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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

José Serra: “Que repouse em paz”

Há quase um ano nas eleições presidenciais do Chile, quando o candidato neoliberal de lá, empresário e dono entre outras coisas da LAN Chile, Sebastian Piñera venceu as eleições sobre o candidato do Governo Bachelet, a direita brasileira e o PIG soltaram fogos de artifícios comemorando o que imaginavam ser um bom sinal para o retorno do Brasil aos desígnios do caminho Norte Americano.
Viam a vitória de Piñera, uma cria de Pinochet como afirmam os chilenos, a redenção ao estado anterior de coisas e com isso a re-tomada do poder aqui no Brasil pelos Demotucanos nas eleições presidenciais desse ano. Foi mais ou menos quando o guru Ibopiano, o "pai Montenegro" sacando de seu jogo de búzios cibernético, profetizou que Dilma teria apenas 20% de votos no país todo (sic).

Abaixo Altamiro Borges discorre sobre a peça que os deuses aplicaram no "pai Montenegro" quando inverteram sua leitura. Ou se preferirem: "pai Montenegro" entende tanto de buzios como de pesquisas de opinião pública.

Por Altamiro Borges

As últimas pesquisas confirmam que Dilma Rousseff pode vencer a eleição presidencial já no primeiro turno, em 3 de outubro. Até os dois institutos mais alinhados ao tucanato, o Ibope e o Datafolha – que o blogueiro Paulo Henrique Amorim apelidou de Globope e Datafraude – já jogaram a toalha e confessaram a difícil situação de José Serra. O horário eleitoral na rádio e TV, apontado como tábua de salvação do demotucano, acabou afundando ainda mais o candidato.

O ridículo do Globope e do Datafraude

No caso do Ibope, a pesquisa aponta que Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem e obrigou o presidente do instituto, Carlos Augusto Montenegro, a fazer autocrítica das suas bravatas. Em entrevista à revista Veja, em agosto de 2009, ele garantiu que “Lula não fará seu sucessor” e que sua candidata não ultrapassaria os 20% dos votos. Agora, na entrevista desta semana da revista IstoÉ, ele admite o “erro” e decreta: “O Brasil já tem um presidente. É Dilma Rousseff”.

Já o Datafolha, numa inusitada virada que mereceria estudo acadêmico e rigorosa averiguação da Justiça Eleitoral, informa que Dilma Rousseff abriu 20 pontos de vantagem sobre seu adversário. O instituto tucano também confirma que ela passou a liderar as sondagens em todas as regiões, inclusive no Sul e Sudeste, e que o José Serra só está crescendo em rejeição. A única capital em que o tucano surge na frente, Curitiba, é motivo de questionamentos sobre o método da pesquisa.

Mídia é o último bastião de Serra

Muita água ainda vai rolar até o dia da eleição. Estrategistas tucanos da mídia venal orientam o candidato a baixar de vez o nível da campanha, assumindo o discurso raivoso da ultradireita. Já o comando demotucano confessa que a mídia é o último bastião de José Serra. A batalha não está decidida e qualquer salto alto pode ser fatal. Apesar da cautela, as pesquisas indicam que o povo não aceita o retrocesso e aposta na continuidade do ciclo progressista aberto pelo governo Lula.

Elas não são um simples atestado de “incompetência” do ex-governador paulista – que está sem discurso, não conseguiu montar palanques estaduais fortes, escolheu um vice “indiota”, e que é arrogante e autoritário. O que as pesquisas revelam é que os brasileiros rejeitam a experiência neoliberal, imposta por FHC e por seu pupilo, Serra, que resultou na explosão de desemprego, na precarizaçao do trabalho, no desmonte do Estado e na humilhação da nação brasileira.

O colapso da “terceira via” neoliberal

A dimensão histórica do desastre demotucano foi bem sintetizada pelo professor José Luis Fiori, no artigo “Requiescat in pace”, publicado no sítio Carta Maior. Para ele, “o que mais chama a atenção não é a derrota em si mesma, é a anorexia ideológica dos últimos herdeiros da ‘terceira via’. Não se trata de incompetência pessoal, nem de um problema de imagem, se trata do colapso final de um projeto político-ideológico eclético e anódino que acabou de maneira inglória: o projeto do neoliberalismo social-democrata. Que repouse em paz!”.

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