Anúncio Superior

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Apherteid Paulista - Pode ser dura, mas é a realidade em pleno Século XXI

Gosto de acompanhar o Blog Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Ele é dono de uma sensibilidade e apuro narrativo que raramente vemos em alguns jovens pseudo-jornalistas.
Ele é sagaz e humorado, sem perder a inteligência nem muito menos a eloquência.
É o tipo de profissional que vale á pena acompanhar.
Daqueles que lhe fazem pensar, sentir, raciocinar e enxergar o outro lado de uma mesma realidade.

D Ruth Cardoso estudaria a soweitização dos nordestinos em SP

A antropóloga Ruth Cardoso, como se sabe, teve uma produção intelectual rala.

Clique aqui para ler.

Mas, mesmo assim, o melhor que produziu foi sobre os movimentos sociais em São Paulo.

Posso imaginar que se fosse viva e a Fundação Ford, com os generosos estipêndios da CIA, continuasse a financiar o CEBRAP, D Ruth estudaria a soweitização dos nordestinos em São Paulo.

Na modestíssima opinião deste blogueiro, a chuva cuspiu para fora a inépcia dos tucanos que há 16 anos colonizam São Paulo.

E na avalanche saiu para fora a situação calamitosa das Soweto em que vivem os nordestinos em São Paulo.

Os nordestinos foram expelidos para os extremos: para o extremo da Zona Leste – clique aqui para ler sobre a “Intentona Comunista que Graciliano Ramos organiza no Jardim Romano” -; para o extremo da Zona Sul, no Jardim Ângela; no extremo Oeste, na Favela do Saloá, em Pirituba; no Norte, na Parada de Taipas.

Para esses bairros em que colonista  (*) do PiG (**)  não ousa pisar.
(É mais fácil eles irem a uma favela do Rio do que às de São Paulo.)

Os trabalhadores nordestinos que moram nos Sowetos levam duas horas para ir e duas horas para voltar do serviço.

Não saem de seus pontos extremos.

Não vivem na cidade grande.

Não vão a um cinema, no fim de semana.

Não há uma praça em qualquer desses Sowetos.

Um centro de recreação e lazer.

Os nordestinos estão à margem.

Não criaram raiz.

Eles não pertencem à cidade.

Em Salvador, Belo Horizonte, Recife e Rio, a favela está na cara da classe média e da elite.

A favela entra pela janela do duplex da madame.

Em São Paulo, a obra de segregação e soweitização foi perfeita.

O Fasano do Rio fica embaixo do Pavão, Pavãzinho.

Aqui, os brancos, ricos e de olhos azuis podem ir ao Fasano 100 vezes e não ver uma Soweto da cidade em que vivem.

Só vai se dar conta de que o Nordeste está em São Paulo se o Rogério Fasano tiver permitido que um garçom nordestino se dirija aos clientes com aquele sotaque que a elite paulista odeia.

Nem os tucanos da família Botha teriam realizado engenharia social tão acurada.

O mais fascinante da pesquisa da D Ruth seria o isolamento político dos Sowetos.

Os nordestinos não transferem o título de eleitor para São Paulo.

Não votam em São Paulo nem em lugar nenhum.

Eles se tornam personagens do Giorgio Agamben, os muçulmanos (muselmann), os submersos.
Clique aqui para ler.

Os “submersos” de São Paulo, os soweitizados, só ameaçam os tucanos quando chegam ao PiG (**).

Quando quebram a hegemonia que os tucanos construíram no PiG (**).

Quando os “submersos” levam o PiG (**) a Soweto – só assim eles passam a existir para os tucanos.

De resto, o PiG(**) fará como o New York Times, que não cobriu a libertação de Auschwitz pelas tropas russas.

Mas, até D Ruth seria capaz de se sentir atraída por esse fenômeno antropológico.

Como os tucanos construíram Soweto e ninguém percebeu!

Fonte: Conversa Afiada

Nenhum comentário:

Postar um comentário