Anúncio Superior

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Velha Imprensa por Emir Sader

Ouvi hoje na emissora de rádio Bandnews FM no encerramento do programa feito pelo seu âncora Ricardo Boechat, a seguinte pérola:

"...O fato de denúncias de corrupção, de falcatruas impetradas por políticos nas várias esferas de governo não exercerem maiores consequencias na opinião dos eleitores não significa que eles não tomem conhecimento ou que façam vistas grossas para essas coisas. Os eleitores estão é cansados de saber que isso existe e já se conscientizaram que políticos em geral são todos abomináveis..."

Sinceramente achei isso muito original. Simplesmente atesta que este cidadão e seu veículo de comunicação estão engajados na candidatura do Zé há muito tempo. Mas como o Zé cai vertiginosamente nas pesquisas, demonstrando que irá tomar um enorme "chocolate" no dia 03 de Outubro, esses meios de comunicação (PIG) já começam a querer desconstruir a política como um todo por não se conformarem com a derrota fragorosa que se apresenta.

Fica mais simples desqualificar a todos para tentar explicar o inexplicável.

Está absolutamente difícil para essa turma entender que o Brasil mudou prá melhor e que as pessoas também estão despertando lentamente da letargia em que se encontravam.

Abaixo post do Emir Sader lido no Blog Democracia e Política da Maria Teresa:

“Entre as tantas denominações que a imprensa atual tem merecido – PIG, imprensa mercantil, monopolista, oligárquica, entre outras -, creio que aquela escolhida pelo Rodrigo Viana – velha imprensa – é a mais adequada.

Não porque o novo seja necessariamente bom e o velho, ruim. Mas, neste caso, velho remete a algo ultrapassado por modalidades muito mais amplas, democráticas, pluralistas. Velho remete ao Brasil velho, antigo, tradicional, aquele construído pelas mãos das elites, como o país mais desigual do mundo. Um país com um sistema político democrático, conforme os cânones do liberalismo, mas que mal podia disfarçar de ser uma imensa ditadura econômica, social e cultural, em que uma pequena elite usufruía e transmitia a seus descendentes, a maioria esmagadora dos bens existentes.

A concentração dos meios de comunicação nas mãos de algumas poucas famílias, que fazem uma gestão totalitária do seu uso, a favor das suas opções políticas e necessidades econômicas, é parte indispensável da concentração de riquezas no Brasil. A imprensa foi parte do poder oligárquico ao longo de toda a historia do país, fazendo e desfazendo presidentes, participando da preparação de golpes – como o de 1964 – e apoiando regimes e governos ditatoriais – como o regime militar – e de direita – como os governos de Collor, de Itamar e de FHC.

Definia as pautas de discussão no país, escondendo, por sua vez, os problemas estruturais do Brasil, a favor dos interesses dos seus anunciantes, situados entre a elite minoritária, que se enriqueceu sempre à sombra dos governos – da ditadura às privatizações de FHC, passando pelas maracutaias do Collor.

Uma imprensa em que o povo não tem lugar, o povo e seus problemas, suas opiniões. Por isso seus leitores são, cada vez mais, reduzidos ao estreito círculo da burguesia e da classe média alta das grandes cidades. Por isso foi perdendo poder de influência, chegando hoje ao ridículo de conseguir apenas 4% de rejeição do governo, atacado por ela todos os dias, nos jornais, rádios e televisões. Arma as campanhas mais gigantescas, mas não altera a opinião dos eleitores, alimenta uma direita raivosa, mas isolada do povo.

O quer dizer que não siga causando muitos danos ao país. O Brasil não será um país realmente democrático, sem uma profunda democratização das formas de construção da opinião pública, dando espaço e tempo para todas as vozes que hoje se pronunciam amplamente na direção oposta da orientação dessa velha imprensa.

Nestas eleições, essa velha imprensa é uma das grandes derrotadas. Fica mais claro do que nunca que se constituíram em partido e são derrotados amplamente. Abre-se espaço para consolidar e estender os espaços da nova imprensa, com suas múltiplas formas de manifestação. Renovar e dar outra consistência à TV Brasil e a toda a rede de rádios e TVs estatais e publicas. Fomentar todas as formas alternativas de mídia – internet, rádios comunitárias, jornais locais, grátis e pagos.

Que floresçam todas as vozes do Brasil, um país em claro processo de democratização social, que precisa estender essa democratização derrotando de forma clara a velha imprensa, expressão de um país oligárquico e ditatorial e abrindo caminho também para uma democracia cultural, que tem na mídia uma de suas principais manifestações.”

FONTE: Democracia e Política

Nenhum comentário:

Postar um comentário