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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mentir ou Omitir? Depende dos fins almejados!

Tempos atrás meu filho de 14 anos me perguntou a diferença entre "mentir" e "omitir" e qual a pior delas. Tratava-se de uma questão abordada em sala de aula e que o deixou um tanto confuso diante da conclusão encontrada pelo grupo de discussão. Foi uma longa e interessante conversa em que discutimos situações individuais e coletivas onde as duas condições podem se apresentar. Era possível perceber alguns pontos de interrogação em sua cabeça á cada novo exemplo oferecido por mim ao debate. Finalmente ele pôde concluir que as duas condições sofrerão julgamentos de valor baseados na moral e na ética do grupo ou do indíviduo,  que determinará como em qualquer outra situação, suas decisões e atitudes individuais ou coletivas.

Me lembrei dessa recente passagem ao ler no Viomundo do Azenha o post que reproduzo abaixo sobre mais um exemplo do jornalismo (no mínimo tendencioso) praticado por uma concessionária de serviços públicos de comunicação, que em primeira instância deveria servir aos interesses do povo brasileiro. Acho que é isso o que reza a nossa constituição. Será?

Jornal da Band inventa "guerrilheiros torturadores"

Atualizado em 12 de janeiro de 2010 às 11:04 | Publicado em 11 de janeiro de 2010 às 21:27
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por Luiz Carlos Azenha (dica do leitor Marcelo Costa, de BH)


A TV Bandeirantes colocou uma "reportagem" inacreditável no ar. Assinada pelo repórter Sandro Barboza, de São Paulo, ela é mentirosa do início ao fim. Nunca vi algo assim, em quase 40 anos de carreira.
Trata de um texto como se fosse lei aprovada, deturpa completamente o conteúdo e entrevista uma única pessoa. Nem o regime militar mentiu de forma tão descarada.

A "reportagem" começa com o seguinte texto, lido por Boris Casoy:

O novo decreto de Direitos Humanos do governo federal é criticado pela sociedade e até mesmo por ministros de estado. A lei estabelece censura [Mentira 1, não existe lei que estabeleça censura, o PNDH III não propõe nada parecido com isso] aos meios de comunicação, atenta contra o direito de propriedade [Mentira 2, não existe lei, o PNDH III não propõe nada parecido com isso] e ainda liberdade religiosa [Mentira 3, não existe lei, o PNDH não propõe nada parecido com isso]. Especialistas [Mentira, a emissora ouviu um único, advogado tributarista] consideram o projeto o primeiro passo para um regime ditatorial.

Narração do repórter:
A nova lei [Mentira 4, não é lei, é um Programa que não cria leis, que só podem ser criadas pelo Congresso] que o presidente Lula assinou sem ler [Mentira 5, Lula nunca disse que não leu] passou pelo crivo direto da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, virtual candidata do PT à presidência da República, dos ministro da Justiça Tarso Genro, da Comunicação Franklin Martins e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi [Mentira 6, o PNDH não "passou pelo crivo", mas foi assinado por todos os ministros do governo Lula].
É um emaranhado de artigos e parágrafos que muitas vezes ataca a Constituição [Mentira 7, não se trata de uma lei, que só o Congresso pode aprovar, mas de um Programa com metas e nenhuma delas ataca a Constituição].

Repórter aparece na tela:
O decreto provocou duras críticas da sociedade e uma reação dentro do próprio governo. Para os especialistas, se for aprovada da maneira como está a lei será o mais duro golpe contra a democracia desde o fim da ditadura militar [Mentira 8, trata-se da continuação de um programa de governo, que vem desde 1996, no primeiro governo FHC, as propostas do PNDH III são apenas isso, propostas, não são leis].

Narração:
Ives Gandra Martins é um dos mais conceituados juristas internacionais. Ele é autor de mais de 300 livros sobre Direito, sozinho ou com outros autores, com obras publicadas em 19 países. Ao analisar o novo decreto, ele ficou impressionado.
"É um dos documentos com as maiores sandices que eu tive oportunidade de ver nos meus 50 anos de advocacia e nos meus 49 anos de magistério de Direito".

