Por Altamiro Borges
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz de França Penna, confessou o que muitos eleitores verdes mais honestos já desconfiavam, mas evitavam tratar. Ele afirmou com todas as letras que dará total apoio ao tucano José Serra, caso haja um segundo turno nas eleicões presidenciais.
Sua declaração bombástica gerou desconforto no comando de campanha de Marina Silva, que teme que esta revelação quebre o "encanto" dos verdes. No final da tarde de ontem, João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, enviou um e-mail à imprensa desautorizando “qualquer manifestação individual de membros do PV”.
A confissão de voto de França Penna não surpreende quem acompanha a trajetória do Partido Verde, a legenda emprestada de última hora à candidata Marina Silva. O próprio presidente do PV fez parte até poucos meses atrás das gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital paulista. Em vários outros estados, como no Rio de Janeiro, os verdes são fiéis aliados dos demos e tucanos.
Na lógica destes políticos oportunistas, que não têm nada de verdes, a candidatura presidencial do PV visava apenas cacifar o partido, em especial sua ala fisiológica. O PV é frágil politicamente; não tem estrutura e militância nos estados; conta com pouco tempo de TV. A chamada "terceira via" era encarada como uma forma de forçar o segundo turno, servindo como alavanca do demotucano. Marina Silva - mulher, de origem humilde e ex-ministra de Lula - caiu como uma luva nesta tática diversionista.
A precipitada declaração de França, num lapso de sinceridade, escancara esta tática diversionista e aumenta as tensões no comando de campanha de Marina Silva. Restará ao honesto eleitor verde, preocupado de fato com a estratégica questão ambiental, fazer uma análise consciente se o seu voto não está servindo a um moto-Serra.
FONTE: Blog do Miro
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