Feichas Martins [*]
BRASÍLIA [ ABN NEWS ] - Época de campanha eleitoral, não custa nada fazer um balanço sobre a qualidade do político brasileiro, destacando aqueles que considero os dez gênios do Brasil atual, com virtudes muito diferenciadas e acima da média geral dos demais políticos.
O critério de seleção que adoto é baseado na capacidade de cada personalidade de exercer a política em sua plenitude, como arte, prática e ciência, sabendo se posicionar, como líder aparente ou virtual, no topo do poder político e influenciando a vida de milhões de brasileiros, na típica condição do que o grande teórico das elites Gaetano Mosca definiria como integrantes da “classe dirigente”.
São eles, em escala decrescente: José Sarney, Marco Maciel, Paulo Maluf, César Maia, Fernando Collor, Francisco Dornelles, Lula, Itamar Franco, Michel Temer, Joaquim Roriz e Iris Rezende.
O presidente do Senado, José Sarney, tem décadas de experiência política, apresentando capacidade invulgar e camaleônica de sobrevivência e adaptação a todas as mudanças políticas, muitas das quais têm-no como protagonista. É dono do Maranhão e consegue se eleger pelo Amapá. Dispensa mais comentários.
O senador Marco Maciel é um político completo, também com respeitável capacidade de sobrevivência, sabendo sempre o momento exato de emergir e transitando silenciosamente nas sombras como articulador emérito.
O ex-prefeito de SãoPaulo, deputado Paulo Maluf, chegou a ser preso e submetido a vexame como qualquer cidadão criminoso, mas continua sendo cultuado por imenso eleitorado na principal cidade da América Latina. Nem Jânio Quadros, outro gênio já morto, chegou perto... O malufismo é fenômeno da empatia de Maluf com a população.
O ex-governador César Maia, do Rio de Janeiro, é um fenômeno regional, mas tem laivos de genialidade comparáveis aos de Jânio Quadros e LeonelBrizola. É um fenômeno regional, com repercussões no poder nacional, pois conseguiu emplacar seu jovem filho, Rodrigo Maia, na presidência do Democratas, partido de velhas raposas, contra a vontade do veterano e poderoso senador Jorge Bornhausen, de Santa Catarina.
O ex-presidente e senador Fernando Collor tem o dom do poder, por genotipo e fenotipo. Era um jovem deputado federal desconhecido, de um Estado pequeno, que se elegeu presidente da República, fez inúmeras peripécias no trapézio, encantou a população, e acabou deixando o Palácio do Planalto humilhado. Perdeu seus direitos políticos e retornou com toda força, certamente para continuar fazendo história, pois é jovem, genial e ambicioso.
O senador Francisco Dornelles, sobrinho do ex-presidente Tancredo Neves, é um dos mais profundos conhecedores e manipuladores do poder. Articulador emérito, tem a responsabilidade de carregar nas costas o Solar dos Neves, de São João Del Rei, mas, curiosamente, tem ascendência gaúcha e mineira, mas faz sua base no Rio de Janeiro. É tio do governador Aécio Neves, de Minas Gerais.
A grande genialidade do presidente Lula não é a de ser um ex-metalúrgico que chegou à Presidência da República, onde, hoje, recebe aprovação de cerca de 70% dos brasileiros... A genialidade de Lula não é como manipulador das massas, mas, sim, dentro do critério de escolha que adotei, a sua capacidade de manipular as complexas elites brasileira sem todas as suas clivagens. Inteligência política instintiva e seletiva.
O presidente Itamar Franco tem o dom de ser regional e universal ao mesmo tempo. É mineiro e brasileiro de todos os quadrantes, além de arguto intérprete, embora nem sempre grande jogador, do cenário político. Ele tem acuidade visual privilegiada para enxergar longe, além de extraordinário senso de oportunidade.
O atual presidenteda Câmara dos Deputados, Michel Temer, é, no momento, a pedra angular da cadeia sucessória, a “vesica piscis” da política. Jurista, constitucionalista e intelectual refinado, Michel Temer conseguiu se colocar como espécie de sucessor de Ulysses Guimarães, que era dono da Câmara dos Deputados em nome da hegemonia do Estado de São Paulo dentro da federação.
O ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, não vive seu momento de esplendor, mas ainda é, inquestionavelmente, o "coronel do cerrado" (e o cerrado, como região, abrange Goiás, Mato Grosso e partes de Minas Gerais, Bahia e São Paulo). Sua genialidade reside na capacidade pragmática de realizar o que diz e pensa em sintonia com os sentimentos do seu eleitorado.
O ex-governador de Goiás, ex-ministro da Agricultura, ex-senador e atual prefeito de Goiânia,Iris Rezende é um homem que deveria ter nascido em Minas Gerais, porque tem mineiridade, mineirice e mineirismo, tudo associado ao seu “goianismo” marcante, sua capacidade de se instalar no coração dos goianos durante décadas. É um gênio que enxerga longe, cuja timidez o reteve aos limites geográficos de Goiás.
Nenhum jovem aparece nessa lista. É porque a política é drástica com o fator tempo e não perdoa aquilo que se faz sem ele... Só o tempo e a experiência apura a genialidade. Muitas jovens revelações atuantes têm lampejos, mas ainda têm longo caminho a percorrer.
[*] Feichas Martins, articulista colaborador da ABN NEWS - Agência Brasileira de Notícias, é Palestrante, Jornalista, Mestre em Ciência Política pela UnB, Professor Universitário, Especialista em Planejamento Político-Estratégico e Consultor Político-Eleitoral. É membro do Comitê de Ética e de Liberdade de Expressão da Federação Nacional da Imprensa [Fenai-Faibra] e da Associação Brasiliense de Imprensa [ABI-DF]
BRASÍLIA [ ABN NEWS ] - Época de campanha eleitoral, não custa nada fazer um balanço sobre a qualidade do político brasileiro, destacando aqueles que considero os dez gênios do Brasil atual, com virtudes muito diferenciadas e acima da média geral dos demais políticos.
