A expressão “bala de prata” foi criada para identificar, por metáfora, as denúncias de última hora que a imprensa costuma fazer contra políticos dos quais não gosta às vésperas de eleições, os quais, geralmente, costumam pertencer ao PT, com destaque para Lula. É uma expressão que será registrada nos livros de história.
Essa prática remonta a cerca de vinte anos. Desde então, dificilmente não é usada em qualquer eleição que interesse mais ao controle que a direita exercia e perdeu sobre o país há mais de sete anos. E, por fadiga de material, na eleição presidencial de 2010 essa arma dos conservadores está prejudicada. As razões e as evidências disso são o que este post pretende explicar.
Todos estão vendo, entre desconfiados e perplexos, que a mídia (tevês, rádios, jornais e portais de internet – as revistas da grande mídia ainda relutam em aderir à prática), a partir de meados de 2009, começou a dar notícias desfavoráveis aos tucanos e pefelistas*.
Até o Jornal Nacional passou a dar algumas dessas notícias. Sobretudo depois do desmoronamento do PFL (dito DEM, contra o qual a mídia aceitou usar a expressão “mensalão do DEM”, quando, para o PSDB, era “mensalão mineiro”).
Mas se você, leitor, pegar a Folha de São Paulo deste sábado, por exemplo, cairá de costas. Há vários textos criticando não só Kassab, mas também Serra (!?). A novidade, que raríssimas vezes ocorreu na última década, é a de que, agora, os colunistas do jornal também o criticam.
A explicação para tal mudança de atitude está num processo que começa a acontecer de forma mais visível e que a mídia tentou impedir que prosperasse, mas que, ao que parece, não conseguiu.
Dois são os fatores que provocaram esse surto de “isenção” midiática. Um deles foi a sorte – ou o azar, dependendo do ponto de vista. E o outro foi a revolução da internet, que permitiu que discursos políticos e denúncias que sempre foram sufocados pela mídia tivessem como se espalhar.
O azar foi de Serra e de Kassab. As chuvas trouxeram as provas de suas incompetências e mentalidades atrasadas tanto política quanto administrativamente, com seus slogans ultrapassados e obras faraônicas e ineficientes, no melhor estilo malufista, sempre tentando enganar a população confiando no apoio da mídia decorrente de serem de direita.
Ser de direita, há que ressaltar, foi o que levou essa mídia a cometer loucuras como a de o Estadão ajudar a fazer de São Paulo o que ela é hoje apoiando Maluf contra Luiza Erundina nos anos 1990, em eleição para prefeito da cidade.
A mídia ainda resistia a dar a “isenção” que o público exige mesmo com sucessivas pesquisas de opinião, feitas nos últimos sete anos, mostrando que, quanto mais os Marinho, os Frias, os Civita, os Mesquita e seus seguidores batiam em Lula, mais ele ganhava popularidade.
O recado eleitoral da população dado na eleição presidencial de 2006, quando esta população reelegeu Lula depois de a mídia chamá-lo de bandido por dois anos, foi ignorado. E continuou sendo ignorado quando os mais escolarizados passaram a apoiar Lula em maioria mesmo com a mídia batendo nele sem parar.
Durante 2009, mesmo com a pré-candidatura Dilma Rousseff crescendo e se consolidando paulatinamente, Globos, Folhas, Vejas, Estadões e subordinados continuaram usando todo tipo de golpe sujo contra a ministra e contra o presidente Lula, seu “padrinho político” – falsificaram ficha policial contra ela e acusaram o presidente de maníaco sexual, entre outros.
Pela primeira vez, portanto, ocorre uma inflexão nesse quadro. Notícia veiculada no fim da última quinta-feira de que o instituto Vox Populi detectou queda vertiginosa da intenção de voto em Serra no Rio e, talvez, informações privilegiadas sobre a pesquisa nacional fizeram com que a mídia, nos últimos dias, ficasse cada vez mais “isenta”.
O problema dessa mídia é que ela aposta sempre na burrice. Não quer aceitar a premissa de que a população está conseguindo enxergar o que ela faz. Acha que se atirar contra os dois lados por algum tempo, conseguirá forjar a “bala de prata” com que pretende fulminar Dilma pouco antes da eleição presidencial deste ano.
*Como vocês sabem, para mim pefelista sempre será pefelista, pois “democratas” eles nunca foram e jamais serão.
Blog: Cidadania.com
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