Não sou radical. Nunca fui. Aliás, passei minha infância e adolescência aprendendo a encontrar um caminho para o diálogo, como forma de evitar conflitos, explosão e ruptura. Ainda hoje, quando o país parece andar nos trilhos, com um presidente que deixará o poder com popularidade maciça, na casa do 80%, me inquieta as vozes dos que falam para poucos, perfilados do outro lado do muro, algo em torno de 5%. Tento entender que razões há para tanta inquietação e medo. Será que eles (e só eles) vêem o que ninguém vê? Será que vislumbram um caos que só eles conseguem enxergar, oito anos depois de um governo petista? O que suas vidas demonstram - curiosamente - é que perfilados com eles estão os verdadeiros donos do poder político e econômico nos últimos 100 anos, no minimo! E me pergunto por que seus discursos estão cheios de ódio, preconceito e intolerância? O que eles perdem, quando tantos ganham? Há pouco lia a coluna de Arnaldo Jabor, no Estadão. Sim, de vez em quando leio Jabor, sempre que posso vejo Noblat, Kibe Loko e outros críticos de oposição ao Governo. Não tenho medo de conhecer o contraditório, nunca tive. Acho que a crítica é necessária, porque a unanimidade é burra, como nos alertava Nelson Rodrigues. É claro que precisamos fiscalizar o poder e os governantes. Afinal, todo adesismo entusiasta é perigoso, mas a questão não é esta. Uma sociedade em mudança tão rápida quanto a nossa traz à cena novos atores, personagens esquecidos, ou que não tiveram oportunidade de aparecer antes. Eles passam a dividir a atenção com os galãs e as madames de outrora e isso é o que mais os incomoda. A turma dos cinco por cento não gosta e não está acostumada a dividir, por vaidade, egoísmo ou soberba. É difícil mesmo. Dividir significa renunciar uma parte e se regojizar em ver o outro usufuir a parte que você acabou de deixar de ter. E é contra esta lógica distributiva que eles se insurgem. E é contra esta nova competitividade que eles se levantam. Lamento mas sim, nós podemos!
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