Trata-se de um perfil/entrevista que, aqui, no Brasil, Paulo Totti faz com maestria no jornal Valor.
O noticiário brasileiro se impressionou com a punhalada que o FHC deu no Serra, pelas costas.
(Eles se amam.)
FHC admitiu que a Dilma vá ganhar.
Isso já é o conhecimento do mundo mineral, diria o Mino Carta.
(A menos que o Ali Kamel use da prerrogativa de “ter o Brasil em suas mãos”)
O fascinante é que, em inglês, a inveja e o ressentimento do Farol se manifestam em estado bruto, natural, espontâneo.
Ele diz que Lula anestesiou o Brasil.
“Esquecemos que o Brasil precisa continuar avançando” (sic).
Quem se esqueceu ?
Provavelmente ele, que governou o Brasil sem crescimento econômico.
“Mas, parou. Simplesmente parou”.
Parou o quê ?
O crescimento econômico ?
Do poder aquisitivo dos pobres ?
Da renda ?
Do emprego com carteira assinada ?
O que parou de crescer ?
O Serra ?
Quando o Salieri admite que o Serra já perdeu, prevê: a Dilma vai fazer o Brasil andar mais devagar.
Mais devagar, como ?
Como no governo Serra/FHC ?
O Salieri, ao se esvair em sangue, diz corroído pela inveja: “Eu fiz as reformas. Lula surfou na onda”.
Eu fiz o Don Giovanni.
Mozart surfou na onda.
Lá vai o Salieri: a oposição se enganou e permitiu a “mitificação do Lula”.
Esse é o problema dele.
É assim que a inveja o corrói por dentro.
Porque Lula é um mito.
E não foi a oposição quem deixou o Lula se tornar um mito.
Lula se tornou um mito por ele próprio, com as próprias mãos, onde falta um dedo – e sem falar inglês.
O Salieri, do alto de sua ilimitada arrogância, acha que ele e o Serra, juntos, num convescote em Higienópolis, seriam capazes de desmitificar e mitificar o Lula.
Erraram a mão (*) e mitificaram o Lula.
A oposição não tem nada com isso.
O Lula passou com um trator por cima do Salieri.
E da Oposição.
O Salieri termina por dizer que o Lula é o Lech Walessa que deu certo.
Poderia ter dito que ele, o Salieri, é o Fujimori que deu errado.
Paulo Henrique Amorim
(*) A maior “errada de mão” do Salieri foi, no auge do mensalão, ter impedido o Agripino Maia e o Arthur Visa Virgilio de entrarem com o pedido de impeachment. Quando o Duda Mendonça disse que recebia numa conta secreta no exterior, e o Governo Lula estava por um fio, o Salieri defendeu a tese do “sangramento”. Não ir para o impeachment. Deixar o Lula “sangrar” até a eleição, quando ele, o Salieri, sairia de Les Deux Eglises para assumir o poder nos braços do povo. Ele, finalmente, teria o terceiro mandato com que sonhou. Fujimori, seu parceiro neoliberal teve o terceiro mandato. Outra “errada de mão” foi insistir para o Serra se candidatar a presidente em 2010. Mas, aí, o Farol não poderia aceitar que o Aécio tomasse o partido dele. No dia 4 de outubro, o Salieri terá tanta ascendência sobre o PSDB (fora de São Paulo) quanto sobre o Governo de Kim Jong-il.
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