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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Caso Bruno e os Urubus da Mídia

            Tenho acompanhado estarrecido o desenvolvimento deste caso envolvendo o ex-goleiro do Flamengo, Bruno e a possível mãe de seu filho, Eliza. Sei que não estou sózinho neste estarrecimento.

            É um caso chocante (apenas mais um) nestes dias doentios que de uma maneira ou de outra tornou-se lugar comum na sociedade pós-moderna, como gostamos de ser intitulados.

            Somos pessoas do século XXI, o que consideramos o ápice e o limiar da sabedoria humana. A bem da verdade muitos de nós consideramo-nos "deuses" seja na ciência, na tecnologia, nas artes ou qualquer outra  área do conhecimento humano. Eu disse humano? Nem humano e nem conhecimento!

            Não quero me ater a barbaridade deste (apenas mais um) caso de polícia e da justiça.

            A coisa toda é de uma envergadura tão nojenta que definitivamente perdemos a noção do humano, da ética, da moral, da sanidade mental em todos os níveis que se possa imaginar. Não refiro-me ao Bruno e seus comparsas na trama. Não é a isso simplesmente. Essa é a parte mais simples de todo esse enredo. Diria que essa é a parte fraca que alimenta uma engrenagem gigantesca e demoníaca.

            Não quero julgar, mas já o faço por ter ponto de vista e sentimentos. E por falar neles, os sentimentos, quais são os que realmente movem a máquina mundial de amor e ódio, de guerra e paz, de felicidade e desgraça, de sanidade e loucura, enfim do bem e do mal?

            O mal do pobre é o bem do rico. O mal contido na fome do miserável dos cafundós da África é diametralmente oposto ao bem do milionário europeu que passa férias em Davos na Suiça.

            O mal da perda de um ente querido de sua família é o bem para o agente funerário e o administrador do cemitério.

            O mal do Bruno é o bem que engorda por exemplo as contas bancárias de Datenas e Ratinhos que passam seu tempo a vomitar sandices nas telas da mídia tupiniquim.

            A desgraça e o mal de uns é o apogeu e bem aventurança de outros. Tudo milimetricamente calculado para abastecer de loucuras o inconsciente coletivo da sociedade na busca de lucros exorbitantes angariados através e em detrimento de vidas humanas.

            Chega a ser cômico você assistir uma rede tal de televisão que veicula um carregamento de desgraças na cabeça do telespectador em seu telejornal e imediatamente no intervalo lhe passa uma peça publicitária apresentando o veículo "masterplus megasérie" que se torna sonho de consumo para quem assiste.

            Na sequencia outra peça lhe vende o" rastreador via satélite hiper sans ultra moderno" que lhe garantirá que, caso você não seja assassinado pelo assaltante, poderá encontrar o seu veículo sem maiores transtornos.

            Logo depois vem aquela outra peça que irá lhe apresentar um creme dental que o fará sorrir com mais brilho e intensa alegria em sua vida como os atores que apresentam o produto. Rir do que cara-pálida? Rir do que?

           Terminado o intervalo comercial em que o telespectador pôde sonhar acordado por alguns minutos, vem novamente o apresentador com sua vóz grave e semblante sizudo derramar mais desgraças sobre o caso X do momento, seja a continuação do crime do Bruno ou a sacanagem da política, dos impostos, dos pedágios, da economia ou sei-lá mais o que.

           Portanto a desgraça do Bruno (para ficar só neste exemplo) é o bem da audiência da rede A de televisão e seus anunciantes, independente se esses últimos estão participando, talvez sem se darem conta, de um verdadeiro circo de horrores.

           Onde estarão os pensadores e idealizadores das comunicações de massa deste país? E do mundo?

           Voce abre a revista semanal e a coisa é exatamente a mesma. O jornal diário lhe apresenta o mesmo tipo de ação. Voce navega em qualquer website e encontra produtos anunciados junto de assuntos carregados de pessimismo e tragédias.

           O caso Bruno é apenas e tão somente mais um em meio a muitos outros que surgirão.

           Esta enfim é a maneira ideal de alimentar os urubus da mídia que representam cada vez mais o verdadeiro circo tão necessário á manutenção da paz, ordem e justiça no país do faz de conta.

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