Sou uma pessoa que gosta de contexto.
Tenho o hábito de querer saber os porquês das coisas.
Desde criança assediava meu pai nos longos trajetos de carro.
Por que isso? Por que aquilo? Não raro minha mãe intercedia em favor dele: - Para de perguntar um pouco, menino!
Quando, no fim de semana passada, a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, passou a frequentar o noticiário, tentei entender o que havia por trás disso.
Por quê?
E descobri o seguinte: Todo governo se sustenta em um tripé de fiadores ou avalistas.
O primeiro governo Lula, por exemplo: Zé Alencar, Palocci e Dirceu. O segundo governo Lula: José Sarney, Mantega e Dilma.
O primeiro cuida da costura política, o segundo da economia e o terceiro da gestão.
Não há dúvidas de que, se eleita, Dilma terá Lula como patrono do projeto (bom que seja assim afinal, tem experiência, popularidade e capacidade de diálogo). Mas o tripé de Dilma parecia ser, até ontem: o deputado paulista José Eduardo Cardozo (coordenação política), Antonio Palocci (de volta um monetarista na economia) e Erenice Guerra (para cuidar da gestão, da cozinha do Planalto).
Obedecendo a essa lógica, fica fácil entender o porquê da velha mídia mirar na Erenice. O Zé Eduardo só aparecerá depois da eleição, quando o governo - depois de fazer contas - precisar de um interlocutor com o Congresso Nacional para costurar as alianças. O Palocci tem apoio maciço do grande empresariado e dos bancos e já caiu uma vez, portanto já apanhou tudo o que podia e sobreviveu.
Sobrou a pobre Erenice. Bombardeá-la seria portanto uma boa maneira de enfraquecer o novo Governo, o que para o PMDB é ótimo! Acostumados ao fisiologismo em estado puro, os peemedebistas sabem que, quanto mais fraco for o novo presidente, mais vai ser preciso fazer concessões para governar.
Claro que é apenas um retrato do momento atual da campanha e tudo ainda pode mudar muito e rapidamente.
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