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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando o ódio e a presunção norteiam a conduta de almas preconceituosas

Sinto-me ainda esgotado pelos últimos meses de campanha eleitoral e o grave risco que todos (mesmo os que apoiavam o 45 derrotado) corríamos caso Dilma Roussef não fosse eleita para dar continuidade e aprofundar as reformas impetradas pelo governo de Luis Inácio Lula da Silva. Foi um trabalho árduo de formiguinha para desfazer pelo menos em partes as sujeiras da campanha oposicionista. Sem dúvidas alguns amigos ficaram pelo caminho e outras pessoas que demonstravam uma certa consideração pela minha pessoa devem estar me excomungando. Azar delas.

Finalmente com o resultado das urnas onde deveríamos comemorar, demonstrar nossa felicidade e tirar um peso descomunal das costas, ocorreu o inverso para os eleitores de Dilma em boa parte do país. Devido a campanha de ódio e separatismo levada a cabo pelo oposicionista mór, sentí-me como se estivesse vestido com a camiseta do Corinthians passando na frente do Parque Antartica após o término de uma partida de futebol qualquer do Palmeiras. Uso a figuração para demonstrar mais ou menos o que aconteceu com muitos eleitores da Dilma, obrigados a comemorar quase que no silêncio, pois os do outro lado não suportam perder.

Esse esgotamento misturado de tristeza por um lado devido ao pós eleitoral com seu evidente preconceito e alegria por ver Dilma eleita ainda está me trazendo reflexos, dentre eles a falta de vontade de escrever no meu blog ou mesmo postar artigos de outros amigos. Espero que logo passe esse momento de energia densa e negativa que se apossou de corações e mentes, mesmo tendo a convicção de que um abismo foi aberto no seio da sociedade brasileira.

Aproveito para desculpar-me pelas letras garrafais do último post, mas ela é um espelho do meu sentimento frente á imbecilidade e insensatez de pessoas que trazem em seu âmago a pobreza de espírito.

Ao 45 derrotado desejo apenas um bom dia de finados!

Abaixo post maravilhoso de Renato Rovai.

Mayara Petruso quer afogar nordestinos. Ela não é a única

mayara 2
A estudante de Direito Mayara Petruso atendendo ao chamado da campanha tucana que transformou a campanha numa guerra entre gente limpinha e a massa fedida, principalmente a que reside no Nordeste e vive do Bolsa Família, escreveu a seguinte mensagem na noite de domingo, logo após o anúncio da vitória de Dilma Roussef.

A estudante é uma típica paulistana de classe média alta. Um tipo que não gosta de estudar, adora consumir e que considera nordestino um ser inferior. Nada mais comum em almoços de domingo nos ambientes dessa elite branca paulistana do que ouvir gente falando coisas semelhantes ao que escreveu Mayara Petruso na sua conta no tuiter. Na cabeça da menina, ela não deve ter falado nada demais. Afinal, é isso que deve ouvir desde criança entre familiares e amigos.

Fui ao tuiter de Mayara para checar minhas desconfianças. E confirmei tudo que imaginava. Ela deve morar na região Oeste de São Paulo, onde vive este blogueiro há muito tempo e onde este preconceito é ainda mais latente do que em outras bandas da cidade. Digo isto porque uma de suas comunidades é a do “Parque Villa Lobos”. Se morasse na Mooca provavelmente ela nem se lembraria de tal parque. Se vivesse nos Jardins, citaria o Parque do Ibirapuera.

Mas há outras comunidades que revelam mais profundamente a alma da “artista” que escreveu o post mais famoso do pós-campanha. A elas: “Perfume Hugo Bossa, Eu acho sexy homens de terno, Rede Globo, CQC, MTV, Magoar te dá Tesão e FMU Oficial”.

FMU é a Faculdade Metropolitanas Unidas e pelo que li nos twetts de ontem, a moça faz Direito por lá. Nada contra a instituição ou aos que nela estudam, mas pela situação social da garota, ela deve ter estudado em escola particular a vida inteira e se fosse um pouco mais esforçada teria entrado numa faculdade onde a relação candidato/vaga é um pouco mais dura.

Ou seja, como boa parte dessa classe média alta paulistana, Mayara é arrogante, mas não se garante. Muita garota da periferia, sem as mesmas condições econômicas que ela deve ter conseguido vôos mais altos, deve já ter obtido mais conquistas do que a de poder consumir o que bem entende por conta da boa situação financeira da família.

Ontem, Mayara pediu desculpas pelo “erro”. Disse que afinal de contas “errar é humano” e que “era algo pra atingir outro foco” e que “não tem problema com essas pessoas”. Não desceu do salto alto pra se penitenciar. Preferiu fazer de conta que era uma coisa menor, ao invés de pedir perdão. Dizer que era um erro injustificável e que entendia toda a revolta que seu post produziu.

“MINHAS SINCERAS DESCULPAS AO POST COLOCADO NO AR, O QUE ERA ALGO PRA ATINGIR OUTRO FOCO, ACABOU SAINDO FORA DE CONTROLE. NÃO TENHO PROBLEMAS COM ESSAS PESSOAS, PELO CONTRARIO, ERRAR É HUMANO, DESCULPA MAIS UMA VEZ.”



Ela foi criada para isso. Para dispensar esse tipo de tratamento a nordestinos e pobres e por isso a dificuldade de ser mais humilde. É difícil para esse grupo social entender que este tipo de preconceito é crime. E que enseja um tipo de xenofobia que coloca quem o pratica no mesmo patamar de um tipo como Hitler. Ela odeia nordestinos. Ele judeus. A diferença é que ela não pode afogar de fato aqueles que vivem na parte de cima do mapa. Já o alemão pôde fazer o que bem entendia com aqueles que julgava ser um estorvo na sociedade que governava.

Mas Mayara é o produto de um tipo de discurso. Ela não merece ser responsabilizada sozinha por isso. Talvez seja o caso de alguma entidade vinculada à cultura nordestina mover um processo contra a estudante. Menos pra tirar dinheiro ou coisa do gênero, mais para utilizar o caso como exemplo. E fazer com que ela atue em espaços vinculados à cultura nordestina para aprender a ter mais respeito com a história e com o povo dessa região do Brasil.

Os verdadeiros culpados são outros. São aqueles que com seus discursos preconceituosos têm alimentado esse separatismo brasileiro. E em boa medida isso se dá pela nossa “linda e bela” mídia comercial e mesmo pela manifestação de um certo setor da política que sempre que pode busca justificar a vitória da aliança liderada pelo PT como produto do “dinheiro dado a essa gente ignara e preguiçosa que vive no Nordeste a partir do Bolsa 171”.

Mas também é produto de um tipo de comportamento velhaco que nunca foi combatido de forma educativa e que é alimentado diariamente nos ambientes familiares desta elite branca preconceituosa.
Cláudio Lembo sabia do que estava falando quando usou essa expressão.

FONTE: Blog do Rovai

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