DOLADODELÁ:
Aconteceu
Os coordenadores de campanha procuram o jornalista em outra ocasião e perguntam o que houve, já que o que ele presenciou não está retratado fidedignamente. E o repórter responde com uma certa ironia e malícia: - Pergunte para os que estão acima de mim.
Oras, como assim? O repórter assina um texto cujo conteúdo foi modificado pelos seus editores, tem o sentido do texto alterado e ainda assim aceita assinar a reportagem? E pior, considera que o problema não é dele? Que tipo de jornalista o colega pretende ser? Ele é, na melhor das hipóteses, cúmplice, ou não? Será que ele não pode pedir aos chefes para retirar sua assinatura do texto, com todo cuidado para que isso não o prejudique, uma vez que a versão modificada não retrata aquilo que presenciou?
Ou ele estaria tão envaidecido com a assinatura na página do jornal que é incapaz de renunciar a esse "mimo"? Digamos que ele seja obrigado a assinar e ponto, simples assim. Não haveria uma maneira de ele informar o constrangimento a alguém, um sindicato, uma organismo internacional, sei lá...
É possível termos chegado nesse grau de impostura?
Mas vamos pegar outro caminho. O jornalista é do tipo mau caráter, tem fome de ascensão ao poder e quer modificar um pouco as coisas a seu favor. Neste caso, quem fiscaliza um profissional desses? Qual conselho de ética pode julgá-lo? Como representar contra ele?
E por que os partidos políticos não o fazem? Primeiro, para não gerar enorme passivo legal durante a campanha e, depois, para não se indispor com o grande veículo que promove a fraude.
Quanto custa a deformação para quem faz, para quem consome e, pior, para quem é vítima dela? Um preço alto rateado entre todos nós eleitores, hipocritamente.
É por essas e tantas outras que cobertura política em campanha eleitoral dá nojo.
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