O critério de seleção que adoto é baseado na capacidade de cada personalidade de exercer a política em sua plenitude, como arte, prática e ciência, sabendo se posicionar, como líder aparente ou virtual, no topo do poder político e influenciando a vida de milhões de brasileiros, na típica condição do que o grande teórico das elites Gaetano Mosca definiria como integrantes da “classe dirigente”.
São eles, em escala decrescente: José Sarney, Marco Maciel, Paulo Maluf, César Maia, Fernando Collor, Francisco Dornelles, Lula, Itamar Franco, Michel Temer, Joaquim Roriz e Iris Rezende.
O presidente do Senado, José Sarney, tem décadas de experiência política, apresentando capacidade invulgar e camaleônica de sobrevivência e adaptação a todas as mudanças políticas, muitas das quais têm-no como protagonista. É dono do Maranhão e consegue se eleger pelo Amapá. Dispensa mais comentários.
O senador Marco Maciel é um político completo, também com respeitável capacidade de sobrevivência, sabendo sempre o momento exato de emergir e transitando silenciosamente nas sombras como articulador emérito.
O ex-prefeito de SãoPaulo, deputado Paulo Maluf, chegou a ser preso e submetido a vexame como qualquer cidadão criminoso, mas continua sendo cultuado por imenso eleitorado na principal cidade da América Latina. Nem Jânio Quadros, outro gênio já morto, chegou perto... O malufismo é fenômeno da empatia de Maluf com a população.
O ex-governador César Maia, do Rio de Janeiro, é um fenômeno regional, mas tem laivos de genialidade comparáveis aos de Jânio Quadros e LeonelBrizola. É um fenômeno regional, com repercussões no poder nacional, pois conseguiu emplacar seu jovem filho, Rodrigo Maia, na presidência do Democratas, partido de velhas raposas, contra a vontade do veterano e poderoso senador Jorge Bornhausen, de Santa Catarina.
O ex-presidente e senador Fernando Collor tem o dom do poder, por genotipo e fenotipo. Era um jovem deputado federal desconhecido, de um Estado pequeno, que se elegeu presidente da República, fez inúmeras peripécias no trapézio, encantou a população, e acabou deixando o Palácio do Planalto humilhado. Perdeu seus direitos políticos e retornou com toda força, certamente para continuar fazendo história, pois é jovem, genial e ambicioso.
O senador Francisco Dornelles, sobrinho do ex-presidente Tancredo Neves, é um dos mais profundos conhecedores e manipuladores do poder. Articulador emérito, tem a responsabilidade de carregar nas costas o Solar dos Neves, de São João Del Rei, mas, curiosamente, tem ascendência gaúcha e mineira, mas faz sua base no Rio de Janeiro. É tio do governador Aécio Neves, de Minas Gerais.
A grande genialidade do presidente Lula não é a de ser um ex-metalúrgico que chegou à Presidência da República, onde, hoje, recebe aprovação de cerca de 70% dos brasileiros... A genialidade de Lula não é como manipulador das massas, mas, sim, dentro do critério de escolha que adotei, a sua capacidade de manipular as complexas elites brasileira sem todas as suas clivagens. Inteligência política instintiva e seletiva.
O presidente Itamar Franco tem o dom de ser regional e universal ao mesmo tempo. É mineiro e brasileiro de todos os quadrantes, além de arguto intérprete, embora nem sempre grande jogador, do cenário político. Ele tem acuidade visual privilegiada para enxergar longe, além de extraordinário senso de oportunidade.
O atual presidenteda Câmara dos Deputados, Michel Temer, é, no momento, a pedra angular da cadeia sucessória, a “vesica piscis” da política. Jurista, constitucionalista e intelectual refinado, Michel Temer conseguiu se colocar como espécie de sucessor de Ulysses Guimarães, que era dono da Câmara dos Deputados em nome da hegemonia do Estado de São Paulo dentro da federação.
O ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, não vive seu momento de esplendor, mas ainda é, inquestionavelmente, o "coronel do cerrado" (e o cerrado, como região, abrange Goiás, Mato Grosso e partes de Minas Gerais, Bahia e São Paulo). Sua genialidade reside na capacidade pragmática de realizar o que diz e pensa em sintonia com os sentimentos do seu eleitorado.
O ex-governador de Goiás, ex-ministro da Agricultura, ex-senador e atual prefeito de Goiânia,Iris Rezende é um homem que deveria ter nascido em Minas Gerais, porque tem mineiridade, mineirice e mineirismo, tudo associado ao seu “goianismo” marcante, sua capacidade de se instalar no coração dos goianos durante décadas. É um gênio que enxerga longe, cuja timidez o reteve aos limites geográficos de Goiás.
Nenhum jovem aparece nessa lista. É porque a política é drástica com o fator tempo e não perdoa aquilo que se faz sem ele... Só o tempo e a experiência apura a genialidade. Muitas jovens revelações atuantes têm lampejos, mas ainda têm longo caminho a percorrer.
[*] Feichas Martins, articulista colaborador da ABN NEWS - Agência Brasileira de Notícias, é Palestrante, Jornalista, Mestre em Ciência Política pela UnB, Professor Universitário, Especialista em Planejamento Político-Estratégico e Consultor Político-Eleitoral. É membro do Comitê de Ética e de Liberdade de Expressão da Federação Nacional da Imprensa [Fenai-Faibra] e da Associação Brasiliense de Imprensa [ABI-DF]
Fonte: ABN News
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