraldo Alckmin) como privatizante. Acredito que os tucanos criaram uma defesa contra esse argumento que o Lula pode lançar. O Aécio saiu com um discurso de ultradireita pra conquistar os conservadores, pegar o apoio dos bancos e encurralar o Serra.

Maria da Conceição concorda com o ex-aluno: "O Lessa está certo. Não custa nada ao Aécio chatear o Serra. Ele não é o candidato".

Na contracorrente de boa parte dos economistas, Lessa não considera "impossível" a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES - "Eles fazem qualquer coisa".

- No BNDES, sofri pressões intensas. A imprensa me demitiu 73 vezes. Claro, eu não gastava dinheiro com propaganda. Nunca achei necessário o BNDES fazer propaganda. Resultado: na 74ª vez, Lula me demitiu.

Lessa reconhece, no entanto, que o primeiro governo de Lula modificou os planos privatistas no setor bancário. Naufragaram os propósitos do "Memorando de Política Econômica" de FHC.

A pré-candidata Dilma Rousseff (PT) tomou aulas com Carlos Lessa na Unicamp. O ex-professor avalia que ela se comportou "direitinho" na Casa Civil. "Só implodiu a Varig", ressalva. "Dilma tem uma enorme abertura para o que dê certo pra carreira dela. Se for pra direita, vai de choque de privatização."

Apesar das investidas desestatizadoras em outros setores, a gestão petista pode incluir um dado a mais no seu memorando de robustecimento dos bancos federais. Ontem, o argentino Patagonia anunciou a venda de 51% do seu capital votante ao Banco do Brasil. A compra do controle está orçada em US$ 479,66 milhões.

Berzoini: "PSDB vendeu tudo em SP"
Entre as privatizações traumáticas do governo do PSDB, lideram as da Telebras e da Companhia Vale do Rio Doce. Numa entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, em 5 de novembro 2006, o publicitário da campanha de Dilma Rousseff, João Santana Filho, expôs o uso da isca privatista na reeleição de Lula, a partir de sondagens sobre o imaginário brasileiro:

- Nós tínhamos alinhado alguns dos temas de intensa fragilidade e de imensa comoção política. Estava em primeiro lugar a privatização... Primeiro, há um eixo profundo, histórico. Um eixo cívico-épico-estatizante que vem de Getúlio Vargas, com a campanha "o petróleo é nosso". O outro eixo são "as tramas obscuras". Não quero questionar como foram feitas as privatizações no governo FHC, mas o fato é que o processo ficou na cabeça das pessoas como se algo obscuro tivesse ocorrido.

Alckmin negou a pecha de privatista, mas, em debates e comícios, Lula mordia: "O que eles querem? Vender o restante das coisas que não venderam no governo passado. Querem privatizar o que resta neste país. Coisas importantes, como a Petrobras, o BB e a CEF. Como eles nunca trabalharam, querem vender o que têm", discursou em Duque de Caxias (RJ), em 11 de outubro de 2006.

Ex-presidente do PT, o deputado federal Ricardo Berzoini aposta que o "tema mais forte" da campanha será o "papel do Estado na América do Sul". Formado no movimento sindical dos bancários, ele identifica uma polarização entre os que priorizam o Estado reduzido e os que acreditam que ele pode cumprir um papel de execução na área econômica e social".

Berzoini defende a pertinência da questão, em 2010, principalmente com os desdobramentos da crise financeira. E não descarta um flerte desestatizador dos tucanos contra o Banco do Brasil:
- No Estado de São Paulo, o PSDB vendeu tudo ao longo de 16 anos de governo. A Nossa Caixa só não foi privatizada porque o Banco do Brasil comprou. Não tem mais banco público em São Paulo. Pelo retrospecto, dá pra dizer que o PSDB não gosta de banco público e empresa pública.

Líder tucano: "São mentiras do PT"
Em entrevista ao Terra, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, garante que José Serra não driblará os cacos de vidro lançados pelos adversários:
- Serra não vai evitar esse assunto. Algumas privatizações foram feitas e não foram desfeitas durante o governo que está aí. O Brasil está bem melhor com as privatizações do que antes. (leia aqui)

O líder do PSDB na Câmara, João Almeida, rejeita as "mentiras e fantasias" do PT. "Para nós, nunca foi delicado", diz.
- Aquilo foi um erro de campanha (Alckmin x Lula). Estamos prontos para debater a qualquer hora . Isso, de fato, nos distingue do PT. Acho bom que o tema apareça, ao invés de ficar na base da mentira.

Almeida afirma que as "pesquisas indicam que os brasileiros gostam de usufruir do sistema privado, mas são contra a organização desse sistema".
- Todo mundo acha o telefone celular uma maravilha, quer ter um, mas não entende que isso só foi possível depois que se privatizou o monstro Telebras. Essas críticas têm um viés patrimonialista - ataca o deputado.

O líder tucano admite que "dado a dificuldade em explicar" o programa de desestatização, o PSDB preferiu "deixar de lado". João Almeida rebate, porém, a insinuação de Berzoini a respeito de uma ameaça contra os bancos públicos:
- É uma especulação que não tem sentido. Privatizamos com respaldo, vencemos no Congresso Nacional. Não tem cabimento fazer essas ilações. São Paulo é uma coisa, o Brasil é outra coisa. Não há que se fazer um paralelo entre a Nossa Caixa e o Banco do Brasil. Eles confundem o debate com mentiras, com sofismas. A Nossa Caixa vendeu a parte do banco comercial, a do desenvolvimento permaneceu. Não tem sentido São Paulo ter um banco comercial. O Banco do Brasil é diferente, tem outra presença e importância para o País. Não é privatização a qualquer custo.

FONTE: BLOG TERRA MAGAZINE