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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Ingrata Tarefa de Ombudsman

"Dicionário Houaiss: Ombudsman - Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: jornalismo.
Jornalista, contratado de fora ou pertencente ao quadro de funcionários da empresa, que, de maneira independente, critica o material publicado e responde às queixas dos leitores."

O que pensa e expressa o 'ombudsman' do Jornal Folha de São Paulo sobre alguns temas relevantes, porém tratados de maneira tendenciosa pelo citado veículo de comunicação.
Está claro que interesses menores estão acima daquele no qual deveria se prestar tão conceituado e respeitado Jornal. Mas há tempos que a grande mídia se comporta de maneira suspeita.

Original do Blog: Cidadania.com de Eduardo Guimarães


Ombudsman da Folha - coluna de 15 / 02 / 2009


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ombudsman@uol.com.br


A Folha e os problemas de São Paulo


O jornal deixa muito a desejar em relação ao que se espera do maior diário paulista na cobertura de temas como exame de professores e merenda


A CIDADE e o Estado de São Paulo, onde este jornal tem a maioria absoluta de seus assinantes e leitores, começam 2009 com problemas sérios.

A maneira com que a Folha os vem tratando deixa muito a desejar em relação ao que se pode esperar do maior diário paulista.

Um deles é o exame a que foram submetidos professores temporários da rede estadual de ensino público, no qual número expressivo tirou nota zero e metade não chegou a cinco.

Como na greve da categoria em 2008, o jornal trata do caso superficialmente. Reproduz declarações das autoridades e, em contraponto, ouve mecanicamente o sindicato dos trabalhadores.

O "outro lado" não é o sindicato, mas os professores, cujas histórias não chegam ao público. O jornal não vai fundo nem nas causas de haver tantos professores provisórios no sistema nem nas razões por que muitos se deram mal na prova.

As condições em que o teste foi concebido, formulado e aplicado (há indícios de que estiveram longe do ideal) não foram detalhadas.

O noticiário e opiniões do jornal acabaram passando a ideia de que a "culpa" do mau desempenho é apenas dos professores, mostrados como em geral despreparados. É claro que a explicação é muito mais complexa.

Outra situação é a da merenda escolar no município de São Paulo. Embora em 2007 a Folha tenha levantado o tema que agora está sendo retomado pelo Ministério Público, seu acompanhamento neste ano tem sido pouco arrojado.

O jornal precisa ser mais ativo. Em vez de quase se limitar ao pingue-pongue entre prefeitura e seus acusadores deve tomar a iniciativa de, por exemplo, verificar autonomamente a qualidade da merenda, pesquisar se pais, professores e alunos estão satisfeitos com ela em comparação com a que tinham antes.

O tema merece mais espaço, destaque e investimento do que tem recebido. Houve dia em que o noticiário sobre ele teve o mesmo tamanho de uma foto que mostrava as calças de um calouro estragadas em trote universitário.

Os paulistas, principalmente os paulistanos, estão sofrendo bastante com enchentes. Mas o jornal tem cuidado delas de forma acanhada. Relata os alagamentos que ocorrem, publica fotos de carros boiando nas ruas, conta os quilômetros de congestionamento. É muito pouco

No dia 10, por exemplo, reportagem registrou que a prefeitura "espera o pior fevereiro desde 2004" e fará novo estudo de riscos só depois do período de chuvas.

A placidez com que acata tal declaração só se compara com a aceitação passiva do argumento de que a prefeitura tapa os buracos "sempre que é informada". Ambas são constrangedoras.
Nada de jornalismo preventivo. Nada de acompanhamento sistemático das providências que as autoridades dizem tomar.

Finalmente, a erupção de violência na favela de Paraisópolis, cujo acompanhamento anódino por este jornal já comentei, não o motiva a se aprofundar no exame desta e de outras comunidades em que a expressão "barril de pólvora" se aplica bem, apesar do lugar-comum. Até acontecer a próxima explosão.


Cobertura enviesada é um desserviço a leitor e jornal

A cobertura que a Folha fez do encontro de prefeitos em Brasília esta semana foi um desserviço ao leitor e ao jornal.

Textos, fotos e edição tinham todas as características de um trabalho enviesado, distante da imparcialidade que deve nortear o noticiário.

Imagens da ministra Dilma Rousseff com expressão sonolenta e de membro da audiência que cochilava ressaltaram sem motivo jornalístico aceitável situação banal em qualquer reunião desse tipo com o aparente objetivo de desqualificar o evento por razão irrelevante.

Reportagem disse que "pacote de bondades" anunciado pelo presidente Lula frustrou "parte da plateia", seguramente verdade, mas não mencionou se satisfez alguma outra "parte", o que provavelmente também deve ter ocorrido.

Cheios de expressões impróprias em texto informativo, os relatos denotavam inegável predisposição contrária ao discurso do presidente.

Mais grave foi dar inusitado destaque por dois dias seguidos a um lapso corriqueiro de Lula sobre o número de analfabetos em São Paulo como se ele pudesse criar uma crise política, o que nem o possível alvo do suposto ataque, o governador Serra, achou certo valorizar.

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