Catedrático por 31 universidades no Brasil, na América do Sul e Europa, Ives analisou vários itens do novo decreto.
O projeto prevê que o proprietário rural que tiver uma fazenda invadida não poderá mais recorrer ao Judiciário.

"O que eles tão pretendendo é dar direito àquele que invadir qualquer terra fazer com que uma vez que for invadido o direito de propriedade deixa de ser do proprietário, passa a ser do invasor". [Mentira 9, não há nada nesse sentido no PNDH III - que, aliás, é um resumo de propostas, não propõe entregar terras a invasores ou coisa do gênero].

A lei quer evitar a divulgação de símbolos religiosos.
[Mentira 10, não se trata de lei, nem o PNDH "busca evitar divulgação de símbolos religiosos", trata do uso de símbolos religiosos em instalações públicas, já que o estado brasileiro é laico e os símbolos representam religiões específicas].

"Se não pode mais haver símbolos religiosos nós temos que mudar o nome da cidade de São Paulo e todas as cidades que tem nomes de santos não poderão mais ter". [Mentira 11, completo absurdo!!!]

Será criada uma comissão para controlar o conteúdo dos meios de comunicação. [Mentira 12, não existe comissão, nem o PNDH III cria nada desse gênero]

"No  momento em que se elimina a liberdade de imprensa nós estamos perante efetivamente o início de uma ditadura". [Mentira 13, não há nada disso no PNDH III]
Um novo imposto sobre grandes fortunas seria instituído. [Mentira 14, o PNDH III não institui nada, não tem poder legal, não cria leis]

"É um imposto que afasta investimentos porque aquele que formou um patrimônio depois é tributado em todas as operações e ainda vai ser tributado no seu patrimônio pessoal".

As prostitutas contariam com direitos trabalhistas e carteira assinada. [Mentira 15, o PNDH III não dá carteira de trabalho a ninguém, é um apanhado de ideias a serem ou não adotadas pela sociedade brasileira, dependem para isso de aprovação, uma a uma, no Congresso, através de leis]

"Isso não é profissão. Na prática o verdadeiro Direitos Humanos é tirar essas moças de onde elas estão e dar profissões dignas a elas".
Os responsáveis pela tortura durante a ditadura militar seriam julgados [Mentira 16, a comissão da Verdade será criada, se for, por um grupo de trabalho. O objetivo dela seria esclarecer a tortura e os desaparecimentos no regime militar. Ela seria criada por um projeto de lei que tem de passar pelo Congresso. Ninguém sabe ainda qual o poder e o alcance dessa comissão] Já os guerrilheiros que também torturaram ficariam livres de qualquer punição. [Mentiras 17 e 18, não existem guerrilheiros torturadores e se ele se refere a gente da esquerda que combateu o regime militar, quase todos já foram punidos].


"Torturador de esquerda é um santo. Torturador de direita é um demônio. É um decreto preparatório para um regime ditatorial" [Mentira 19, é completamente falso e absurdo].

Mentira 20: A Bandeirantes não explicou aos telespectadores que o PNDH III é continuação de outros dois, o PNDH I e PNDH II, ambos do governo de Fernando Henrique Cardoso; não explicou que os objetivos do PNDH III foram amplamente debatidos pela sociedade civil; não explicou que estamos falando de meras propostas, sinalizações, sugestões sem poder de lei, que qualquer lei no Brasil tem que ser aprovada no Congresso -- e que, portanto, o PNDH III é uma "carta de intenções" da sociedade brasileira em relação aos Direitos Humanos.
Fonte: Viomundo - Luiz Carlos Azenha 


Sugestão de uma Leitura Interessante: Curso Básico de Jornalismo Manipulativo - Luis Nassif

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