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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Feichas Martins: Os tucanos e a fábula do porco-espinho

SÃO PAULO [ ABN NEWS ] - Eu não gostaria jamais de presidir um partido como o PSDB, cheio de estrelas e todas elas com um ego digno de Narciso, o jovem da mitologia que não cansava de admirar-se no espelho d`água e que inspirou o filósofo canadense M. Mc Luhan a comparar a um narcótico essa vaidade, pecado capital.

Ainda sobre a decisão de Aécio Neves, que desistiu de concorrer com José Serra à indicação da candidatura tucana para as eleições presidenciais de 2010, e o rasga-seda de José Serra como reconhecimento ao gesto de renúncia (consciente e estratégica) do seu colega mineiro, aproveito uma estória que circula na Internet e que considero adequada para ilustrar o fato:

“Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.

Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. Por isso decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados; então precisavam fazer uma escolha:

Ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.

Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.

E assim sobreviveram...”

Em todos os partidos arde a fogueira das vaidades, mas lideranças claras e definidas monopolizam o controle e não permitem que haja dispersão de forças, o que não ocorre no PSDB, onde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manda, o senador Tasso Jereissati manda, os governadores Aécio Neves e José Serra mandam, o ex-governador Renato Azeredo manda, o líder no Senado, o carismático senador Artur Virgílio, também manda, etc...

Essa situação semelha-se à do antigo PDS, hoje integrado à sigla PP, depois do regime militar, que tinha mais caciques do que índios: Delfim Netto, Roberto Campos, Paulo Maluf, Francisco Dornelles, Ibrahim Abi-Ackel, Prisco Viana, Amaral Netto,E speridião Amin, etc. Era o partido dos ex-ministros e czares...

Mas há uma diferença fundamental entre o PSDB e o ex-PDS: O PSDB, com tantos caciques, disputa o poder, a presidência da República, cumprindo a missão de todo partido que não queira voltar a ser facção, ao contrário do PP, que se contentava em ser caudatário, quando ainda tinha os grandes nomes na legenda.

Pelo andar da carruagem, o PMDB, com muitos figurões, mas sem candidato, sem disputar o poder maior e se contentando em ser caudatário, vai aos poucos caminhando para seu enfraquecimento, como ocorreu com o PFL, hoje DEM.


[*] Feichas Martins, articulista colaborador da ABN NEWS - Agência Brasileira de Notícias, é Palestrante, Jornalista, Mestre em Ciência Política pela UnB, Professor Universitário, Especialista em Planejamento Político-Estratégico e Consultor Político-Eleitoral. É membro do Comitê de Ética e de Liberdade de Expressão da Federação Nacional da Imprensa [Fenai-Faibra] e da Associação Brasiliense de Imprensa [ABI-DF]

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