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sábado, 4 de setembro de 2010

Maria Frô diz: Sinais de novos tempos: JBonline passa uma carraspana em ‘jornalista’ e O Globo

Estamos vivendo tempos incríveis mesmo.

Incríveis em relação a nossa situação econômica, política e em termos de poderosas mudanças na sociedade brasileira. Elegemos e releegemos um ex-operário à Presidência da República que em seus dois mandatos é o presidente com maior aprovação na história republicana e com prestígio internacional. Tudo indica que quem o sucederá no cargo será uma mulher. De novo quebraremos um tabu numa sociedade onde a presença feminina na política é mínima.

Nossa economia cresce com inclusão social, o brasileiro se sente mais orgulhoso de ser brasileiro, temos médicos filhos de trabalhadores braçais se formando, a internet, a blogosfera ganha importância na contra-informação de uma mídia velha e preguiçosa para fazer bom jornalismo, jornalismo investigativo e como resposta à sua preguiça  perde a cada dia mais credibilidade e leitores.

Hoje o JB, primeiro jornal no Brasil a se tornar totalmente online informa que  o seu portal dobrou o número de leitores: saltou de 340 mil para 650 mil.

Os blogs não atrelados aos grandes portais sejam de jornalistas ou de blogueiros com outra formação prestam serviço de utilidade pública. Dia desses coloquei aqui no Maria Frô um post  fazendo um convite para o lançamento de um livro sobre Miastemia gravis, escrito pela minha ex-editora, portadora da doença. Vários leitores de diferentes partes do Brasil escreveram (nos comentários do post ou via e-mail) buscando informações para adquirir o livro.

Nos posts sobre os problemas da cidade de São Paulo, recebo inúmeros outros relatos de paulistas e paulistanos que vivem a mesma situação e querem pensar e agir juntos como forma de exigirmos das autoridades que façam o trabalho para o qual foram eleitas.

Experimentamos como nunca o sabor da liberdade de expressão, podemos expor nossos pontos de vistas, fazer perguntas, criticar, dialogar com as diferenças. Ontem Lula foi preciso em sua resposta ao trololó de Serra que pedia censura à rede. Lula sabe o valor de uma internet livre para a consolidação de uma verdadeira sociedade democrática no Brasil. Esperemos que implemente com rapidez um Plano Nacional de Banda Larga que torne de fato a rede acessível a todos os brasileiros.

Ontem também o primeiro jornal totalmente digital no Brasil respondeu à altura as maledicências  de um jornalismo velho e submisso que nasceu e se fortaleceu com a ditadura militar, acostumou-se ao monopólio da notícia e não sabe mais o que fazer quando seus articulistas são desmoralizados (quase que diariamente) pelo mau jornalismo que fazem.

Vale a pena ler como disse o @cadulessa o ‘petardo’ do Jornal do Brasil ao O Globo. Eu acho que é um míssil de verdades ditas de modo assertivo a quem perdeu uma grande chance de ficar calado. Acho também que esse saudável debate é resultado das mudanças que estamos vivendo: ninguém mais tem o monopólio da notícia.

Jornal do Brasil responde a Luiz Garcia, no JB Online
22:56 – 03/09/2010
DA REDAÇÃO – Em artigo intitulado ‘JB’, publicado na edição de 3.9.2010 de O Globo, o jornalista Luiz Garcia incorpora a cômica figura formulada pelo Embaixador Roberto Campos para caracterizar integrantes da pseudo-intelectualidade brasileira – o “arrognante”, personagem que mistura arrogância com ignorância.
A soberba recém-adquirida e a confortável superficialidade de Luiz Garcia são financiadas pelas benesses do oligopólio midiático a que serve.
Nos últimos dias, grandes jornalistas, como Miriam Leitão, analisaram profundamente a trajetória do Jornal do Brasil na TV Globo e no Globo. Outros, em vez de examinar a dinâmica tecnológica que fez o JB tornar-se o primeiro 100% digital do País, optaram por rememorar com nostalgia o JB dos anos 1950, 60 e 70.
Garcia, no entanto, em vez de analisar a evolução de técnicas e costumes, arroga-se ministrar lições de moral. O acidental professor de ética ensina: “o negócio do jornalismo tem uma característica rara e vital: é negócio, mas também é serviço público”. Como se essa característica não estivesse também presente em empresas de alimentação, remédios, hospitais, transportes, águas urbanas ou mesmo a padaria da esquina.
Que deve achar Luiz Garcia do (des)serviço público prestado à reconstrução democrática no país pela empresa a que fisiologicamente se ligou?
Talvez Garcia considere a mão que o alimenta, e a que agora Garcia retribui avassalado, o exemplo mais perfeito de ética jornalística e concorrencial. Ora, alguém com honestidade intelectual e mínimo conhecimento da história recente do País pode achar que a Globo ou O Globo são esses campeões da moral?
Os brasileiros não esquecem episódios desastrosos protagonizados pela empresa que sustenta Luiz Garcia. Nos anos 60 e 70, publicações como o Jornal do Brasil resistiram com altivez aos senhores da noite. Já O Globo cumpriu ordens obedientemente, às vezes com animação. Tornou-se o jornal preferido do governo autoritário.
O jornal de Luiz Garcia estampava em editorial no fatídico 1o. de abril de 1964, primeiro dia da implantação da Ditadura: “Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos“. Não surpreende se um Editorial como esse tenha sido escrito por Luiz Garcia.
Pretenso professor de moral, Luiz Garcia defende em seu artigo: “O jornal exerce o comércio de vender espaço para anunciantes, mas tem de fazê-lo segundo normas éticas”.
A etiqueta de Garcia o faz olhar para o lado quando seu jornal pratica o dumping e pressões quase criminosas contra anunciantes. Todo o mercado publicitário brasileiro sofre com a prática do monopólio. Por ele, impõem-se veículos “globais” a agências de publicidade e clientes. O Globo, ao exercer política de “exclusividade”, pratica níveis de descontos comerciais em que, caso o cliente anuncie em outro veículo, é ameaçado de retaliação.
As agências – e todos os outros veículos de comunicação no Brasil – são vitima dessa política, assim como dos incentivos dos veículos “globais”. São as bonificações de volume, os conhecidos “BVs”, com prêmios em dinheiro – recompensa por determinados patamares de faturamento que atinjam. Espécie de aliciamento a que, constrangidas, as agências se submetem.
E pensar que Garcia, ao menos no nível do discurso, se arvora homem de supostos princípios de esquerda a que cosmeticamente abraçou em anos não muito distantes.
É um erro achar que Luiz Garcia seja alheio à “ética” concorrencial do jornal que o paga. Garcia, bastante conhecido no meio jornalístico por seu adesismo, é remunerado por uma empresa campeã do capitalismo cartorial.
E aí Garcia tem razão: de fato, o leitor não é bobo.

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